Desde 2016 que o WhatsApp utiliza um sistema de encriptação das mensagens trocadas pelos seus utilizadores. Com o sistema de encriptação de ponta-a-ponta, a plataforma afirma que apenas o remetente e o recetor da mensagem conseguem ler o seu conteúdo.
No entanto, um novo relatório divulgado pela ProPublica vem refutar esta afirmação. A fonte analisou, em detalhe, o sistema de moderação de conteúdo no WhatsApp e concluiu em que circunstâncias a plataforma consegue ler a correspondência dos seus utilizadores.
WhatsApp consegue ler algumas mensagens trocadas pelos utilizadores
Desde que o WhatsApp implementou o sistema de encriptação de ponta-a-ponte que se gaba de que o conteúdo é totalmente anónimo. A mensagem passada para o público afirma que qualquer mensagem enviada não é lida pela sua equipa, apenas por quem a envia e recebe.
O relatório publicado recentemente vem contrariar esta tese. Nele é exposto um sistema de moderação de mensagens no WhatsApp que visa impedir a propagação de spam, conteúdo terrorista, conteúdo de abuso infantil e outras práticas ilegais.
Com efeito, o WhatsApp dispõe de 1000 colaboradores focados na análise de conteúdo sinalizado pela sua inteligência artificial e pelas denúncias dos utilizadores. Quando este conteúdo é sinalizado, a plataforma recebe parte das conversas sem qualquer tipo de encriptação.
O WhatsApp reitera que este conteúdo apenas chega aos seus colaboradores caso alguém o reporte. Ademais, afirma que não tem acesso a todo o conteúdo de uma sala de conversação, apenas algumas mensagens anteriores ao conteúdo alarmante para algum contexto.
Após a análise dessas mensagens, os moderadores podem arquivar a sinalização, banir a conta desse utilizador ou colocá-lo numa lista de vigilância. A decisão será tomada considerando o conteúdo lido pelos colaboradores do WhatsApp, contrariando aquilo que sempre foi publicitado relativamente ao seu sistema de encriptação de ponta-a-ponta.
WhatsApp diz ter boas razões para este sistema de revisão
Confrontado com estas acusações, o WhatsApp deu o seu lado da moeda à ProPublica. Em declarações a esta fonte, a plataforma do grupo Facebook sai em defesa das suas práticas.
A plataforma classifica este sistema de revisão de conteúdo como algo positivo. Afirma que só desta forma consegue prevenir que conteúdo abusivo ou prejudicial seja disseminado pelos milhões de utilizadores que usam diariamente o WhatsApp.
Ademais, refere que todas as práticas expostas neste relatório constam na política de privacidade disponibilizada pelo WhatsApp. Como seria de esperar, não está escancarado ao utilizador, tendo este de ter algum trabalho para encontrar tais alíneas.
Em suma, esta investigação vem ferir novamente a imagem do WhatsApp junto dos seus utilizadores. Depois do escândalo da alteração dos termos do serviço, em janeiro último, eis mais um caso que vai instaurar a desconfiança junto dos seus utilizadores.
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