A ideia de um avião 100% elétrico, capaz de descolar e aterrar em modo vertical, há muito que alimenta vários projetos da indústria aeronáutica, mas nem sempre com soluções que passaram do papel aos modelos físicos.
A startup Lilium foi uma das poucas a conseguir colocar em prática a ideia de uma aeronave com estas características, trabalhando desde 2015 num modelo do tipo VTOL (vertical take-off and landing) - o Lilium Jet.
É uma solução com motores elétricos, capaz de atingir velocidades de 100 km/h, com um funcionamento com zero emissões e um ruído muito baixo, garante a empresa.
Dinheiro acaba antes dos voos comerciais
O primeiro protótipo do Lilium Jet chegou a levantar voo para um conjunto de testes, com os resultados e a tecnologia envolvida a atrair mais investimento de vários parceiros de dimensão mundial.
Desde os gigantes tecnológicos Tencent e EMC, à NetJets, Saudia, Lufthansa, ABB ou a Azul, de David Neeleman, cerca de 20 parceiros aderiram a este negócio da Lilium, garantindo não só a entrada de fundos na empresa, como encomendas de aeronaves para garantir a sustentabilidade do projeto.
Até 2021 a Lilium já tinha levantado mais de mil milhões de dólares de investimento, segundo informações do TechCrunch, chegando a estar cotada no Nasdaq Exchange. Mas, ao que tudo indica, os investimentos foram insuficientes.
Governo alemão chumba financiamento
Depois de um acidente em terra com o primeiro protótipo da Lilium Jet, a empresa viu-se obrigada a suspender os testes do segundo protótipo e a adiar o projeto.
Terminados os fundos para dar continuidade ao desenvolvimento da aeronave, a Lilium foi avançando com os investimentos de terceiros, até à recusa de um novo financiamento.
Esta semana a empresa anunciou que o parlamento alemão recusou dar garantias para um empréstimo de 50 milhões de euros, falhando também um acordo com o Governo estadual da Bavaria, Alemanha, para obter esse financiamento.
Resultado: no seu site a empresa anunciou oficialmente a 24/10 que vai interpor um pedido de insolvência na justiça e apresentar um projeto de reestruturação baseado nos seus ativos, de forma a tentar que o Lilium Jet possa, ainda, levantar voo.
A descolagem depende da decisão do tribunal alemão e, aceite a reestruturação, da capacidade da empresa desenvolver, em tempo útil, o que falta para a sua aeronave levantar voo numa versão comercial.