Uma nova pesquisa publicada na revista Nature sugere que a utilização de iPhones e Apple Watches pode auxiliar na monitorização da artrite reumatoide, através da coleta de dados de saúde como mobilidade, fadiga e destreza.
Para a análise, os investigadores envolvidos realizaram um estudo observacional de 14 dias para perceber se "as medidas digitais do estado de saúde captadas durante a vida quotidiana poderiam aumentar consideravelmente as atuais avaliações clínicas da artrite reumatoide".
Como o estudo foi realizado
Uma doença reumática inflamatória, a artrite reumatoide (AR) causa a inflamação de articulações, o que resulta em inchaço e dor. Segundo o estudo EpiReumaPt, da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), cerca de 70.000 portugueses são afetados pela doença.
A AR pode manifestar-se como uma poliartrite (quando atinge três ou mais articulações), bilateral (quando afeta articulações nos dois lados do corpo), simétrica (quando atinge as mesmas articulações dos dois lados do corpo), progressiva, destrutiva e deformante.
"Os pacientes com artrite reumatoide (AR) seguem cursos de doença subtis e imprevisíveis, de paciente para paciente, com um declínio progressivo na função física e na qualidade de vida e ao longo do tempo – muitas vezes levando à incapacidade e dificuldade para realizar muitas tarefas da vida diária. Os sintomas da AR incluem dor ou sensibilidade nas articulações, inchaço nas articulações, rigidez matinal, redução na amplitude de movimento articular (ADM), dor muscular e fadiga", detalhou a pesquisa.
O estudo teve o objetivo de "investigar como as tecnologias digitais de saúde (DHT), como smartphones e wearables, poderiam aumentar os resultados relatados pelo paciente (PRO) para determinar o status e a gravidade da AR". Para isso, comparou as medições de 30 pacientes com AR moderada a grave com os dados coletados de 30 pessoas saudáveis do grupo de Controlos Saudáveis (HC).
A partir dos dados recolhidos pelos sensores passivos do Apple Watch, os investigadores avaliaram o estado de saúde geral, mobilidade, destreza, fadiga, entre outras informações. Com base nisso, a equipe desenvolveu um algoritmo de aprendizagem automática capaz de distinguir o estado da artrite reumatoide de um paciente e estimar a gravidade dos sintomas.
Primeiro resultados são promissores
De acordo com os pesquisadores, nos últimos anos, as DHTs em wearables e as aplicações móveis têm se mostrado promissoras para medir objetivamente os sintomas dos participantes durante a vida diária. E os primeiros resultados dos testes feitos pelo estudo seguiram o mesmo caminho positivo.
"Os resultados diários dos sensores portáteis distinguiram de forma robusta os participantes com AR dos participantes com HC", destaca a pesquisa.
Além de conseguir diferenciar pacientes com artrite de pacientes saudáveis, esses dispositivos oferecem outra grande vantagem:
"Atualmente, os métodos para medir o impacto da AR na vida diária baseiam-se em visitas clínicas pouco frequentes que podem ocorrer a cada 3-4 meses, com avaliações que dependem de uma combinação de pontuações subjetivas determinadas pelo médico e resultados relatados pelo paciente. Contudo, estes têm limitações inerentes, na medida em que podem ser subjetivos e propensos a viés de memória. [...] Essas ferramentas de tecnologias digitais de saúde (DHT) demonstraram aumentar o envolvimento no estudo, melhorar a conveniência do paciente, agilizar a coleta de PROs e potencialmente gerar dados mais frequentes e precisos que podem caracterizar doenças", explicam os investigadores no documento.
Para os profissionais envolvidos no estudo, wearables como o Apple Watch podem vir a tornar-se grandes aliados dos médicos para alcançar melhores dados sobre os níveis de gravidade dos sintomas de artrite reumatoide auto-relatados. Tudo isso, claro, como um complemento, junto aos relatos dos pacientes e aos exames físicos dos médicos.