A verdadeira ‘loucura’ gerada com o início das operações da DIGI em Portugal deu também origem a inúmeras reclamações sobre o novo operador.
É um cenário habitual quando existe uma grande adesão dos consumidores num curto espaço de tempo, com as queixas apresentadas a visar sobretudo o (deficiente) funcionamento de alguns serviços, a ação das equipas de instalação e a eficácia do suporte ao cliente.
Mas entre as reclamações mais comuns existem algumas verdadeiramente caricatas, que desafiam mesmo a compreensão dos moderadores, dos visados e de outros clientes.
Das falsas moradas... às caixas fantasmas
O 4gnews foi até ao Portal da Queixa espreitar as reclamações dos portugueses sobre a DIGI e confirma que a maioria das queixas se deve normalmente a situações comuns e plausíveis, sobretudo num operador em início de atividade:
- instalação dos serviços de TV e Net nas casas mas que ficam sem o sinal da fibra ativado;
- demora na ativação dos cartões SIM do serviço móvel (nos testes e nos serviços finais);
- e instalação das caixas e cabos de fibra ótica nos prédios sem autorização do condomínio.
Mas há também reclamações que nos fazem abrir a boca de espanto ou, pelo menos, esboçar um sorriso. Eis nove exemplos:
Falta de cobertura = discriminação? - Um consumidor de Espinho diz-se revoltado pelo facto de a DIGI não ter ainda cobertura de fibra ótica na sua zona de residência. Fala que o operador já está presente em muitos locais no Norte, mas não ali, e que até gostaria de aderir aos serviços. E deixa a pergunta: "a discriminação é para continuar"?
Instalação pela metade - A instalação das ‘caixas’ e da fibra nos prédios sem autorização é um cenário frequente, mas este caso foi mais longe: a reclamação fala de uma instalação que ficou dois meses incompleta, com um ‘monumental’ rolo de fibra ótica com 20 metros pendurado e “fechaduras e portas de madeira danificados”.
No regresso dos técnicos ao serviço da DIGI para terminar o trabalho, a opção foi a de instalar a caixa “num painel de madeira caríssimo que faz parte da entrada e decoração do edifício”. Obviamente, não fizeram.
‘A sua morada é que está incorreta’ - Ao preencher o formulário online para solicitar um cartão SIM e a portabilidade do seu número de telemóvel, um cliente recebeu a indicação de que a sua morada estava errada. Reclamou por telefone, a empresa explicou que é um ‘bug’ que está em resolução e que teria de aguardar.
Mesmo assim o cliente manteve a reclamação, questionando se terá mesmo rede na sua zona de residência.
‘Apagar? Só por escrito!’ - Um cliente acusa a operadora de pedir dados “sem noção nenhuma”. Após fornecer o NIF, o nº de telefone e o número do CC para um teste de 5G, foi-lhe solicitado o envio de fotos do Cartão do Cidadão, o que recusou.
Pediu depois por telefone a eliminação dos seus dados pessoais, algo que a empresa afirmou fazer apenas com um pedido por escrito. O cliente recusou fazê-lo, mas afirma que vai escrever “todos dias uma queixa no livro de reclamações”.
Cartão SIM funcional “quando for possível” - Após receber um cartão SIM que deveria ser automaticamente ativado, um cliente reclamou que tal não aconteceu e ligou para o suporte da DIGI. Do outro lado prontamente reconheceram a não ativação, mas quando questionados sobre o prazo para o cartão ficar operacional, a resposta foi simples: “quando for possível...”.
Interessados “insuficientes” - É um caso ligado às chamadas ‘caixas fantasmas’. Um prédio na zona de Gondomar tinha o Ponto de Distribuição Óptico (PDO) instalado na fachada, mas foi a própria DIGI a confirmar que não tinha serviço ativo “por não existir uma ligação”.
O cliente questionou o operador sobre a data para a ligação estar pronta, só que a resposta foi tudo menos a esperada: “Não sabemos. A informação que tenho é que não existem interessados suficientes”.
Colapso da rede móvel - Um cliente de testes da rede móvel da DIGI, na área de Lisboa, fala de um ‘colapso’ da rede 5G desde segunda-feira, dia em que a operadora iniciou o seu serviço comercial. "Até segunda-feira estava impecável e agora a net é perdida com frequência...”.
O cliente explica que com um telemóvel 5G obteve velocidades de download de 160mbps, mas quando usou um segundo dispositivo em simultâneo a velocidade caiu para 70 mbps.
Com inúmeros clientes já a usar a versão comercial da rede móvel da DIGI, na reclamação no Portal da Queixa fica uma pergunta, para já sem resposta da operadora: “Há uma previsão de quando é que vão aumentar o backbone para cada torre/antena?”
“Não fomos nós!” - São vários os casos de instalações não autorizadas de PDO e fibra no interior dos condomínios, mas poucas como esta: “Dia 6/10 à tarde vieram passar cabos de fibra, mexeram na caixa de comunicações e deixaram todo o condomínio sem serviço. Mesmo interpelados, negaram que foram eles. Disseram para ligar para o apoio técnico dos nossos operadores e foram embora!”
Resultado: cinco dias sem qualquer serviço de qualquer operador no prédio, por corte indevido “do fio central de alimentação ao POD”. Entretanto, resolvido.
DIGI reclama... da reclamação - “Na sequência da reclamação em apreço, informamos que foram efetuadas tentativas de contacto para o número de telemóvel que está associado a esta reclamação, sem sucesso.”
A queixa é feita pela própria DIGI na respetiva thread do Portal da Queixa, nove dias após um cliente fazer a reclamação sobre um atendimento deficiente. A verdade é que a mensagem da DIGI acabou por desbloquear a comunicação e o cliente respondeu no próprio dia...
Apesar das reclamações sobre a DIGI publicadas no Portal da Queixa, a verdade é que existem também vários elogios ao trabalho deste operador. O próprio índice de satisfação deste site é ‘Bom’, com uma avaliação de 64.8/100 - londe dos valores apresentados por MEO, NOS e mesmo a NOWO, mas já acima da avaliação da Vodafone.
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