O teletrabalho e o retomar do ensino à distância farão com que a Internet se torne um bem quase de primeira necessidade. À medida que estudantes e população ativa em regime de teletrabalho, a manutenção do acesso à rede fixa de Internet é a prioridade das principais operadoras de Portugal, a MEO, NOS e Vodafone.
Recordamos as declarações à Renascença do coordenador da Unidade de Computação Científica Nacional da FCT que apontou, em março último, um aumento de 35% desde a declaração do estado de pandemia em Portugal. Desde então, a tendência manteve-se.
122 Gigabits por segundo, o pico de tráfego em março de 2020
A publicação apontou ainda que o novo recorde foi atingido no dia em que todas as escolas básicas e secundárias do país foram encerradas. Volvido quase um ano, milhares de funcionários e respetivas empresas adotaram novamente o teletrabalho.
As medidas de contenção para fazer frente à pandemia da COVID-19 colocam os portugueses atrás do computador, smartphone, tablet, smartwatch e smartband. Uma miríade de dispositivos ligados à Internet.
Isto já era previsto também pelas operadoras, com a MEO, NOS e Vodafone a tomar precauções e, sobretudo a MEO (Altice Portugal) a reforçar a infraestrutura de redes.
Em declarações à Renascença, o coordenador da Unidade de Computação Científica Nacional (FCNN), João Nuno Ferreira, apontou então que o tráfego de Internet aumentou 27% desde que se conformou o primeiro caso de infeção. Dados referentes a março de 2020 e cuja tendência se terá mantido desde então.
Ainda de acordo com esta fonte, ao tomar em consideração o dia em que foi declarado o estado de pandemia pela OMS, o tráfego de Internet em Portugal aumentou 34,6%.
Estes valores têm por base as estatísticas de tráfego colhidas pelo portal Gigapix. Aí, são registados picos e recordes sucessivos deste então que se viriam a transformar no "novo normal".
O pico foi registado pelo Gigapix, o ponto neutro de ligação em Portugal
O portal GigaPIX é, na prática, como o Ponto de Troca de Tráfego (Internet Exchange Point) português promovido e operado pela FCT|FCCN. É uma plataforma de troca de tráfego neutral e sem fins lucrativos com o objetivo de melhorar a qualidade da interligação das redes IP em Portugal.
Por outras palavras, o Gigapix é o ponto neutro de ligação por onde passa o tráfego de todas as operadoras nacionais - MEO, NOS, Vodafone, NOWO, etc. Isto permite-lhe compilar várias estatísticas e apurar, por exemplo, o volume de tráfego em Portugal.
A tendência de uso de Internet viria a aumentar, tal como previra o responsável por esta entidade. Em novo contexto de confinamento e perante o retomar do teletrabalho, estamos novamente dependentes da Internet.
Aliás, também com o retomar das atividades letivas através da Internet, a utilização da mesma irá aumentar. Agora não só as escolas básicas e secundárias, mas também as instituições de ensino superior que encontram nas aulas online o único método letivo.
Os dados mais recentes do portal Gigapix mostram-nos vários padrões de comportamento em Portugal no acesso à rede fixa de Internet. Acima vemos o mais recente gráfico com o tráfego diário distribuído ao longo do dia.
O pico foi de 98,83 Gbps, com uma média de 66,25 Gbps. O período de calma dá-se entre as duas da madrugada e as oito da manhã. Já o período de maior atividade dá-se entre as 10 da manhã e as 12, com a pronunciada pausa para almoço e o retomar das atividades a pós as 14 horas.
Atendendo à distribuição mensal do tráfego de Internet, vemos um padrão bem definido nas primeiras semanas do ano. Temos ainda as últimas semanas de dezembro, altura em que o tráfego foi menor.
Olhando para os valores e distribuição anual no acesso à Internet vemos um claro crescendo. Aliás, o mês de março - data em que a Renascença avançou a sua reportagem, passamos por vários novos picos. O maior ocorreu no final de maio de 2020.
Apura-se também um segundo pico entre outubro e novembro do último ano, com um notório decréscimo em dezembro do mesmo ano, sendo de esperar um novo crescimento de janeiro em diante.
Note-se ainda que os gráficos apresentam os valores médios e não os picos de tráfego, pelo que o recorde de março último já deverá ter sido superado.
Foram desafios sucessivos para a MEO, NOS e Vodafone
Ainda de acordo com o coordenador da FCNN, operou-se uma inversão no tipo de tráfego. Ao passo que no passado era nos campi universitários que importado o maior volume de tráfego, passou-se a exportar bastante tráfego a partir destas localizações.
Atualmente exporta-se mais tráfego a partir das universidades, uma vez que os docentes podem dar as aulas na universidade para os alunos que estão em casa, anteriormente o tráfego era importado para os campi, quando os alunos estavam nas instalações. O "antes" da pandemia em que era necessário "puxar" tráfego para dar resposta às necessidades dentro das universidades.
Esta mudança de paradigma trouxe novos desafios para as operadoras nacionais como a MEO, NOS, Vodafone e NOWO e deverá manter-se enquanto tivermos que implementar medidas de contenção e distanciamento social.
A MEO, NOS e Vodafone reforçaram a capacidade das redes
Em declarações à agência Lusa, citada pela Renascença, as três maiores operadoras - MEO, NOS e Vodafone - afirmam ter reforçado a capacidade das respetivas redes. A Vodafone vai mais além e afirma que, por defeito, a sua estrutura está dimensionada para suportar picos de utilização.
Mesmo assim, também a Vodafone terá reforçado a "monitorização das suas redes. Adotando, para tal, medidas excecionais de otimização das mesmas consoante a evolução da situação, de forma a garantir o melhor desempenho possível do seu serviço".
No que lhe concerne, a MEO terá visto um conjunto de medidas de reforço a serem implementadas. Algo que a sua dona, Altice Portugal, já frisou em ocasião passada. A empresa de Alexandre Fonseca afirma estar preparada para o "aumento significativo de tráfego na rede fixa de Internet".
Por fim, também a NOS terá então tomado as providências necessárias. Tudo para que a manutenção do acesso à rede de Internet seja mantida.
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