No fundo da pirâmide da mais recente série de smartphones da Google está o Pixel 9. Um smartphone que chega ao mercado português com preços a partir de 919 €, com uma mudança de design notável face à anterior geração.
É um smartphone mais compacto face aos tubarões XL, Ultra ou Max e foca-se em trazer o básico a quem quer um topo de gama de entrada. Será que consegue? Testei o Google Pixel 9 nas últimas duas semanas e neste artigo conto-te o que achei.
Unboxing
Tal como o seu irmão Pixel 9 Pro XL, o unboxing do Pixel 9 é bastante simples. A caixa faz sobressair este equipamento, que no caso da nossa unidade de teste é a versão em rosa. Quanto a mim, uma aposta certeira da Google nesta cor.
No interior, mal abrimos a caixa damos de caras com a (belíssima) traseira do smartphone. E no seu interior encontramos um cabo de carregamento USB-C para USB-C, ferramenta para ejeção de cartões SIM e os habituais manuais de utilizador.
Design e construção
A mudança de design do novo Pixel 9 face ao Pixel 8 é notória. A marca abandona a moldura curvada para um design mais retilíneo, ao estilo do iPhone. Na traseira, a ilha das câmaras deixa de se prolongar até às laterais para se ficar por um formato oval. Se nas versões Pro temos vidro escovado na traseira e alumínio mais polido na moldura, no Pixel 9 acontece o contrário. O vidro da traseira é mais brilhante e logo mais perecível a dedadas. O alumínio da lateral é escovado e logo nada perecível às temíveis dedadas.
O formato oval das câmaras traseiras continua a fazer deste um smartphone facilmente reconhecível à distância e isso só pode ser considerado um elogio. A Google enviou-nos uma capa oficial preta com a unidade de teste e podes ver abaixo como fica bem no smartphone e é de boa qualidade.
Com isto dito, o Pixel 9 é um smartphone bem construído, com um aspeto bastante premium. Quem prefere uma moldura mais curvada não o achará tão confortável de pegar como o antecessor. É algo que não me incomodou durante a sua utilização e neste campo está completamente aprovado. À semelhança das versões Pro, o Pixel 9 também tem agora um sensor de impressões digitais ultrassónico. Para quem, como eu, usa maioritariamente este tipo de desbloqueio, é um avanço em velocidade.
Ecrã
A nível de ecrã há motivos para sorrir no Pixel 9. O ecrã plano passa de 2000 para 2700 nits nesta geração, que é uma ótima melhoria. Isto faz com o que equipamento seja bem mais agradável de usar na rua, com bastante luz solar. O painel passou de 6,2 para 6,3 polegadas, pelo que é ligeiramente maior nesta geração.
O que se mantém é a taxa de atualização variável entre os 60 e os 120 Hz, que saudamos. A Apple devia tirar umas notas para os seus modelos base na taxa de atualização com marcas como a Google. Seja qual for a tarefa que queiras realizar com este ecrã, é um painel bastante fluido, com brilho mais que suficiente para ver ao sol e com cores precisas. O ecrã é a cara do smartphone e a cara do Pixel 9 é muito laroca.
Áudio
O Pixel 9 também faz um ótimo trabalho no que ao áudio diz respeito. O equipamento dispõe de altifalantes estéreo, com o de baixo visivelmente localizado na moldura inferior e o superior na zona que também serve de recetor para as chamadas. O resultado é um áudio bastante detalhado, tendo em conta o tamanho do aparelho.
Seja para ouvires a tua música favorita ou para veres uma série ou jogar alguns jogos, vais ficar bastante satisfeito com o que este aparelho proporciona. Dentro do seu segmento de preço, podemos dizer que o Pixel 9 está sem dúvida ao nível dos melhores neste campo.
Desempenho
O desempenho do Pixel 9 é, em boa verdade, semelhante ao que experimentei no Pixel 9 Pro XL. Temos aqui o mesmo (e novo) processador Tensor G4 da Google, neste modelo com 12 GB de RAM. Também aqui a marca se fica por 128 GB de armazenamento, mas como é o modelo base acaba por se entender.
O paradigma deste Pixel 9 é o mesmo do seu irmão Pro: é bom em qualquer tarefa do dia a dia que lhe possas atirar para cima. Desde as tarefas mais básicas, até às mais difíceis como multitasking ou jogar, não senti quaisquer dificuldades durante os testes. No entanto, é bom teres em conta que existem outros equipamentos nesta faixa de preço equipados com o mais potente Snapdragon 8 Gen 3. Por isso, se desempenho puro e duro for apenas a tua preocupação, podes procurar outros caminhos.
A verdade é que embora se note que não tem o mesmo desempenho de ponta do referido Snapdragon, não notei que isso fosse limitador em qualquer tarefa diária. O diferencial deste Tensor G4, embora menos poderoso em números, é a sinergia que tem com o software da Google. Abaixo deixo-te a pontuação do Pixel 9 no Geekbench 6.
Interface (e Inteligência Artificial)
Neste segmento há muitas coisas que se assemelham à experiência que tive com o modelo mais caro que também testámos. Por isso, se leste essa análise é normal que encontres pontos de convergência na interface na Inteligência Artificial (IA). Este modelo foi lançado antes da chegada oficial do Android 15, por isso a Google lançou o smartphone ainda com o Android 14.
Tal como na anterior geração, a Google promete sete anos de atualizações de software para os equipamentos. Parece óbvio que o Android 15 já contará como a primeira dessas atualizações. Quanto à experiência, é a simplicidade a que a Google nos tem habituado neste Android em estado puro.
Temos aqui temos um Android 14 já bem maduro, o que ajuda a que tenham sido dias de teste sem grandes erros e onde a fluidez do software foi prato forte. E embora haja simplicidade, o utilizador pode personalizar a interface ao nível das cores, mas também de como pretende que sejam os ícones em cor e em formato.
Neste ou noutro Pixel não encontras bloatware, vindo apenas pré-instaladas as aplicações da Google que precisas para começar a usar as potencialidades do equipamento. Há duas novidades que destacamos, que é a nova app do Tempo, com bastante informação e widgets personalizáveis. E também a app do Gemini (que é a alternativa da Google ao ChatGPT).
Uma das novidades, no campo da IA, é o Gemini Live. Este permite que basicamente tenhas conversas fluidas com a IA, tal como já viste em vários filmes sucessos de bilheteira. Por enquanto apenas é suportado em inglês e ainda não há planos para disponibilidade em português.
O Pixel Studio e o Pixel Screenshots são também duas novidades desta geração. No primeiro o utilizador pode criar imagens de raiz, enquanto que na segunda app o utilizador pode gerir as suas capturas de ecrã de forma mais inteligente. Mas, à data de escrita, também ainda não estão disponíveis em Portugal.
De referir que todas as funcionalidades de IA que já encontravas nos modelos anteriores também estão disponíveis aqui, como o Circundar para pesquisar. Este permite-te fazer uma pesquisa bem mais personalizada e é das funcionalidades mais úteis de IA que podes usar.
Também por aqui encontras o Editor Mágico ou outras funcionalidades como o melhorador de imagens ou vídeos com o zoom, o aparador mágico ou o melhor take. A grande novidade de IA está na app da câmara e chama-se “Adiciona-me”. Esta é provavelmente a minha funcionalidade de IA favorita já lançada pela Google, como já referi na review ao modelo mais avançado desta série.
Basicamente permite que ninguém fique de fora nas tuas fotos de grupo. Uma pessoa tira a foto de grupo, deixando espaço para o fotógrafo. Depois vai outra pessoa assumir o lugar do primeiro fotógrafo que se posiciona onde é suposto e tira uma segunda foto e voilá: a foto de grupo onde ninguém falta.
É uma funcionalidade que também permite, por exemplo, que te coloques em duplicado numa mesma fotografia. Só precisas que alguém tire as duas fotografias por ti. É bom ver que a Google colocou esta funcionalidade no modelo base e não apenas na versão Pro.
Câmaras
A grande diferença no segmento de câmaras do Pixel 9 face ao Pixel 9 Pro XL é a ausência de uma lente telefoto. Essa é uma funcionalidade que a Google, tal como alguns dos seus concorrentes, prefere guardar para os modelos Pro. Mas não se perdia nada em ter uma lente telefoto neste modelo, ainda que mais modesta, como acontece num Galaxy S24 ou Xiaomi 14.
A boa notícia é que temos aqui a mesma câmara principal de 50 MP das versões Pro e também a nova ultra angular de 48 MP que encontras nesses modelos. O resultado, como se poderia esperar, é de ótima qualidade para esta faixa de preço. O smartphone tira boas fotografias, seja durante o dia ou em condições luminosidade mais desafiante durante a noite. Seja a fotografar edifícios, natureza, objetos ou pessoas, o Pixel 9 revelou-se bastante competente.
Quanto a zoom, temos aqui possibilidade de aproximares até duas vezes com a câmara principal (inclusive no modo retrato) e ainda conseguir boa qualidade. O zoom máximo, digital fica-se pelas 8 vezes. Temos aqui a câmara frontal de 10.5 MP (ou seja, não é a mesma da versão Pro), mas que também tira bons registos. Seja a selfie ocasional para as redes sociais ou usar o equipamento para videochamadas, existe qualidade.
É possível gravar vídeo com o smartphone até 4K até 60 fps com todas as câmaras. Os vídeos captados com o smartphone destacam-se pela sua estabilização, com cores saturadas e bom nível de detalhe. Não temos aqui os melhores vídeos do segmento, mas dentro do cenário Android apresenta-se como um dos melhores.
Bateria e carregamento
Se tivermos em conta o seu tamanho, a bateria do Pixel 9 tem de ser considerada um dos seus pontos fortes. São 4700 mAh de capacidade que superam o antecessor e os principais concorrentes. Pela minha utilização, é um dispositivo que chega sem problemas para um dia de utilização completa sem problemas.
O carregamento do Pixel 9 é feito a um máximo de 27 W (abaixo dos 37 W do Pro XL) e está longe ser dos mais rápidos da indústria. A marca promete 55% de autonomia em cerca de 35 minutos de carga com um carregador que consiga atingir essas velocidades. Pelos meus testes, uma carga completa demora entre 1h20 e uma 1h30. São números bem longe dos cerca de 35 minutos do Xiaomi 14 para uma carga completa. Temos carregamento sem fios 12 W num carregador universal ou 15 W numa Pixel Stand.
Conclusão: melhor onde mais importa
O Pixel 9 está melhor em áreas importantes. O ecrã tem agora um brilho superior e tornou-se bem melhor para visualizar conteúdo no exterior. A capacidade da bateria também foi aumentada, o que se consubstancia em autonomia para um dia de utilização sem problemas.
As câmaras são de boa qualidade nos vários cenários, embora continue a registar-se a ausência de lente telefoto neste modelo. Também neste campo, e associado à IA, o modo “Adiciona-me” impressiona como a grande novidade na app das câmaras para este ano. O smartphone é adornado com um design premium e boa qualidade de construção nesta nova fase estética da Google. Além disso, a marca continua a prometer sete anos de atualizações, embora o aparelho ainda chegue de fábrica com o Android 14.
Pelo segundo ano consecutivo, é de registar um novo aumento no preço do smartphone que sobe 90 € em Portugal face ao preço inicial do Pixel 8. De notar que o carregamento também poderia ser mais rápido (quase uma hora e meia para carregar na totalidade) e existem várias funções de IA ainda não disponíveis em Portugal ou português.
Dito isto, continua a ser um smartphone sólido, ainda que talvez com um preço que gostaríamos que fosse mais apelativo. Para quem quer a experiência de Android puro com a IA mais avançada à mistura, este modelo é uma boa opção se queres gastar menos de 1000 €.
Google Pixel 9
Processador: Tensor G4
Bateria: 4700 mAh, 27 W
Ecrã: 6,3 polegadas, 120 Hz, 2700 nits
