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Usar IA para lidar com o despedimento? Recomendação da Xbox gera críticas

Publicação de produtor da Xbox sobre uso de IA para gerir emoções após despedimento revolta profissionais da indústria dos jogos e é rapidamente apagada.

imagem da logo da microsoft, da xbox, do chatgpt e do copilot
Imagem: edição de Colleen Michaels / Shutterstock.com

No meio de uma das maiores vagas de despedimentos da Microsoft, um produtor executivo da Xbox decidiu recomendar o uso de inteligência artificial para ajudar trabalhadores despedidos a lidar com o impacto emocional.

A publicação — entretanto apagada — gerou polémica, especialmente num sector já fragilizado por cortes e encerramentos de estúdios.

IA para lidar com o desemprego?

Matt Turnbull, produtor executivo nos Xbox Game Studios, publicou recentemente uma mensagem no LinkedIn a sugerir que ferramentas como o ChatGPT e o Copilot podem ser úteis para profissionais do sector dos videojogos que perderam o emprego. O produtor acabou por remover a publicação, mas a mensagem foi captada pelo Aftermath.

Na mensagem, Turnbull afirmou que “seria negligente se não tentasse oferecer o melhor conselho possível nestas circunstâncias”.

A sugestão surgiu após uma série de despedimentos que afetaram várias divisões da Microsoft, incluindo cancelamentos de jogos, encerramento de serviços, estúdios eliminados e o corte de até 9.100 funcionários em toda a empresa.

Segundo Turnbull, apesar de compreender que ferramentas de IA suscitam “sentimentos fortes”, elas podem ajudar os afetados a lidar com a “carga emocional e cognitiva que acompanha a perda de emprego”.

Conselhos sob a forma de prompt

No texto que chegou a ser publicado, Turnbull partilhou várias ideias práticas sobre como usar IA para navegar a fase pós-despedimento:

Planeamento de carreira

  • “Atua como coach de carreira. Fui despedido de uma função na indústria dos videojogos. Ajuda-me a elaborar um plano de 30 dias para me recompor, pesquisar novas vagas e começar a candidatar-me sem me esgotar.”
  • “Para que tipos de empregos na indústria dos videojogos eu poderia adaptar-me com experiência em [Produção/Narrativa/LiveOps/etc.]?”

Revisão de currículo e LinkedIn

  • “Aqui está o meu currículo atual. Envia-me três versões personalizadas: uma para cargos AAA, uma para cargos de plataforma/publicação e uma para liderança de startup/pequeno estúdio.”
  • “Reescreve este tópico do currículo para destacar o impacto e as métricas.”
  • “Cria uma nova secção ‘Sobre mim’ no LinkedIn que se concentre no meu estilo de liderança, cargos já ocupados e visão para o desenvolvimento de jogos.”

Networking e contactos

  • “Elabora uma mensagem amigável que eu possa enviar a antigos colegas de trabalho, informando-os de que estou a explorar novas oportunidades.”
  • “Escreve uma mensagem de apresentação calorosa para entrar em contacto com alguém do [nome do estúdio] sobre uma vaga de emprego.”

Confiança e gestão emocional

  • “Estou a sofrer com a síndrome do impostor depois de ser despedido. Podes ajudar-me a reformular esta experiência de forma a lembrar-me do que faço bem?”

No final da mensagem, Turnbull sublinhou:

“Nenhuma ferramenta de IA substitui a tua voz ou a tua experiência de vida. Mas, num momento em que a energia mental é escassa, essas ferramentas podem ajudar-te a sair do impasse mais rápido, com mais calma e clareza.”

Reações negativas forçaram remoção da publicação

A publicação não ficou online por muito tempo. Embora não se saiba exatamente porquê, os comentários partilhados noutros sites, como o Bluesky, indicam que a comunidade criativa não recebeu bem a proposta.

Muitos interpretaram a sugestão como insensível, especialmente vinda de alguém ligado à mesma empresa responsável pelos cortes. Num contexto em que a IA é vista como uma ameaça à estabilidade do sector criativo — e até como uma possível causa para os próprios despedimentos — a ideia de recorrer a chatbots para conforto emocional e aconselhamento profissional não caiu bem.

Contexto de um setor em crise

As palavras de Turnbull surgem num momento delicado para o gaming. Só nos últimos anos, a indústria enfrentou sucessivas rondas de despedimentos, cancelamentos de projetos e encerramento de estúdios, tendência que tem vindo a agravar-se desde 2023.

Além disso, a própria Microsoft reforçou o seu foco em IA, anunciando em janeiro um investimento de 80 mil milhões de dólares em infraestrutura de inteligência artificial. Recentemente, a empresa emitiu ainda um comunicado a destacar a obrigatoriedade do uso de IA no contexto de trabalho da Microsoft.

Para alguns, esta mudança de prioridades explica parte da instabilidade nas divisões criativas da empresa. Ainda assim, Turnbull tentou terminar a sua mensagem com otimismo: “Se isso ajudar, sente-te à vontade para partilhar com outras pessoas na tua rede. Continua gentil, continua inteligente, continua ligado.”

Mas nem todos acharam a mensagem gentil.

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Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e especializou-se a produzir conteúdos e tutoriais sobre aplicações e tecnologia. Consumidora de streamings e redes sociais, adora descobrir as novidades do mundo.