Se tens recebido mensagens estranhas no telemóvel de números que não conheces, com convites para reuniões, consultas ou encontros que claramente não são para ti, atenção: pode não ser só um erro inocente.
Enquanto em Portugal é comum vermos esquemas via SMS e chamadas com mensagens como “Temos um emprego para si”, nos EUA o FBI e várias forças policiais estão a emitir alertas sobre um novo esquema fraudulento que já está a circular entre utilizadores de Android e iOS. E, com o crescimento deste golpe, vale o alerta caso ele chegue a território português.
Do clássico “tem um pacote para levantar” ao novo “número errado”

Durante anos, os burlões usaram truques já bem conhecidos: SMS a dizer que deves um valor de portagem ou que tens uma encomenda pendente com pagamento em atraso. A ideia é simples: levar-te a clicar num link e pagar um valor simbólico, como 7 dólares, que serve de isco.
O problema é o que vem depois: ao pagares, podes acabar por fornecer acidentalmente credenciais de acesso a apps bancárias, dados pessoais ou até autorizar transações que nem sabes que fizeste. Só que agora o golpe evoluiu.
O FBI identificou um novo esquema em crescimento acelerado, atribuído a gangues chinesas, que tem como base mensagens de texto com aparência inofensiva.
“Ups, número errado”: o novo truque das gangues chinesas, segundo o FBI
De acordo com o alerta do FBI publicado pela Forbes, o novo esquema funciona assim: recebes um SMS aparentemente enviado por engano, com conteúdo que pode ser sobre uma reunião de trabalho, um jantar marcado ou uma ida à livraria. Nada de alarmante. Mas se responderes com um inocente “Desculpa, número errado”, o esquema entra em ação.
Segundo o Departamento de Polícia de Gretna, esse simples contacto abre a porta para uma conversa prolongada. O remetente tenta manter o diálogo, cria empatia e, com o tempo, propõe uma amizade ou até algo mais romântico.
Mas o objetivo real é ganhar a tua confiança, baixar a tua guarda e, eventualmente, convencer-te a embarcar em esquemas de investimento fraudulentos (com destaque para criptomoedas) ou outros tipos de burla. Tudo isto faz parte de uma estratégia bem conhecida no mundo da cibersegurança: a engenharia social.
Engenharia social: quando o ataque não é técnico, é psicológico
Ao contrário de ataques que exploram falhas de software, a engenharia social explora “falhas humanas”. É uma técnica onde os atacantes manipulam as vítimas para que estas, sem se aperceberem, forneçam informações confidenciais ou realizem ações comprometedoras.
Neste caso, a abordagem começa com o famoso “número errado”, mas é tudo menos um engano. Os burlões usam tecnologias avançadas para enviar mensagens em massa e iniciar estes contactos de forma deliberada.
A polícia alerta que o verdadeiro risco não é apenas responder, mas manter a conversa. À medida que trocas mensagens, podes acabar por partilhar dados pessoais, clicar em links perigosos ou expor logins de apps financeiras, tudo sem dares por isso.
Como proteger-te? Não respondas. Apaga.
O conselho dos especialistas é direto: se receberes uma mensagem dirigida a outra pessoa, ignora e apaga. Mesmo que pareça apenas um erro inocente, evita qualquer tipo de resposta. É precisamente isso que os atacantes querem — que acredites na casualidade e que inicies o diálogo. A partir daí, é uma questão de tempo até seres envolvido num esquema mais elaborado.
Em resumo: se o nome na mensagem não é o teu, também não é o teu problema. Apaga e segue caminho.
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