A SPC não pretende reinventar a roda com o Dickens Light 2 Pro. A marca espanhola lançou o seu novo e-reader por 119,90 € (109,90 € em promoção) para fornecer uma alternativa sólida para quem valoriza certos aspetos nos seus leitores digitais. Neste artigo conto-te o que achei após uma semana de utilização.
Unboxing
Sem grandes surpresas aqui. Caixa simples com o produto em destaque como o SPC já nos habituou. Lá dentro, contém o e-reader, um cabo USB-C para USB-A e a documentação. O carregador, como habitual neste segmento de produtos, não vem incluído.
Design e construção
O corpo do Dickens Light 2 é construído em plástico, o que é normal neste tipo de equipamentos. Isso acaba por lhe conferir um aspeto mais modesto, mas para um produto que se quer leve e robusto, é uma excelente escolha para construção. Está disponível em preto ou neste azul, que seguramente não passa despercebido.
É um produto leve, com 186g (pesados na balança) e as dimensões são compactas, tornando-o confortável para segurar durante horas, mesmo com uma mão. O aparelho conta com um botão físico para ligar e desligar ao fundo, na moldura, e um botão frontal onde podes facilmente retroceder para o menu principal. Não, não é um botão para mudar de página.
A má notícia é a ausência de qualquer certificação de resistência à água. Algo que acaba por ficar reservado para modelos um pouco mais caros. Por isso, cuidado com líquidos por perto, seja em casa ou na praia/piscina. A excelente notícia é a inclusão de uma porta USB-C na base, o standard atual que facilita o carregamento e a ligação ao computador para transferência dos ficheiros.
Ecrã
O painel E Ink Carta de 6 polegadas deste Dickens Light 2 Pro fornece uma experiência de leitura confortável, com o essencial tratamento antirreflexo para ler sob sol direto. Quanto mais luz no interior, melhor vais conseguir ler um livro, numa experiência que fica bastante perto do papel.
Onde este ecrã brilha (literalmente) é na sua luz frontal integrada, que te permite ajustar a intensidade, mas também a temperatura da cor. Podes ter uma luz mais branca e fria para o dia, ou uma luz mais quente e amarelada para ler à noite, reduzindo a fadiga ocular e a exposição à luz azul. E podes adaptar tudo à medida que vais usando.
Onde ele fica aquém dos rivais diretos (Kobo, Kindle) é na resolução: os seus 1024 x 758 pixels resultam numa densidade de 212 ppi. O texto é legível? Sim, perfeitamente. Mas se estiveres habituado à nitidez dos painéis de 300 ppi, vais notar que as letras são ligeiramente menos definidas, especialmente em tamanhos de fonte mais pequenos ou em caracteres complexos.
Desempenho e leitura
Embora a SPC não divulgue as especificações do processador ou da RAM, aquilo que sentimos é que o desempenho é bom para um e-reader. Isto significa que podes esperar virar de páginas de forma rápida (dentro das limitações da tecnologia E Ink, claro), navegar pela tua biblioteca e pelos menus sem grandes atrasos ou frustrações.
O aparelho lida bem com os formatos de e-book mais comuns (ePub, PDF, Mobi, etc.). A experiência de leitura em si é agradável, com um painel sensível ao toque, botões de apoio e luz adaptável. Outra vantagem significativa é o armazenamento: além dos 8 GB internos, tens um slot para cartões Micro SD (até 32GB).
Se tens uma biblioteca gigante ou muitos PDFs, esta flexibilidade de armazenamento é um ponto a favor que já não encontras na maioria dos e-readers modernos.
Software e Ecossistema
É aqui que tens de ponderar bem se o Dickens Light 2 Pro é para ti. O software é funcional, mas pouco polido. Tens as opções essenciais de leitura (tipos de letra, margens, marcadores, dicionário). E é basicamente isso. Nem sempre os controlos e a forma como os menus estão estruturados me pareceu a mais intuitiva.
Também é bom referir que não conta com uma loja de livros integrada. Para leres neste SPC, tens, na maioria dos casos, de ser tu a tratar de tudo: encontrar os teus e-books noutras fontes, garantir que estão num formato compatível e sem DRM (ou saber como o remover), e depois transferir manualmente os ficheiros para o e-reader via cabo USB-C ou cartão Micro SD. Ponto positivo para alguns, negativo para outros.
No entanto, há aqui uma nuance importante para quem utiliza as bibliotecas públicas portuguesas. Nos meus testes confirmei que o SPC Dickens Light 2 Pro é compatível com a plataforma BiblioLED. Isto significa que, embora não tenhas uma integração direta via Wi-Fi como nos Kobo, poderás requisitar os e-books (normalmente em formato ePub com proteção Adobe DRM) através do portal da tua biblioteca no computador.
Depois só tens de descarregá-los e transferi-los manualmente para o teu SPC via USB-C ou cartão SD para leres os livros requisitados. Isto significa que te abre as portas ao catálogo digital das bibliotecas da rede DGLAB, o que acaba por lhe conferir uma grande vantagem concorrencial face aos Kindle que não são compatíveis com esta plataforma.
Autonomia
Neste ponto, não há muito a dizer, o que é bom sinal. A bateria de 1900 mAh, aliada à eficiência do E Ink, fornece a autonomia que esperávamos de semanas de leitura com uma única carga. A verdade é que, durante o meu período de testes não gastei sequer metade de bateria após mais de uma semana de uso.
Quando for preciso carregar, usas a porta USB-C, o que é prático e padrão em 2025. Podes usar o cabo providenciado na caixa ou então optar por um que já tenhas por casa.
Conclusão
Portanto, o SPC Dickens Light 2 Pro vale a pena? Depende muito daquilo que procuras e do que estás disposto a abdicar num e-reader. Se queres um aparelho acessível (a rondar os 109 € em promoção), leve, com uma luz frontal que é efetivamente boa (com ajuste de intensidade e temperatura de cor), uma porta USB-C e a flexibilidade quase esquecida de um slot para cartões MicroSD para expandires o armazenamento, tens aqui uma proposta interessante.
Junta-lhe a compatibilidade confirmada com o BiblioLED, que te abre as portas ao portefólio de livros digitais gratuitos das bibliotecas públicas portuguesas, e a excelente autonomia, e os argumentos a favor são claros. Mas tens de estar preparado para viver com um ecrã de resolução apenas mediana (212 ppi), software básico (que nem sempre é o mais intuitivo) e a ausência de uma loja integrada, o que te obriga a gerir e carregar manualmente a vasta maioria dos teus livros.
Se estes compromissos não te assustam e valorizas os pontos fortes mencionados, o SPC Dickents Light 2 Pro pode ser uma escolha pragmática e económica.