Em 1994, a IBM lançou um telemóvel conhecido como Simon, em parceria com a operadora BellSouth. Na época, o seu desempenho lento e alguns outros problemas acabaram por fazer com que o dispositivo não chamasse tanta atenção. O que foi percebido atualmente, entretanto, é que o Simon foi o precursor de algo sem o qual já não vivemos hoje: o smartphone.
O Simon tinha potencial para revolucionar os telemóveis
O telemóvel Simon fez história na década de 1990 por trazer recursos de um computador de mão, conforme relembrou a página Fast Company. Além de contar com uma pequena interface touchscreen, o modelo criado por Frank Canova permitia aceder ao e-mail, bem como enviá-los. Ainda tinha um recurso para enviar faxes (alguém lembra-se do fax?), gerir o teu calendário e fazer anotações.
O Simon chegou às lojas em agosto de 1994. Na época, transformar um telemóvel num dispositivo de computação em rede era extremamente ambicioso. O Simon precisava enviar e-mails por uma rede 1G, por exemplo. Os serviços de e-mail ainda não eram projetados com comunicações sem fio em mente, mas a empresa até criou uma forma primordial de digitação preditiva para ajudar a facilitar a entrada de texto.
Não havia processadores e armazenamento de classe PC, várias câmaras, GPS e vários recursos que, hoje, julgamos como "básicos" num smartphone. Lançar um dispositivo como o Simon sem todas essas tecnologias à sua disposição é um mérito que hoje podemos reconhecer da IBM e da BellSouth. Mas também foram essas limitações que acabaram por levar ao fim deste telemóvel.
Em fevereiro de 1995, após a venda de 50 mil Simons, o modelo foi descontinuado. Achaste pouco? A reação pode ser natural, visto que a Apple, por exemplo, vendeu essa quantidade de iPhones a cada 2h em 2023, segundo dados da empresa de análise de mercado global IDC. Mas há outros fatores a serem considerados, como um potencial de importação bem menor ou mesmo a natureza de ponta do dispositivo de US$ 899.
O fim do Simon abriu caminho para outras marcas e modelos
Numa análise hoje, é possível percebermos que teriam sido necessárias várias gerações do Simon para o telemóvel chegar a um sucesso mundial. Com a descontinuação do modelo, entretanto, outras marcas continuaram a investir neste mercado.
A Palm, por exemplo, fez sucesso com o seu assistente digital pessoal PalmPilot, de bolso, acessível e extremamente eficiente na organização de tarefas e até mesmo na sincronização de compromissos e contactos com um PC. A BlackBerry também traçou o seu caminho com um gadget estilo pager com um teclado QWERTY que era surpreendentemente utilizável dado o seu tamanho diminuto.
Tanto os smartphones Android quanto os iPhones até hoje trazem marcas do "DNA" do PalmPilot e do BlackBerry. Infelizmente, o Simon não deixou uma grande marca, apesar de ter figurado possivelmente como primeiro smartphone. Mas, com certeza, o telemóvel da IBM foi um dos muitos exemplos de tecnologias que fizeram história em 1994.
"1994 foi assim. Em várias frentes, a tecnologia pessoal estava a evoluir muito rapidamente. Às vezes, a recompensa era óbvia e imediata; noutros casos, levaria anos ou mesmo décadas para acontecer. E em casos ainda adicionais, desenvolvimentos que pareciam históricos não levaram a lugar nenhum", afirmou Harry McCraken, do Fast Company.
Na sua análise, McCraken relembrou outras importantes tecnologias que surgiram naquele ano, como o código QR, o anúncio em banner da web e os cookies do navegador. Jeff Bezos também fundou uma empresa chamada Cadabra em 1994, que ele rebatizou de Amazon pouco depois.