A herança era pesada para o novo jogo cooperativo (co-op) da Hazelight Studios. Afinal, o estúdio de Josef Fares é responsável por títulos como A Way Out e It Takes Two. Este último recebeu mesmo o prémio de Game of the Year em 2021.
Foi com as expectativas em alta que arranquei para esta aventura em que jogar sozinho não é uma opção. Mas desengane-se quem pense que isso é um entrave. Podemos fazê-lo localmente com outro jogador (como foi o meu caso) ou então online com amigos. Já havia jogado A Way Out e It Takes Two com a minha cara-metade, pelo que Split Fiction era obrigatório. E que viagem.
A história
As nossas heroínas em Split Fiction são Mio e Zoe. Duas escritoras com personalidades e estilos bem antagónicos. Mio é implacável e adora ficção científica, num estilo bem Cyberpunk. Já Zoe foca as suas histórias no género de fantasia, em mundos com trolls e fadas. E ambas anseiam ver as suas histórias publicadas.
As circunstâncias do jogo vão mesclar estes dois mundos e personagens, que terás de controlar com o teu parceiro de jogo. E já me imagino a repetir a dose, mas com o comando na personagem oposto dessa vez. O resultado é surpreendente.
Diversidade, risos, espanto e divertimento
Haveria muitos adjetivos para descrever Split Fiction. Sinto que é um It Takes Two em esteroides. Algumas das mecânicas são-nos familiares, mas a cada novo mundo ou história secundária, somos surpreendidos pela diversidade e detalhe que encontramos.
Vamos saltando entre a ficção científica, a conduzir motas a alta velocidade ou a quase nos encontrarmos numa homenagem a Space Impact e, de repente, estamos a passear por um mundo de trolls gigantes ou vemo-nos na pele de um gorila, um porco (e até uma salsicha) ou uma fada.
A história de Split Fiction leva-nos por histórias que Mio e Zoe escreveram, mas também por ideias inacabadas ou que tiveram em criança e que são muitas vezes as que arrancam mais gargalhadas. E mesmo com mundos bem diferentes, tudo nos parece fazer sentido ao longo das várias horas que jogámos.
À semelhança do GOTY do ano passado, Astro Bot que também jogámos, Split Fiction faz algumas homenagens mais ou menos vincadas a alguns clássicos da indústria do entretenimento. Desde Assassin’s Creed, a Dune ou até aos Três Pouquinhos, vais encontrar muitas referências.
Quantas vezes, para entrar em qualquer website, nos deparamos com a assinatura de termos e condições, aceitação de cookies ou captcha. Pois bem, e se estiveres no stress de uma missão e de repente esse for um dos desafios? É gargalhada garantida.
Certo é que é um jogo com bastante detalhe em cada história, seja ela principal ou secundária. Aconselho a que faças todas, pois há verdadeiras pérolas em algumas das 'sidequests'. Vais dar por ti algumas vezes a tentar descortinar como passar determinada fase do jogo, mas normalmente uma ação conjunta é sempre a resposta.
De realçar que para jogares com outro amigo, basta que apenas um de vocês possua o jogo. É promovido o denominado Friend’s Pass, para que possas convidar alguém para jogar contigo, mesmo que não tenha adquirido Split Fiction. E isso não diminuiu o sucesso do do título, que superou 1 milhão de unidades vendidas nas primeiras 48 horas.
Conclusão
Não sei se Split Fiction vai vencer o GOTY de 2025, mas tenho poucas dúvidas de que será um sério candidato. É daqueles jogos que conquista rapidamente e que, embora traga mecânicas que já conhecemos, consegue inovar na diversidade e evolução que revela face a projetos passados da Hazelight Studios.
Sou um fã assumido de jogos cooperativos e Split Fiction salta claramente para o topo dos meus favoritos, superando A Way Out e It Takes Two. Mostra como dois mundos tão antagónicos conseguem fazer tanto sentido. É um jogo obrigatório que te vai fazer saltar da cadeira, arrancar risadas e trazer grandes momentos com o teu parceiro de jogo.