Crianças nas redes sociais com conta, peso e medida

Mónica Marques
Mónica Marques
Tempo de leitura: 4 min.

YouTube, TikTok e Facebook. São apenas três das redes sociais que as crianças conhecem cedo, assim como se apaixonam à primeira utilização. Este amor à primeira vista traz um novo nível de preocupações aos pais e educadores.

O mundo digital pode ser perigoso para os mais novos, mas se a tecnologia e redes sociais forem usadas com conta, peso e medida, miúdos e graúdos podem mergulhar nas plataformas online. Neste artigo, mostramos os perigos de um uso excessivo das redes sociais para os mais novos, mas deixamos também dicas para uma utilização saudável e mais segura.

Riscos das redes sociais para o desenvolvimento social das crianças

criança com smartphone
As crianças entre os dois e cinco anos devem ter um tempo de ecrã limitado Crédito@PatriciaPrudente/Unsplash

A maturidade emocional e o desenvolvimento social de uma criança acontecem através do relacionamento dos mais novos com as mais variadas pessoas e quando os pequenos estão inseridos num determinado ambiente sociocultural.

Ora ainda que as redes sociais tenham um nome relacionado com a socialização e suponham a integração numa comunidade, estas não são as ferramentas adequadas para ajudar as crianças a desenvolverem as suas competências sociais e/ou maturidade social.

E a razão é simples. Para ser ativo numa rede social, a criança não precisa de ter competências comunicacionais. Tudo porque a dinâmica da rede social baseia-se em fazer uma publicação e os amigos responderem com um ícone ou um comentário.

Na prática, não há propriamente um diálogo, nem existe um contacto visual com as pessoas que comentam essa publicação. Por essa razão, a criança perde todas as mensagens incluídas na linguagem corporal.

Mais: podem perder a perceção e compreensão de si próprias, assim como não são capazes de desenvolver capacidades para comunicações diretas. Por outras palavras, não sabem encetar um diálogo e muito menos dar continuidade a uma conversa ao vivo e em tempo real.

Mas há consequências ainda mais graves. Um uso excessivo das redes sociais e sem controlo parental pode traduzir-se na formação de uma criança que não percebe o que sente, não sabe percecionar quem são os seus verdadeiros amigos e, em última análise, uma criança que não sente empatia suficiente pelos seus semelhantes.

Dicas para uma utilização saudável da tecnologia e redes sociais

Com apenas algumas regras, a utilização de tecnologia e o uso de redes sociais podem não ter consequências nocivas nos mais novos e poupam os pais e educadores a debates infindáveis sobre a questão: “mas porque é que eu não posso ter uma conta no TikTok?”.

Em primeiro lugar, é preciso explicar uma regra de ouro à criança: uma vez publicado na Internet, para sempre registado na Internet. Uma vez esta regra compreendida, será mais fácil que o mais pequeno perceba e cumpra outras formas de proteção.

Outra regra de ouro é que a criança nunca publique em qualquer rede ou plataforma digital, o seu nome completo, morada, data de nascimento ou até mesmo o nome da escola que frequenta. Estes são dados pessoais que devem ser salvaguardados e que podem evitar abordagens perigosas aos mais novos, inclusivamente em locais físicos.

Um truque simples para um controlo parental mais presente é a colocação do computador da criança num local mais público da casa. O mesmo vale para a utilização do smartphone. Nada de usar os equipamentos na privacidade do quarto, mas antes na sala, onde qualquer adulto presente pode ir verificando os conteúdos que o mais novo está a ver.

De acordo com vários especialistas pediátricos internacionais, até aos dois anos de idade as crianças não devem ser expostas a ecrãs eletrónicos. Já as crianças na faixa etária compreendida entre os dois e cinco anos, devem ter um tempo de ecrã limitado a uma hora por dia e com a presença e orientação dos pais.

Outras regras para jovens adolescentes

Quando entram na adolescência e com uma compreensão já num patamar acima, as regras terão de ser ajustadas.

Por exemplo, em família discutam o uso e tempo dedicado à tecnologia e redes sociais. Ao envolver o jovem nas decisões, este sente-se motivado a cumprir o acordo e sente que o seu lado é ouvido.

Os pais, em conjunto com o jovem adolescente, podem estabelecer áreas da casa, onde não é permitido o uso de tecnologia. Esta regra aplica-se aos mais novos, mas também aos adultos. O mesmo pode ficar estabelecido para as refeições.

Por último, organizem atividades em família, nas quais não é possível recorrer ao uso de tecnologia. Jogos de tabuleiro são outra vez uma tendência, um filme ou série que seja adequado a uma ampla faixa etária ou mesmo passeios ao ar livre são boas alternativas a uma vida mais digital e sedentária. Tanto para as crianças, como para os adultos.

Para mais sugestões, consulta o site da Unicef que disponibiliza um leque amplo de informação sobre os perigos da Internet e dicas para uma utilização mais segura de qualquer plataforma online.

Mónica Marques
Mónica Marques
Ao longo de mais de 20 anos de carreira na área da comunicação assistiu à chegada do 3G e outros eventos igualmente inovadores no mundo hi-tech. Em 2020 juntou-se à equipa do 4gnews. monicamarques@4gnews.pt