A estreia do filme The Post, no dia 25 de Janeiro em Portugal, deu-nos a conhecer a interpretação da história dos "Pentagon Papers", como talvez nenhuma produção cinematográfica o tenha feito.
Steven Spielberg é o realizador que assume a responsabilidade de retratar o escândalo do Pentagon Papers que explodiu durante o mandato de Nixon como presidente do EUA.
A polémica envolvida na intervenção militar dos Estados Unidos na guerra do Vietname, com a desaprovação cada vez mais crescente dos cidadãos norte-americanos fez levantar várias desconfianças, uma delas seria qual a verdadeira necessidade da presença cada vez maior de militares no terreno.
The Post conta com grandes interpretes, nomeadamente Meryl Streep e Tom Hanks!
Decorria o ano 1971, quando o jornal nacional New York Times, publica parte da documentação que tinha sido reunida pelo então, secretário da defesa Robert Mcnamara (interpretado no filme por Bruce Greenwood), na qual este admitia que a guerra estava ser expandida por parte dos EUA, quando anteriores governações já tinham afirmado que não deveria ser feito, sendo que a situação estava a prejudicar cada vez mais a população norte-americana.
Um funcionário do Pentágono, Daniel Ellsberg, copiou secretamente, durante um ano, o documento de 47 volumes e fê-lo chegar clandestinamente à redacção do New York Times.
Após esta edição explosiva desse jornal, o Supremo Tribunal (e segundo relato da história, por intervenção de Nixon), proíbe a Imprensa de publicar mais dados do documento.
Nesta altura, o jornal The Washington Post, administrado por Kay Graham (Meryl Streep), está a passar por uma crise financeira, mas quando o jornalista deste jornal Ben Bagdikian (Bob Odenkirk) consegue obter a documentação completa do Pentagon Papers, o seu editor, Ben Bradlee (Tom Hanks), vê uma oportunidade do The Post ultrapassar todas as dificuldades.
A tensão psicológica que o espectador presencia, entre os actores sobre o jornal publicar ou não mais dados sobre os documentos que o podem prejudicar, é bastante intensa. É genial ver a determinação de Meryl, ao mesmo tempo que passa por momentos de grande fragilidade.
O vigor com que o público vê Tom Hanks interpretar Ben, dando ao drama ainda mais realismo e uma forte carga emocional, também torna o filme ainda mais interessante. A história de Steven Spielberg é bastante fiel à realidade, sem ter que estender muito os pormenores.
O realizador consegue salientar a importância da liberdade de imprensa para a divulgação das notícias e esclarecimentos de factos e não só, mas também a resiliência de uma mulher que enfrenta os preconceitos de uma época onde praticamente só os homens é que lideravam e, mostra de uma forma simples, as fraquezas e os abusos de uma governação.
Um filme que é a versão cinematográfica de "Pentagon Papers"...
O espectador consegue facilmente reportar-se à situação actual da política americana de Donald Trump no que se refere, às relações difíceis e por vezes conflituosas entre esse e os órgãos de comunicação social.
The Post resulta muito bem, e junta pela primeira vez dois grandes nomes do cinema mundial: Meryl Streep (nomeada para os Óscares pela 21.ª e que faz dela, a actriz com mais nomeações de sempre) e Tom Hanks.
Há que salientar também a excelente composição sonora de John Williams, que acompanha há já alguns anos Steven Spielberg.
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