A Google apresentou esta semana a sua nova e muito aguardada série de smartphones, os Pixel 10. E depois de ver todas as novidades, a sensação com que fico é de que algo mudou para melhor.
Pela primeira vez em muito tempo, sinto que a Google não está apenas a fazer "mais um" bom telemóvel Android. Está a construir o verdadeiro e maior rival do iPhone, a criar aquilo que o Pixel devia ter sido desde o primeiro dia, que é o "iPhone do Android".
O "Apple Silicon" do Android: Tensor G5 feito pela TSMC
A prova mais evidente desta mudança de mentalidade está no coração do Pixel 10, que é o novo processador Tensor G5. A grande mudança não está só no facto de ser o primeiro chip com uma personalização mais aprofundada da Google, mas sim em quem o fabrica.
A Google finalmente cortou o "cordão umbilical" com a Samsung e entregou a produção do seu chip à TSMC, a mesma fabricante que produz os chips da Apple e da Qualcomm. Veremos, claro, como isso se traduz no desempenho.
Assim, a Google está a seguir o bom exemplo da Apple, ao controlar o seu hardware e software de ponta a ponta para uma otimização maior. As promessas de um CPU 34% mais rápida e uma TPU (a unidade de IA) 60% mais potente são a esperança de que o sobreaquecimento e a autonomia de bateria inferior sejam coisa do passado.
Pixelsnap é o "MagSafe" que o Android precisava
Outra prova de que a Google está a pensar como a Apple está na introdução do Pixelsnap. Este não é apenas um nome giro para carregamento sem fios magnético. É a criação de um verdadeiro ecossistema de acessórios.
Tal como o MagSafe, o Pixelsnap, que está incorporado em toda a linha Pixel 10, abre a porta a carregadores, suportes, carteiras e um sem-fim de outros acessórios que se "colam" ao teu telemóvel de forma simples e segura.
Esta é uma estratégia clássica da Apple para criar um ecossistema coeso e viciante, e a Google está a implementá-la com mestria. Não foi a primeira a trazê-lo para o Android (foi a HMD), mas sendo a Google o impacto é muito maior.
7 Anos de Atualizações
Um dos maiores argumentos de venda do iPhone sempre foi a sua longevidade, garantida por anos de atualizações de software. A Google já tinha igualado a parada, e com a série Pixel 10, reforça o seu compromisso com 7 anos de atualizações de sistema operativo, de segurança.
Esta garantia de suporte a longo prazo é fundamental para justificar um investimento num telemóvel premium. É a Google a dizer aos consumidores que pode confiar que o seu aparelho não ficará obsoleto ao fim de dois ou três anos.
A experiência "Pro" para todos
Nesta nova geração, a Google também democratizou a experiência "Pro". Pela primeira vez, o Pixel 10 base inclui um sistema de câmara tripla, com uma lente teleobjetiva 5 vezes. Não se espera a qualidade dos irmãos Pro neste sensor, mas é algo a elogiar.
Esta decisão de não reservar todas as melhores funcionalidades para os modelos mais caros mostra à Apple como deve fazer. É ridículo um iPhone 16 (lançado o ano passado, é certo), custar perto 1000 € e ter apenas duas câmaras e um ecrã de 60 Hz.
Tudo somado, o Pixel 10 é a materialização de uma nova ambição. O processador "caseiro" feito pelo melhor fabricante, um ecossistema magnético em potência, a promessa de longevidade e uma aposta em democratizar as funcionalidades de topo mostram que a Google está, mais que nunca, pronta para deixar de ser apenas "mais uma" marca Android.
A gigante de Mountain View pode mesmo passar a ser a marca de referência, e o verdadeiro e mais direto concorrente que o iPhone já teve.