Will Cathcart, presidente global da WhatsApp, veio recentemente a público reafirmar a posição da empresa que lidera enquanto plataforma segura e com mais privacidade que a rival, Telegram. Apontou também o dedo à desinformação que grassa na Internet.
O homem forte do WhatsApp admitiu que a falha na comunicação das alterações à Política de Privacidade teve repercussões negativas, com a confiança na plataforma a sair prejudicada. Cathcart revelou ainda vários detalhes sobre o funcionamento da sua empresa.
Há mais segurança e privacidade no WhatsApp que na Telegram
Foi numa recente entrevista que o homem forte do WhatsApp deu a conhecer vários pontos sobre a sua empresa. Em primeiro lugar, revelou que desde 2014, data da aquisição pelo Facebook, que a plataforma de mensagens não registou lucros visíveis.
Por isso, uma das prioridades da empresa passa pela plataforma Business que quer dotar as empresas e negócios de uma plataforma de comunicação com os clientes. Com mais de dois mil milhões de utilizadores - de acordo com a Statista - o potencial de rentabilização é grande. No entanto, a empresa continua a proibir qualquer tipo de publicidade apresentada ao utilizador.
Foi precisamente a prioridade dada à plataforma Business que levou à atualização da política de privacidade, cujo fatídico aviso começou a circular no início de janeiro. Na Europa, ao invés do resto do mundo, não houve um ultimato.
Os utilizadores foram bombardeados com desinformação e sensacionalismo
O anúncio foi recebido da pior forma possível. As alterações incendiaram e Internet, fustigadas por títulos sensacionalistas que até na Europa prometiam um ultimato. Tal nunca poderia acontecer devido ao RGPD vigente no espaço comunitário. O mal estava feito.
De qualquer modo, tal como noticiamos em ocasião anterior, a troca de dados do utilizador com o Facebook já ocorria desde 2016. A aplicação dos novos Termos de Privacidade vem apenas colocar no papel o que, na prática, já era feito pela rede social.
Cathcart é veemente ao afirmar que o WhatsApp não verá as mensagens trocadas, nem qualquer comunicação do utilizador, estando as mesmas protegidas por criptografia de ponta a ponta. Em todos os tipos de comunicação no WhatsApp, ao invés da Telegram que só apresenta esta proteção nos chats secretos. Algo que também já demos a conhecer na 4gnews, em ocasião anterior.
Na União Europeia estamos protegidos pelo RGPD
Acima colhemos o testemunho, expresso através do Twitter, de Niamh Sweeney, responsável do WhatsApp para a Europa. Na prática, não há mudanças significativas na política de privacidade, com mais informações no artigo prévio.
Will Cathcart faz também um "mea culpa" na forma como as mudanças foram comunicadas. "A responsabilidade pela comunicação é nossa. Por isso, decidimos adiar (até 15 de maio), a entrada em vigor da nova política de privacidade da plataforma.
Até lá, a empresa quer combater a desinformação e tentar recuperar a confiança dos utilizadores que têm vindo a procurar alternativas como a Signal e, sobretudo, a Telegram. Sobre a última, Cathcart também expressou a sua convicção.
Cathcart admitiu a partilha de metadados com o Facebook desde 2016. Justificou-o com o combate ao spam e mensagens em massa. Estes fins são apenas uma fração dos propósitos subjacentes à partilha destes identificadores com o grupo Facebook.
O executivo clarificou que o Facebook começará a oferecer às grandes empresas que usam o Business API os serviços de alojamento e gestão de mensagens. Entre estes serviços estão as publicidades direcionadas, os target ads. É daí que resulta a nova autorização para partilha desses dados com o Facebook, para que este possa entregar os anúncios personalizados.
Mais segurança e privacidade no WhatsApp que no Telegram
Confrontado com a súbita popularidade da Telegram e da Signal, Cathcart defendeu a sua plataforma.
Fê-lo ao afirmar que o histórico de privacidade da sua empresa é sólido e que todas as suas comunicações são protegidas por criptografia de ponta a ponta.
A chave de encriptação que protege as mensagens, chamadas e qualquer partilha em grupos, não só conversas privadas. Só com a chave numérica, ou código QR é que o utilizador tem acesso ao teor do que é enviado pelos utilizadores.
O executivo afirmou que o Telegram não tem essa opção - em verdade, tem, mas apenas nos chats secretos. Apontou também que o Telegram mantém uma cópia das mensagens, "um problema real de privacidade e segurança", sobretudo caso alguém consiga piratear e aceder aos seus servidores.
Cathcart vê o Telegram mais como rede social do que como aplicação e plataforma de mensagens e comunicações.
Questionado sobre a Signal, o homem-forte do WhatsApp reconheceu que a sua empresa colhe mais dados do utilizador "mas apenas os necessários para manter as pessoas seguras e combater violações como disparos em massa", aqui referindo-se aos metadados como o endereço de IP.
A entrevista cedida pelo responsável global da empresa vem numa altura em que o WhatsApp luta por recuperar a confiança dos seus utilizadores na plataforma.
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