Pavel Durov, criador e responsável máximo pela plataforma Telegram volta a criticar abertamente a maior rival, WhatsApp. A empresa do grupo Facebook é novamente exposta devido à forma como rentabiliza as informações e metadados dos utilizadores.
É a mais recente investida do milionário russo que nos habituou às investidas contra a concorrência, sobretudo à plataforma mais popular do mundo no mercado onde opera. Agora em pleno êxodo do WhatsApp, o CEO acrescenta novas achas à fogueira.
Os argumentos de Pavel Durov contra a plataforma WhatsApp
Durov começa por contextualizar a sua publicação, após ter exposto uma backdoor ou vulnerabilidade que permitia aos hackers aceder a todas as informações de um smartphone com a aplicação WhatsApp instalada. Algo que o Facebook veio em pouco tempo refutar, apontando que não existiam provas de que essa falha tivesse alguma vez sido usada por piratas informáticos.
O CEO da Telegram nota que essa mesma falha foi explorada, sim, e resultou no acesso indevido aos telefones de altas figuras como Jeff Bezos, CEO da Amazon. A invasão terá sido orquestrada por entidades governamentais e visado um número potencialmente expressivo de chefes de estado e outras figuras públicas.
O homem forte da Telegram lista várias instâncias em que o uso de WhatsApp foi desaconselhado, ou mesmo proibido. Aponta, por exemplo, o facto de as Nações Unidas vedarem aos seus executivos o uso desta plataforma de comunicações instantâneas.
A criptografia de ponta a ponta do WhatsApp não é suficiente
Ainda que o conteúdo das mensagens e comunicações efetuadas através da WhatsApp não seja conhecido pela empresa, uma vez que está protegido por uma chave criptográfica a que só o remetente e destinatário têm acesso, tal não é suficiente.
Isto porque, mesmo assim, existirão maneiras de aceder a essa informação através dos dados deixados nos servidores do WhatsApp que, caindo em mãos erradas, podem ser usados para reconstruir as mensagens. O caso foi exposto pela 4gnews recentemente.
O CEO da Telegram usa este argumento para relembrar que, não só a Telegram também utiliza encriptação de ponta a ponta, como bloqueou possíveis vetores de ataque como o supracitado. Mais ainda, relembra que podem existir outras brechas e canais de acesso que ainda não foram descobertos e cuja encriptação pode criar uma falsa sensação de segurança.
Pode ainda ser dito que a Telegram implementou a encriptação de ponta a ponta anos antes da WhatsApp. Durante esse tempo terá aprendido a fortalecer potenciais canais de ataque, ou vulnerabilidades no sistema.
Como o coloca Durov "A Telegram lançou a criptografia de ponta a ponta para a comunicação em massa, anos antes do WhatsApp e temos em atenção não só as suas potencialidades, como também as limitações desta tecnologia."
Durov expõe a potencial inutilidade da criptografia de ponta a ponta
A criptografia de ponta a ponta é uma medida de segurança eficaz e fiável, no entanto, o comportamento dos utilizadores pode comprometer a sua efetividade ao ponto de se tornar inútil. Durov aponta aqui a integração de serviços de terceiros para proceder a cópias de segurança das mensagens e chats do WhatsApp.
Por exemplo, ao fazer uma cópia de segurança para a iCloud, serviço não cifrado, o utilizador pode expor os dados que o WhatsApp tenta proteger através da encriptação. Durov aponta que este tipo de backdoors são comuns e, quando detetados, "são camuflados pelas empresas como falhas de segurança acidentais".
"Só no último ano (2020), foram detetadas 12 falhas de segurança no WhatsApp. Sete das quais foram críticas (...). Alguns podem dizer que o WhatsApp continua a ser muito seguro, mas ter sete backdoors expostas nos últimos 12 meses não é propriamente um indicador de segurança", destaca o CEO da Telegram.
A Telegram é uma plataforma de código aberto, o WhatsApp é fechado pelo Facebook
Por fim, Durov refere que a sua plataforma tem código aberto, sendo um projeto open source disponível para todos. O CEO afirma que este espírito de abertura permite beneficiar do conhecimento e pesquisa desenvolvida por programadores independentes que também ajudaram a reforçar a Telegram e a respetiva segurança.
Por outro lado, o WhatsApp é uma plataforma fechada, detida pelo Facebook. É um serviço em que apenas os executivos do Facebook sabem o que acontece e, apenas estes, controlam a sua orientação.
Pavel Durov insta os utilizadores a manterem-se atentos ao "circo tecnológico" e a desconfiar de palavras sólidas como chavões de segurança. O executivo fundamenta todas as alegações na sua publicação recente.
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