
Quando se fala em melhores headphones com cancelamento de ruído, a série Bose QuietComfort tem feito muitas manchetes ao longo dos anos. A marca praticamente popularizou esta categoria e tem vindo a aperfeiçoá-la. Os novos Bose QuietComfort Ultra (2ª geração) são a mais recente evolução dessa linhagem.
Sem propriamente tentar reinventar a roda, foram criados com a missão de continuar a ser a referência em silêncio e conforto neste segmento de áudio. Com um preço de 449 € em Portugal, já disponíveis em lojas como a Worten, a fasquia está alta. Usei-os intensivamente durante as últimas duas semanas para perceber se a Bose conseguiu, mais uma vez, calar a concorrência.
| Característica | Detalhe |
|---|---|
| Ligação sem fios | Bluetooth 5.4 (aptX Adaptive) |
| Ligação com fios | jack 3,5 mm ou USB-C (Lossless 24bit/48kHz) |
| Autonomia | até 30 horas com ANC ligado |
| Cancelamento de ruído | Sim, adaptável |
| Áudio imersivo/espacial | Sim |
A experiência de utilização: Viver numa bolha de conforto e silêncio
Conforto e design: um 'pijama' para as tuas orelhas
Ao tirares os QC Ultra 2 da caixa, a primeira impressão é de familiaridade e luxo. A Bose manteve o design clássico, leve e dobrável, o que é uma excelente notícia para quem viaja. Pesam apenas 250g, o que faz deles dos mais leves do segmento. Por comparação, os AirPods Max pesam 384g. O estojo de transporte rígido continua a ser um exemplo de funcionalidade.

Nesta versão preta que testei, são bastante discretos. A construção mistura um plástico sólido e robusto com umas zonas "espelhadas" (brilhantes) na concha dos auscultadores que tendem a apreciar bastante umas boas dedadas. Mas assim que os colocas na cabeça, esqueces tudo.
As almofadas em pele proteica são incrivelmente macias e envolvem a orelha na perfeição. Já a banda de cabeça distribui o peso de forma tão uniforme que podes usá-los durante 8 horas seguidas num voo ou escritório sem sentir qualquer fadiga, ou pressão. Usei-os num voo e durante vários dias para trabalhar e são dos mais confortáveis que já testei.

Os controlos são uma mistura de botões físicos (para ligar/emparelhar e alternar modos) e um painel tátil em forma de faixa na lateral, que te permite deslizar o dedo para controlar o volume ou premir para usar atalhos. Funciona bem, mas admito que por vezes dei por mim a procurar os botões físicos e gostava que fossem um pouco mais salientes para os encontrar mais facilmente ao toque.
O silêncio: o rei continua no trono
Vamos diretos ao que interessa: o cancelamento de ruído. E aqui, a Bose continua a ser a rainha. O modo silencioso (quiet mode) é extremamente eficaz. O ruído constante de um avião, o aspirador robô que anda pelo escritório ou a máquina de lavar a roupa em fundo simplesmente desaparecem.

É o silêncio mais próximo do absoluto que vais encontrar nuns auscultadores. O modo consciente (aware mode), que é o modo transparência da Bose, também é muito bom. Permite-te ouvir o que te rodeia sem um som robótico. No entanto, neste ponto específico, os AirPods Max da Apple ainda conseguem um som ligeiramente mais natural.
Qualidade de som e chamadas: pujante e detalhado
O som é tudo o que esperas da Bose. Ou seja, os headphones produzem um áudio pujante, detalhado e incrivelmente bem equilibrado. Não tens aqui graves exagerados que abafam o resto da música; em vez disso, tens uma excelente separação de instrumentos e vozes.

A tecnologia CustomTune analisa o teu canal auditivo sempre que os ligas para otimizar o som, e o resultado nota-se. O suporte para Bluetooth 5.4 com aptX Adaptive garante uma ligação estável e de alta qualidade. E para os audiófilos, a possibilidade de os ligar por cabo USB-C e ouvir áudio Lossless (sem perdas) até 24bit/48kHz é um bónus fantástico.
Nas chamadas, a Bose também fez um trabalho irrepreensível. Em vários testes, mesmo a andar na rua com algum vento, o meu interlocutor disse sempre que me ouvia com clareza, como se eu estivesse numa sala silenciosa.

Autonomia que não desilude
A Bose promete até 30 horas de bateria com o ANC ligado, e os meus testes confirmam que este número é realista. Se ligares o novo Áudio Imersivo (o som espacial da Bose), a autonomia desce para cerca de 23 horas, o que ainda é excelente. Se fores fazer uma viagem de avião de longo curso, tens autonomia suficiente para ida e volta.
Numa utilização normal, vais carregá los uma vez por semana. E se te esqueceres, 15 minutos de carga dão-te 2 horas de música. O carregamento é feito pelo cabo USB-C para USB-C incluído na caixa, onde encontras também um cabo de áudio de 3,5 mm para 2,5 mm.
Para quem são os Bose QuietComfort Ultra 2?
- Para quem viaja muito: se passas a vida em aviões ou comboios, o conforto e o ANC destes Bose são imbatíveis;
- Para quem trabalha em escritórios barulhentos: são a ferramenta de concentração perfeita para te isolares do caos;
- Para audiófilos que valorizam o silêncio: a combinação de ANC de topo com um som equilibrado e suporte para áudio Lossless com fios é um pacote de luxo;
- Para quem faz muitas chamadas e reuniões: a qualidade dos microfones é boa (embora não de nível profissional).
- Não são para ti se... o teu orçamento é limitado (449 € é um valor premium) ou se estás dentro do ecossistema Apple e o modo transparência superior dos AirPods Max faz diferença na tua utilização.
Conclusão
Os Bose QuietComfort Ultra (2.ª geração) são uma evolução segura e confiante do melhor que a Bose sabe fazer. Não reinventam a roda, mas afinam na perfeição os pontos que realmente importam. Ou seja, o cancelamento de ruído continua a ser o ponto de referência da indústria, o conforto é excelente e a qualidade de som é de topo.
O preço de 449 € é factualmente elevado para muitos utilizadores. Mas é o preço a pagar pelo silêncio, e neste campo, a Bose continua a ser a rainha.

