No meio a tantas notícias preocupantes sobre as consequências das alterações climáticas pelo mundo, um novo dado aponta algo animador: no ano passado, pela primeira vez, as energias renováveis representaram mais de 30% da eletricidade mundial.
A informação foi averiguada numa nova pesquisa da Ember, empresa que gera insights a partir de dados direcionados para promover políticas em prol de um futuro energético limpo. De acordo com a organização, o novo cenário deve-se a um rápido aumento da energia eólica e solar.
“O futuro das energias renováveis chegou"
Segundo o que apurou o novo relatório sobre o sistema energético global, mesmo com a procura por eletricidade a continuar a crescer no planeta, podemos estar à beira da redução da produção de combustíveis fósseis. Isso porque a utilização de energias renováveis passou de 19% em 2019 para mais de 30% da eletricidade mundial no ano passado.
Esta primeira revisão abrangente dos dados globais de eletricidade reuniu dados de 80 países que representam 92% da procura mundial de eletricidade, e números históricos de 215 países. De acordo com a Ember, eletricidade limpa já contribuiu para abrandar o crescimento dos combustíveis fósseis em quase dois terços nos últimos 10 anos e a expetativa é que este aumento recente impulsione uma redução de 2% na geração global de combustíveis fósseis no próximo ano.
“O futuro das energias renováveis chegou. A energia solar, em particular, está a acelerar mais rápido do que se pensava ser possível”, disse Dave Jones, diretor de insights globais da Ember.
Conforme apontado por Jones, a energia solar foi a fonte de eletricidade que mais cresceu pelo 19º ano consecutivo e já supera a energia eólica como maior fonte de nova eletricidade pelo segundo ano consecutivo.
Está a melhorar, mas o caminho a percorrer é urgente
Apesar do crescimento positivo de energia limpa, os combustíveis fósseis - petróleo, gás e carvão - ainda representam 70% da energia primária mundial, com grande força nos mercados de transportes, aquecimento e indústria pesada.
Em dezembro, na conferência Cop28 sobre alterações climáticas da ONU, líderes mundiais firmaram o acordo para ampliar a geração de energia renovável para 60% da eletricidade mundial até 2030, percentagem necessária para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Isso vai exigir que os países tripliquem a sua atual capacidade de eletricidade renovável nos próximos 6 anos.
“O declínio das emissões do sector energético é agora inevitável. 2023 foi provavelmente o ponto crucial – pico de emissões no setor energético – um importante ponto de viragem na história da energia. Mas o ritmo da queda das emissões depende da rapidez com que a revolução das energias renováveis continua”, alertou Jones.