Este chat de IA é diferente de (literalmente) tudo o que já viste

Luís Guedes
Luís Guedes
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Quando falamos num chatbot de Inteligência Artificial (IA), pensamos no ChatGPT ou no Gemini, por exemplo. A questão é que há um chat de IA, no Paraguai, que é bastante diferente de tudo o que estamos habituados. Chama-se “Eva”.

Segundo a Rest of World, este chatbot de IA dá a conhecer a vida de uma mulher reclusa no Paraguai. A tecnologia foi criada por “El Surtidor”, um canal de notícias popular no país. “Eva” consegue responder a vários tipos de perguntas sobre o seu dia a dia.

“Eva” foi inspirada numa história real

O mais curioso acerca deste modelo de IA é que foi inspirado numa história real de uma mulher paraguaia que se encontra à espera de sentença. Por motivos de segurança, a sua identidade não foi nem será revelada. No país de origem, o chatbot já foi usado mais de 15.500 vezes.

“Gostei de fazer perguntas íntimas — coisas que nunca ousaria perguntar a ninguém pessoalmente, como por que ela está na prisão ou por que ela fez o que fez” - disse María Fretes, assistente social que experimentou falar com “Eva”.

Chatbot IA
Conversa com IA

Um dos grandes objetivos por detrás da criação de “Eva” passa por humanizar as mulheres que são presas no Paraguai. Como refere a mesma fonte de informação, estas são vistas pelos media locais como negligenciadas.

“Queríamos criar empatia entre o público e um segmento da população que é amplamente invisível e excluído da grande media” - explica Juliana Quintana, jornalista do El Surtidor. A própria confirma que foi um grande “desafio”.

Quintana conta ainda que visitou uma prisão em Assunção (capital do Paraguai), durante 3 meses. Foi lá que conheceu a inspiração para “Eva”. A entrevistada deu todos os detalhes acerca da sua rotina, desde onde dormia, ao que comia, à forma de passar o tempo.

O chatbot de IA expõe as mulheres como o “elo final” de cadeias de crime

Acerca das mulheres presas no Paraguai, estas representam cerca de 5% do total da população. No entanto, se olharmos apenas para as mulheres, é possível ver que perto de metade são presas por causa de droga.

No site de “Eva”, é dito que estas “são o elo final na cadeia do tráfico de drogas”. Em conversa com o Rest of World, especialistas em direitos humanos disseram que, face à pobreza extrema em várias zonas do país, algumas mulheres são obrigadas a transportar droga.

O chatbot vem com 54 perguntas definidas previamente. Sobre “Eva”, a advogada paraguaia Maricarmen Sequera diz que esta, ao contrário de muitos modelos de IA, não é pensada “para servir grandes corporações ou o Estado”.

Antes pelo contrário, acredita que serve para “espalhar conhecimento”.

Luís Guedes
Luís Guedes
É apaixonado pela escrita. Desde tecnologia, a entretenimento, passando sempre pela música e pelos livros, o Luís é fascinado por tornar o complexo em simples e o simples em ainda mais simples.