A falta de identidade do Xiaomi Mi 6 - Artigo de Opinião

David Ventura
David Ventura
Tempo de leitura: 3 min.

Eu sou um fã e usuário da Xiaomi.

Conheci a Xiaomi há sensivelmente três anos quando comecei por vontade própria a querer flashar ROM's no meu equipamento, no fundo a brincar aos engenheiros com o meu smartphone. Antes que perguntem, sim já brickei uns quantos smartphones. Aliás, é preciso errar para se ser perfeito.

Para os mais amantes da Xiaomi, a linha Mi representa o pináculo do conceito da gigante chinesa. É sem dúvida uma linha com história. Foi aqui que a Xiaomi se deu a conhecer ao seu público e cativou o homo sapiens sapiens por terras além mar.

Vê também: Xiaomi Mi 6 – Todas as especificações detalhadas do novo flagship

Ontem, dia 19 de Abril foi marcado por diversos acontecimentos pelo mundo fora. Algures por Pequim, China a apresentação do Xiaomi Mi 6 decorreu com toda a pompa e circunstância merecida. Afinal, foi o lançamento do topo de gama da marca, o pivot do segmento Mi, o Xiaomi Mi 6.

A reacção do público foi a de esperar. Um clima de êxtase e euforia por mais um grande feito conquistado pela marca. Não tirando o mérito, este Mi 6 é um equipamento bem conseguido em termos de hardware, e isso a Xiaomi está de parabéns. É o primeiro smartphone chinês a vir com o Qualcomm Snapdragon 835, tem RAM para dar e vendar - 6GB, uma bateria de fazer inveja ao Samsung Galaxy S8 e uma boa câmara.

Palavras para quê? Está tudo dito. Este Xiaomi é um verdadeiro sucesso. No entanto, se olharmos com atenção vemos alguns pontos a melhorar.

Eu dou o peito às balas que possam ser disparadas por quem discordar de mim, e digo que não gosto deste Xiaomi Mi 6. Vejamos o que mudou realmente sem ser a parte interna? Onde está a inovação no design, já para não falar na toma de opções que outras marcas fizeram.

Quem olha com olhos de ver para este Mi 6 a primeira coisa que pensa será: "Eu já vi isto em algum lado!". Pois bem, a imagem abaixo descreve a minha insatisfação.

As semelhanças são muitas, o tão aclamado dual curved edge pelos vistos está a fazer sucesso na China. A Honor, subsidiária da Huawei, está a utilizar este conceito nos seus equipamentos, e até mesmo a Huawei nos novos modelos, como o caso do P8 Lite 2017, o toque, o aspecto, o feel é o mesmo.

O botão de home é outro aspecto sensível. Aqui a Xiaomi nada inovou. Aliás fui buscar tecnologia implementada no seu Xiaomi Mi 5s, utilizado o mesmo motor de feedback que o iPhone 7 usa. Até que ponto a Xiaomi necessita de seguir as tendências impostas pelas outras fabricantes. Talvez o seu apelido "Apple Chinesa" tenha uma boa razão de ser.

Ora vejamos, em Setembro de 2016 a Apple tomou a decisão polémica de retirar a entrada jack áudio de 3.5 mm do seu iPhone 7, obrigando as pessoas a aderir ao estilo de vida dos dongles, acessórios. Foi uma escolha que deixou o planeta terra enraivecido e as críticas foram duras e implacáveis. 9 Meses depois, a Xiaomi lança o seu topo de gama, e este vem sem a idolatrada entrada áudio. Onde está a onda de revolta?

Primeiro estranha-se e depois entranha-se, é a conclusão que chego.

Por fim, a MIUI continua a dar que falar. Era esperado que com o lançamento de mais um topo de gama, houvesse melhorias a nível da interface de usuário. A Xiaomi precisa de resolver urgentemente a questão das shop ROM's, ou ROM's marteladas. O suporte precisa de ser feito a nível global.

Não é correcto comprar um equipamento numa loja, dita de confiança, e simplesmente eles alterarem a ROM a seu gosto. Estas ROM's vêm cheias de publicidade e bloatware invasivo. A única solução é um processo doloroso, que nem todos estão à vontade e flashar a ROM oficial, ou até mesmo uma fork, que já deu provas da sua estabilidade, a Xiaomi.eu.

A minha opinião é sincera, e é por gostar tanto da ideologia e conceito desta marca que escrevo com enorme pesar as decisões que têm vindo a ser tomadas. Esperamos todos por melhorias, e é isso que nos faz continuar.

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