A Mobile World Congress 2025 foi palco de grandes lançamentos e comunicações estratégias de algumas das principais marcas tecnológicas. A esse propósito, estivemos à conversa com Francisco Jerónimo, vice presidente da Data & Analytics da IDC.
Começamos por falar do evento da Honor, que se focou bem mais no ecossistema da marca e no seu investimento de 10 mil milhões de dólares. Obviamente que a Inteligência Artificial foi o grande destaque, com a evolução para os ‘agentes de IA’ a ser elogiada.

"Telefone pode aprender sobre as várias aplicações" é a grande vantagem da IA com agentes
“Essa é que é a grande vantagem de toda esta IA com agentes. É o telefone poder aprender sobre as várias aplicações. E no momento em que aprende sobre os hábitos do utilizador, consegue ajudar-nos no dia a dia”, refere.
Vamos imaginar que o utilizador sai habitualmente às 8h de casa e tem uma reunião amanhã às 9h. Com este tipo de aprendizagem com IA, ao invés de o alarme tocar às 7h como programado, a IA consegue analisar o calendário e adiantar o alarme para as 6h30, caso seja detetado que no percurso habitual existem obras ou um acidente.
“É esse tipo de funcionalidades que vão fazer com que o telefone se torne inteligente. E é essa inteligência que vai fazer a diferença nos próximos anos, porque IA nos smartphones não tem sido mais que machine learning a fazer algumas coisas”, afirma.
"É fundamental que esta inteligência corra no telefone"
É claro, os dados têm de aparecer de algum lado. E segundo Francisco Jerónimo “é fundamental que esta inteligência corra no telefone. No momento em que essa informação tem que ir para a cloud, não sabemos com quem estamos a partilhar a informação. Se é feito no terminal já não há qualquer receio”.

Para Francisco Jerónimo, se a sua geração ainda tem receio na partilha de dados, essa problemática não se coloca tanto com os mais jovens, que já olham para esta inteligência do smartphone como algo coloquial. Quando o tema é partilha de dados, o vice-presidente da IDC não tem dúvidas sobre com quem prefere partilhar dados.
“Tenho mais medo da Google ou do Facebook do que tenho dos chineses. Porque essas empresas podem efetivamente vender os meus dados a uma empresa de seguros e a empresa de seguros vê que eu viajo muito e o meu risco de saúde se calhar é maior. É muito mais real o risco de venda de dados nas empresas americanas do que nas chinesas”, atesta.
Mais que os dados, Francisco Jerónimo acredita que o importante é a tecnologia. Porque “é só com os dados que vamos conseguir ter acesso a esse agente inteligente personalizado que para a mesma pergunta vai dar uma resposta diferente a ti em relação à minha”.