No início deste mês, a Xiaomi lançou globalmente, com pompa e circunstância, o novo Xiaomi 15 Ultra. Mais uma vez, estamos perante um smartphone completamente virado para a fotografia. Ou estaremos perante uma câmara que faz chamadas?
Passei as últimas semanas na companhia do Xiaomi 15 Ultra a captar vários momentos pessoais e profissionais, assim como experimentei os atributos IA. Agora chegou a hora de partilhar toda a experiência.
Unboxing
A caixa negra deixa logo antever o fator premium do Xiaomi 15 Ultra. No interior, o smartphone, mas também um cabo de carregamento USB-A para USB-C e uma capa protetora rígida transparente.
Esta última adição é muito bem-vinda, afinal estamos a falar de um terminal que envolve um investimento significativo e a proteção nunca é demais. No entanto, saliente-se que o Xiaomi 15 Ultra tem de ser encaixado numa determinada posição e para ser desencaixado é necessário algum jeito e determinação.
Design e construção
O Xiaomi 15 Ultra está disponível em Portugal em duas versões: a Silver Chrome com design inspirado nas câmaras Leica e a variante Black. Testámos esta última e é essa opção de estilo que podemos analisar.
O painel traseiro em negro exibe um estilo sóbrio, discreto e pouco exuberante – muito ao contrário da versão Silver Chrome que faz virar cabeças. Pela parte positiva parece ser imune a dedadas e é bastante confortável ao toque.
Pela parte menos positiva, este painel em fibra de vidro é escorregadio e a capa protetora incluída merece ser considerada, já que permite manusear o terminal com muito mais confiança e segurança.
Felizmente, este é daqueles smartphones que pode ser colocado de ecrã para baixo numa superfície, sem ficar logo com marcas. Tudo porque a Xiaomi revestiu o ecrã com a sua tecnologia Shield Glass 2.0 que, diz a Xiaomi, é 16x mais resistente que o Gorilla Glass Victus. Durante dias consecutivos, virei-o para baixo na minha secretária e nunca sofreu com isso.
O seu peso de 226 gramas sente-se bem na mão, mas mesmo durante uma utilização mais prolongada a tirar fotos, por exemplo, não incomoda e, pessoalmente, até acho que ajuda a estabilizar. Já a certificação IP68 dá-lhe resistência para uns valentes pingos de água ocasionais, visto que pode ser submerso em água até 1,5 metros, durante 30 minutos.
A variante Black em teste mostrou ser resistente à rotina diária, graças à sua qualidade de construção e materiais, além das proteções adicionais que a Xiaomi incluiu. Exibe um estilo sóbrio, discreto e intemporal. No entanto, não consegue brilhar ao lado da variante Silver Chrome e do seu charme à la Leica.
Ecrã
Aqui estamos perante um ecrã AMOLED de 6,73 polegadas que fornece uma resolução de 3200 por 1440 pixéis, uma taxa de atualização variável de 1 a 120 Hz e um brilho máximo de 3.200 nits.
Na prática, temos um painel que tem uma qualidade excelente, o que já é quase uma tradição da Xiaomi. Navegar nas redes sociais é uma maravilha e o brilho incrível deste smartphone faz com que lide muito bem com a luz solar.
Este é um fator especialmente importante quando estamos a tirar fotografias. Por muito luminoso que seja o dia, nunca deixamos de ver o objeto, a ser fotografado, perfeitamente legível no ecrã.
Também é excelente para ver séries e filmes, exibindo conteúdos com detalhe e lidando bem com os tons de cores e o negro. Em resumo, o ecrã do Xiaomi 15 Ultra é simplesmente fantástico.
Áudio
O Xiaomi 15 Ultra conta com colunas estéreo em baixo. De forma surpreendente, o som enche o espaço e consegue fornecer potência suficiente para ouvirmos a nossa playlist alto e bom som.
Conseguimos desfrutar da mesma qualidade sonora quando vimos a nossa série de eleição, com os diálogos a serem claros e nítidos.
Desempenho
Como qualquer modelo de topo de 2025, o Xiaomi 15 Ultra está equipado com o Snapdragon 8 Elite e emparelhado com 16 GB de memória RAM e 512 GB de capacidade no armazenamento interno.
O desempenho que fornece não podia ser mais sólido. Podemos “atirar-lhe” com qualquer tarefa e esta será sempre cumprida com rapidez, eficiência e fluidez. Lida bem com jogos, multitarefa e tudo o que nos lembrarmos de fazer.
Mas há um pequeno grande pormenor. Quanto mais puxas por ele, mais o Xiaomi 15 Ultra aquece. E não é só numa sessão mais demorada de produtividade ou com um jogo, se ficares um par de horas a tirar fotografias, também vais começar a sentir as mãos quentes.
Ainda que a Xiaomi tenha incluído um sistema de refrigeração otimizado, este não consegue fazer baixar a temperatura do terminal a um nível que passe despercebido.
De resto, a RAM de 16 GB permite que todas as apps sejam abertas muito rapidamente. Nem chega a demorar um pestanejar de olhos. E o armazenamento de 512 GB vai ser suficiente para fazeres um uso excessivo da câmara aqui integrada.
Interface
O Xiaomi 15 Ultra chega a executar HyperOS 2.0. Para quem está habituado à interface, vai encontrar melhorias na navegação, com muito mais foco na personalização. Agora até é possível criar o nosso próprio wallpaper dinâmico.
A interface continua também suficientemente intuitiva, fornecendo igualmente uma experiência de navegação fluida e eficiente. Algumas funções estão um pouco mais escondidas, mas nada que uma pequena exploração não resolva.
Aqui temos a habitual queixa. Ainda há bloatware em demasia. A Xiaomi esforça-se, mas é algo recorrente. Também com o Xiaomi 15 Ultra será necessário investir tempo a desinstalar o que não usamos.
A Xiaomi promete quatro anos de atualização no software e seis anos de upgrade na segurança. É uma proposta razoável, mas alguns concorrentes estão a oferecer seis anos de atualizações do sistema operativo, mesmo nos modelos de gama média. Não fazia mal, aumentar para (pelo menos) cinco anos a política de atualizações do software. Talvez para o ano, quem sabe…
HyperAI
HyperAI é o conjunto de recursos baseados em Inteligência Artificial que a Xiaomi trouxe com o modelo 15 Ultra. Há uma mão-cheia de possibilidades, além de integração com o assistente Gemini da Google.
Mas regressemos ao HyperAI. Estes recursos funcionam em várias apps da marca chinesa. Por exemplo, nas notas. Ao criar uma nota, no teclado pop-up, está um símbolo circular colorido. Ao tocar neste ícone, temos logo várias opções para a IA escrever por nós.
Testei, pedindo à IA da Xiaomi para criar uma lista de verificação de itens para levar numa viagem. De imediato – sim, gera mesmo rápido – surge no ecrã uma lista enorme com tudo o que devo levar nessa viagem imaginária. A lista ainda que completa, tem alguns termos em português do Brasil. Bem, há coisas piores que ler celular, mas seria melhor no português de Camões.


Como não podia deixar de ser, há também várias ferramentas IA para editar fotos diretamente no terminal. O habitual remover de objetos funciona relativamente bem; no entanto, ao aumentar a imagem constatamos que o local onde apagamos elementos está um pouco turvo.
De uma forma geral, os recursos HyperAI funcionam bem e são um acrescento muito bem-vindo e que coloca a Xiaomi no mesmo patamar IA dos seus concorrentes diretos.
Câmara
Este é o fator X do Xiaomi 15 Ultra. A câmara traseira mantém o sensor primário, ultra grande angular e telefoto com 50 megapixéis de resolução. Mas a grande novidade é o sensor periscópio de 200 megapixéis. No papel, tudo parece fantástico e na utilização prática, revela-se… tudo fantástico.
Estamos, sem dúvida alguma, perante um smartphone para adeptos de fotografia, sejam estes exigentes ao nível profissional ou principiantes. Logo a começar por o Xiaomi 15 Ultra percorrer todas as distâncias focais entre os 14 e 200 mm.


É rápido a enquadrar e a estabilização ótica previne qualquer tremelique ocasional, captando a imagem em toda a sua glória. Lida bem com quaisquer condições de luminosidade e fornece imagens nítidas, com cores reais e detalhe suficiente.

O exemplo com a flor foi captado com o sensor telefoto de 200 megapixéis. Como podes ver na imagem, o objeto está perfeitamente enquadrado e destaca-se, graças ao efeito bokeh produzido automaticamente pelo terminal.
O detalhe e o pormenor entregues são simplesmente fantásticos, sendo perfeitamente percetível cada pétala e cada pequeno ponto do botão da flor.




Outro ponto forte desta câmara é o zoom. Nos exemplos apresentados, foram usados o zoom ótico de 4,3X e digital de 30x e 100x. A ideia era captar o estádio de futebol que fica a vários quilómetros do local onde se encontrava o 15 Ultra.
As imagens apresentam boa qualidade e detalhe. Com o zoom digital de 100x, a foto está envolta numa espécie de nevoeiro, mas ainda assim vê-se perfeitamente as bancadas do estádio e as colunas de iluminação com pormenor.

Na zona frontal está uma câmara de 32 megapixéis que, sem surpresa, é tão boa como a traseira. As fotos primam pela qualidade e no modo retrato a face do sujeito é devidamente destacada face ao fundo. Neste caso, usa e abusa desta câmara nas redes sociais e videochamadas porque não te vais arrepender.
No que respeita ao vídeo, o Xiaomi 15 Ultra fornece uma experiência igualmente fantástica. Fornece estabilidade e mesmo um movimento mais rápido para acompanhar um objeto, não é depois percetível na gravação final. O som tem também boa qualidade.
Bateria
A variante global do Xiaomi 15 Ultra conta com uma bateria de 5.410 mAh, mais pequena que a do modelo comercializado na China. Aqui temos carregamento rápido de 90 watts e sem fios de 80 watts. Estas são as boas notícias. Com ou sem cabo, o Xiaomi 15 Ultra carrega energia praticamente à mesma velocidade. Em pouco mais de uma hora, consegue carregar na totalidade.
Numa utilização moderada diária, a navegar pelas redes sociais e email, tirar uma ou outra fotografia e aproveitar para jogar nos tempos livres, o Xiaomi 15 Ultra durou um dia inteiro.
Claro que se puxarmos mais por este terminal numa sessão de fotografia, a bateria vai esgotar mais rapidamente; algo que é comum a todos os smartphones.
Conclusão
O Xiaomi 15 Ultra é um smartphone fotográfico por excelência. E está posicionado no patamar dos modelos mesmo muito bons. A sua câmara traseira está ainda melhor que a do antecessor, com o novo sensor telefoto de 200 megapixéis a brilhar quando é chamado a trabalhar.
A câmara frontal também vai fazer as delícias dos adeptos de redes sociais e respetivas selfies. O vídeo tem também qualidade a rodos e uma estabilização à prova de tremeliques.
O processador Snapdragon 8 Elite integrado permite que o Xiaomi 15 Ultra faça tudo o que lhe é pedido. É rápido, fluido e não se nega a absolutamente nada. Como habitualmente, o ecrã destaca-se pela sua qualidade e, mesmo sob luz solar, nunca falha.
Mas existem aqui algumas arestas por limar. Numa sessão mais prolongada de fotografia e a puxar pelo 15 Ultra, o modelo aquece e conseguimos sentir essa temperatura nas mãos. A bateria também esvazia mais depressa se formos muito ambiciosos com o tempo da sessão de fotos, à semelhança do que acontece com outros modelos.
Mas, não há qualquer dúvida que estamos perante um gigante da fotografia que tanto vai apaixonar os principiantes nesta arte como vai conquistar os profissionais exigentes. Sim, o Xiaomi 15 Ultra parece mesmo uma câmara que faz chamadas.