A utilização de Inteligência Artificial (IA) em cirurgias cerebrais deverá ser possível dentro de dois anos, com a tecnologia a tornar o procedimento mais seguro. A informação foi partilhada pelo neurocirurgião consultor do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia, Hani Marcus, numa entrevista à BBC.
Um sistema de IA atingiu em 10 meses um nível de experiência que um cirurgião levaria 10 anos para adquirir
O sistema de IA que se pretende utilizar no futuro nas cirurgias cerebrais está a ser treinado em cirurgias da hipófise, uma glândula do tamanho de uma ervilha que se localiza no interior de uma estrutura óssea na base do cérebro.
Relativamente aos procedimentos de remoção dos tumores em áreas tão pequenas, o neurocirurgião Hani Marcus explicou os riscos:
“Se for muito conservador na sua abordagem, corre o risco de não remover o tumor o suficiente. Se for muito agressivo, corre o risco de danificar estruturas críticas", detalhou em entrevista à BBC.
De acordo com o médico, mesmo cirurgiões mais experientes podem contar com a assistência da IA para encontrar um equilíbrio ideal entre uma abordagem conservadora e uma abordagem agressiva durante uma cirurgia cerebral.
Para auxiliar neste tipo de procedimento, o sistema de IA analisou mais de 200 vídeos de cirurgia da hipófise. Para a surpresa dos médicos e cientistas, a IA alcançou, em 10 meses, um nível de experiência que um cirurgião levaria 10 anos para adquirir.
“Em alguns anos, poderemos ter um sistema de IA que tenha observado mais cirurgias do que qualquer ser humano já viu ou poderia ver”, afirmou Marcus.
A IA pode transformar a saúde, e estagiários já estão a trabalhar com essa tecnologia
Jonathan Berry, ministro de Inteligência Artificial do Reino Unido, destacou que a IA torna todos mais produtivos, em diferentes áreas.
Em entrevista à BBC, ele brincou ao dizer que a tecnologia "quase te faz na versão de super-herói da Marvel”. Para o ministro, a IA pode ser uma mudança fundamental para a saúde, com a possibilidade de melhorar resultados para todos e prometer um futuro “muito promissor”.
Recentemente, o governo do Reino Unido concedeu financiamento a 22 universidades para conduzir pesquisas em IA destinadas a revolucionar o setor de saúde no país.
Uma das instituições beneficiadas com esse investimento é a University College London (UCL), que conta uma equipa composta por engenheiros, médicos e cientistas no Centro de Ciências Intervencionistas e Cirúrgicas Wellcome / Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC).
As pesquisas realizadas na University College London com IA, até o momento, têm se destacado na identificação de pequenos tumores e estruturas críticas, como vasos sanguíneos, no centro do cérebro.
Além disso, a universidade já possui cirurgiões estagiários a trabalhar com a nova tecnologia de IA para aprender procedimentos de cirurgia cerebral mais precisos.
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