Quando achamos que já vimos tudo, aparece sempre uma nova história a provar-nos que não é bem assim. Posto isto, a novidade é que a Starlink, empresa de Elon Musk, mostrou a Internet a uma tribo na Amazónia e a comunidade gostou… se calhar, até demais.
De acordo com o New York Post, os membros mais velhos da tribo têm-se queixado que os mais novos estão completamente viciados em redes sociais e em pornografia. Recorde-se que estes tiveram o primeiro contacto com a Internet, há cerca de 9 meses.
A pornografia tem gerado preocupação junto da tribo
Naturalmente, esta chegada gerou duas reações distintas: os curiosos que querem explorar e os que não têm qualquer vontade de conhecer o mundo tecnológico. A tribo Marubo tem cerca de 2 000 membros, no Brasil, e está a descobrir os (des)encantos da web.
Numa entrevista dada ao The New York Times, uma senhora de 73 anos da tribo deu a sua perspetiva sobre a situação. No entender de Tsainama Marubo, “os jovens ficaram preguiçosos por causa da internet, estão a aprender os costumes dos brancos”.
Particularmente a questão da pornografia, tende a ser um problema cultural dentro da tribo. Isto porque, aparentemente, os Marubo são contra beijos em público, por exemplo. Logo será de prever que vídeos explícitos possam causar algum desconforto.
No fundo, a conclusão é simples: a ideia de Elon Musk veio agitar as águas e, mais do que tudo, dividir opiniões, na tribo Marubo. Segundo o New York Post, alguns jovens têm partilhado vídeos sexuais em conversas de grupo e exibido “comportamento sexual mais agressivo”.
Nos mais velhos, isso gera alguma preocupação, no que toca à vontade dos mais novos em experimentar certas coisas. Mais do que o simples experimentar, a forma como o fazem também levanta alguma apreensão.
O uso da Internet gera opiniões bastante divergentes dentro da tribo
Por um lado, há quem reconheça, dentro da tribo, que a Internet já salvou vidas, por permitir ligar a contactos de emergência. Por outro lado, testemunhos da tribo Marubo reconhecem que há quem já pouco fale com as famílias, de tão conectados que estão.
Em entrevista ao The Times, um jovem da tribo brasileira afirma que foi desenvolvendo uma grande vontade de viajar pelo mundo fora. Outro jovem terá dito que a Internet o ajudou a descobrir que o seu sonho é ser dentista em São Paulo.
Ainda assim, a realidade está um pouco distante disso mesmo. Até porque, como refere um adulto da tribo, “se não caçar, pescar e plantar, nós não comemos”. Por isso, passar tardes inteiras a olhar para um ecrã pode incompatibilizar a vida na tribo Marubo.
Desta forma, os líderes da tribo começaram a colocar regras de utilização da Internet. Aos domingos, por exemplo, os mais jovens são proibidos de estar em frente aos ecrãs. No entanto, os pais acham que o vício poderá ter vindo para ficar.
Se as próprias tribos não têm opiniões iguais face à Internet, entidades oficiais e ativistas também não. Flora Dutra, ativista brasileira, ajudou na implementação destes recursos na tribo Marubo, que, no seu entender, já “queria e merecia” o acesso à Internet.
Em sentido contrário, algumas autoridades brasileiras temem que este tipo de implementação faça com que as tribos percam a sua cultura e costumes ao longo do tempo.