“É realmente insano que ele possa desestabilizar os cenários políticos dos países”: as palavras foram proferidas pelo bilionário norte-americano Bill Gates sobre o bilionário norte-americano Elon Musk, numa entrevista concedida pelo fundador da Microsoft ao The Sunday Times.
A entrevista foi realizada no âmbito do lançamento do próximo livro de memórias de Gates, «Source Code: My Beginnings», a lançar em fevereiro, na qual teceu duras críticas ao patrão da Tesla, sobretudo pelas posições políticas recentes que tem assumido em relação à Europa.
Além de tecer críticas severas ao Primeiro-Ministro do Reino Unido, Keir Starmer, por alegadamente ter ‘fechado os olhos’ ao que chama de "gangues de violação", Elon Musk tem também lançado críticas a outros políticos europeus e manifestou mesmo o seu apoio à extrema direita alemã.
Dos avisos, ao otimismo
Nas declarações que fez sobre Elon Musk, Bill Gates foi ainda mais cáustico, deixando no ar que o dono da Tesla e da Space X pretende mesmo interferir com os destinos políticos de alguns países europeus, por um lado, e colando Musk à extrema-direita.
“Penso que nos EUA os estrangeiros não estão autorizados a dar dinheiro; outros países talvez devessem adotar salvaguardas para garantir que os estrangeiros super-ricos não distorcem as suas eleições”, afirmou Gates, em declarações reproduzidas pelo The Sunday Times (acesso pago).
Já em relação às posições de Elon Musk sobre a extrema direita no Reino Unido e na Alemanha, Gates foi ainda mais duro: “queres promover a ala direita, mas dizes que Nigel Farage não é de direita o suficiente”, afirmou ao jornal britânico. “Quero dizer, isto é uma loucura. É a favor do AfD ["Alternative für Deutschland", ou Alternativa para a Alemanha, o partido alemão de extrema-direita]”.
Apesar de falar de Elon Musk como um 'populista inteligente', Bill Gates disse acreditar que se têm tratado de ‘excessos’. E, numa entrevista ao Wall Street Journal, mostrou-se mesmo otimista em relação ao Departamento de Eficiência Governamental, que Musk lidera.
O fundador da Microsoft disse esperar que o novo departamento tenha em atenção questões como as pensões, defesa e cuidados de saúde, mas espera que não coloque fim a programas que levam medicamentos que salvam vidas em África.