Como os tentáculos do choco e os origamis podem inspirar uma nova garra robótica?

Pedro Alves
Pedro Alves
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O desenvolvimento de dispositivos robóticos inspirados na fisionomia e em movimentos específicos de animais está longe de ser novidade. De aranhas a peixes, de pássaros a salamandras, ou de escorpiões a alforrecas, são inúmeros os projetos inspirados em fisionomias e movimentos específicos de animais para recriar robots.

Da Universidade Jiao Tong de Xangai, na China, chega-nos uma garra robótica inspirada nos tentáculos de um choco e na cultura dos origamis.

Garra robótica inspirada em tentáculos de choco e na arte dos Origamis
A nova garra robótica adapta-se a objetos com diferentes espessuras, superfícies e dimensões.
Crédito: Cyborg and Bionic Systems

Três dedos e uma “pele híbrida”

A nova garra robótica é inspirada nos tentáculos dos chocos e no facto de possuírem diferentes dimensões. Dos 10 tentáculos que estes cefalópodes possuem, quatro pares têm normalmente a mesma dimensão, mas um dos pares é menor.

Esses dois tentáculos mais pequenos esticam e contraem, consoante a necessidades dos chocos para capturar as suas presas com maior facilidade.

Este robô projetado na Universidade Jiao Tong está exatamente baseado em três garras com características de expansão e contração, de forma a que possa agarrar e manipular uma ampla variedade de objetos.

Para o efeito é usado um sistema pneumático, acionado por cabos para controlar as “garras”, independentemente da rigidez e do seu comprimento.

O princípio de funcionamento das garras simula os tentáculos de um Choco
O princípio de funcionamento simula os tentáculos extensíveis de um choco, para se adaptar a diferentes objetos.
Crédito: Cyborg and Bionic Systems

De acordo com um artigo da Cyborg Bionic Systems citado pela Popular Science, outra das inovações desta garra robótica está nos materiais usados para a sua construção.

Ao contrário de robôs semelhantes feitos com silicone moldado, esta proposta usa tecido revestido com Uretano Termoplástico (TPU, ou Thermoplastic Polyurethane), em conjunto com folhas de metal muito finas.

Desta forma foi possível criar uma estrutura híbrida, suave e rígida consoante a necessidade, que dobra como um origami, expande, contrai e vinca, de acordo com o objeto a agarrar.

Da medicina ao fabrico de componentes

Mais do que um gadget bizarro, esta criação poderá ter inúmeras utilizações que requeiram motricidade fina e dita normal, alternadas, aplicáveis em ambientes fabris ou na medicina, por exemplo.

De acordo com a Popular Science, nos testes realizados a “garra” pegou, segurou e manobrou com sucesso objetos com diferentes tamanhos, formas e pesos. Alguns exemplos passam por um tecido com 0,1 mm, uma maçã ou uma bola de futebol.

Onde poderá então ser usada esta garra? Em interações com objetos que requeiram elevada precisão, como fabrico de componentes, de ferramentas e objetos de construção, bem como para cenários de cirurgias.

Falta agora saber mais pormenores sobre a disponibilidade desta garra robótica, algo que, para já, não foi divulgado.

Pedro Alves
Pedro Alves
À paixão da escrita juntou a da Tecnologia e fez disso profissão durante duas décadas.