
A expectativa era que a IA portuguesa Amália (Assistente Multimodal Automático de Linguagem com Inteligência Artificial) fosse disponibilizada para todos os utilizadores já em setembro. No entanto, novas informações avançadas pelo jornal O Público revelam que o chatbot será de uso exclusivo da Administração Pública.
“O modelo será utilizado em aplicações específicas da Administração Pública, não estando previsto pela equipa de desenvolvimento criar um serviço de acesso público semelhante às soluções comerciais existentes no mercado."
- João Magalhães, investigador da Universidade Nova de Lisboa e coordenador do projeto.
Mudança de planos
Como reportámos no 4gnews, a expectativa inicial era que a Amália tivesse uma versão beta em 2025 e chegasse ao mercado definitivamente em 2026, segundo Paulo Dimas, CEO do Centro para a IA Responsável.
Já o Ministério da Juventude e Modernização, como lembra o Expresso, tinha comunicado que a plataforma seria lançada “de forma gratuita e open source” para académicos, centros de investigação, entidades públicas, empresas e cidadãos — algo que, para já, não se vai concretizar.
O que distingue a Amália?
A Amália foi concebida como uma alternativa nacional ao ChatGPT da OpenAI, com capacidade generativa para compreender pedidos e criar conteúdos originais. Entre as funções possíveis estão responder perguntas, gerar resumos, escrever código e interagir sobre diferentes temas.
O grande diferencial está no foco 100% na língua e cultura portuguesas, algo raro num setor dominado por soluções desenvolvidas em inglês.

Segundo João Magalhães, a Amália foi treinada com mais de 100 mil milhões de palavras, baseada no EuroLLM, um modelo de larga escala com cerca de 9 mil milhões de parâmetros.
Apesar de estar longe de modelos de big techs como o GPT-4, que conta com 175 mil milhões de parâmetros, a proposta não é competir em escala, mas sim oferecer uma ferramenta dedicada à realidade nacional, com precisão em áreas como história, ciência, literatura e cultura portuguesa.
Quem está por trás do projeto?
O desenvolvimento está a cargo de centros de investigação da Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Telecomunicações, Instituto Superior Técnico, e ainda das universidades de Coimbra, Porto, Minho, Beira Interior e Évora.
O projeto conta com um investimento de 5,5 milhões de euros, financiado pelo Ministério da Juventude e Modernização.