Durante anos, jogar em Linux era sinónimo de perda de desempenho. Por esse motivo, os resultados dos testes mais recentes da Ars Technica surpreenderam ao mostrar uma mudança radical: o SteamOS 3.7 está, em muitos casos, a superar o Windows 11 na execução de jogos AAA em portáteis como o novo Lenovo Legion Go S.
A diferença não está apenas nos números, mas também na experiência real de jogo. E sim, estamos a falar de mais FPS sem ajustes complexos ou instalação de controladores “não oficiais”.
Testes lado a lado no Legion Go S
A nova análise da Ars Technica foi feita com um Lenovo Legion Go S, que passou por testes de desempenho com cinco jogos 3D lançados nos últimos cinco anos, todos com versões nativas para Windows, claro, mas executados no SteamOS através do Proton.
O mesmo hardware foi utilizado com ambos os sistemas: primeiro com o SteamOS 3.7 pré-instalado (fornecido pela própria Lenovo), depois com o Windows 11 instalado manualmente, incluindo os controladores oficiais da marca.
Numa fase inicial, não foi possível testar Doom: The Dark Ages no Windows, pois o jogo recusava-se a correr devido a “controladores desatualizados”. A solução encontrada passou por substituir os controladores gráficos da Lenovo (de Janeiro) por versões mais recentes lançadas pela Asus para o ROG Ally (de Maio), compatíveis com o mesmo chip da AMD.
Embora este ajuste não represente a experiência típica de um utilizador comum, foi essencial para igualar ao máximo as condições e permitir comparações reais.
SteamOS mostra clara vantagem na maioria dos jogos
No total, 4 dos 5 jogos testados apresentaram melhor desempenho no SteamOS. Apenas o Borderlands 3 registou números ligeiramente superiores no Windows. Nos restantes casos, a diferença esteve longe de ser marginal.
Por exemplo, em Returnal com gráficos “Altos” e resolução 1920×1200, o SteamOS atingiu uma média de 33 FPS. O Windows, com os controladores da Lenovo, ficava-se pelos 18 FPS. Um salto de desempenho superior a 80%.
Mesmo com os controladores atualizados da Asus, o Windows continuou a perder para o sistema da Valve. No teste com Homeworld 3, o modo “Low” conseguiu quase igualar os resultados do SteamOS. Noutros jogos, no entanto, as taxas de fotogramas ainda ficaram entre 8% e 36% abaixo. Ou seja, mesmo com otimizações manuais, o Windows não conseguiu recuperar a vantagem.
SteamOS ainda tem obstáculos, mas já é uma vantagem competitiva
Claro que o SteamOS ainda não é a solução perfeita para todos os jogadores. Muitos títulos populares continuam sem suporte oficial, e alguns exigem truques complexos para funcionar. A compatibilidade com hardware não-Valve também não é total: GPUs da Nvidia, CPUs da Intel e até alguns chips AMD mais recentes ainda ficam de fora.
Mesmo assim, os dados são claros: em sistemas compatíveis, o SteamOS oferece uma experiência superior nos jogos. O SteamOS é muito mais leve do que o Windows. Livre de tarefas de fundo desnecessárias, atualizações constantes e software pré-instalado de terceiros, o sistema da Valve permite que os recursos do hardware sejam utilizados quase exclusivamente para o jogo.
Para quem procura um portátil gaming, parece haver muitas vantagens em optar pelo Legion Go S, o primeiro modelo gamer projetado especificamente para funcionar com Windows 11 ou com o SteamOS.
