Esta é a notícia do dia, a Samsung tal como a conheces pode deixar de existir, dividindo-se em pelo menos duas empresas para desta forma amenizar o impacto negativo causado pelo Galaxy Note 7, para que as ondas de choque afetem menos setores desta gigante tecnológica mas, antes de mais, sabes como é que a Samsung, enquanto empresa, está organizada? Passo a explicar:
O modelo atual da Samsung
Esta empresa sul-coreana, tal como a LG, a Hyundai e várias outras gigantes asiáticas, seguem um modelo tradicionalmente apelidado de "chaebol". Passo a traduzir, "Chae" significa riqueza/lucro e "bol" significa clã, família, grupo. Este é o ponto de partida para entenderes o status quo destas empresas, elas são geridas como um grupo unido de vários departamentos, ou melhor, uma família, um conglomerado industrial.
O clã funciona da seguinte maneira. A família dominante tem uma presença inquestionável e majoritária em todos os departamentos do conglomerado industrial que é a Samsung. Isto assegura que nenhum terceiro, nenhum forasteiro possa quebrar este conglomerado. Contudo, acaba por entronizar a família dominante, qual monarquia absoluta que dita o futuro e os desígnios da empresa. Em suma, as ordens da direção, cuidadosamente perpetuada na família, não admitem objeção por parte dos investidores e acionistas. As ordens vem do topo e são para se cumprir.
Ora, tendo em conta o impacto negativo que a dupla recolha do Galaxy Note 7.
A mudança, inevitável ou necessária?
Todas as grandes empresas possuem um orgão chamadoconselho de diretores ou painel de direção. Este conselho/ painel representa os interesses dos investidores e costuma ser formado por pessoas de diversas áreas de dentro e de fora da empresa. O seu papel é agir como advogados dos acionistas e investidores, equilibrar os interesses e assegurar-se de que todos minimamente satisfeitos. O "Chairman" é o chefe deste conselho de diretores.
Voltando ao presente e às novidades oriundas da última reunião do painel de diretores da Samsung, a hipótese de reestruturação foi colocada em cima da mesa, bem como outras soluções para maximizar os dividendos. Recentemente, o painel de direção instituiu o filho do atual "Chairman" como o mais recente membro deste painel de direção, uma decisão que poderá levar a algumas mudanças drásticas, pelo menos para os padrões sul-coreanos.
Pode ler-se num dos excertos desta última reunião: " A Samsung Eletronics tem tomado vários passos para simplificar o seu modelo operacional e para se concentrar nas áreas/núcleos essenciais, estes esforços têm vindo a ser tomados há já vários anos e continuamos a analisar novas oportunidades para otimizar o nosso valor a longo prazo. Isto incluir a possibilidade de criar uma nova empresa para poder usufruir das vantagens de estar cotada no mercado bolsista internacional.
Determinar e escolher o melhor modelo operacional é um processo extremamente complexo e implica um esforço estratégico, operacional, legal e financeiro. A empresa solicitou a opinião de vários conselheiros externos e pediu uma análise extensiva para se apurar qual seria o melhor modelo operacional."
Esta declaração não deixa antever qualquer decisão por parte do painel de diretores da Samsung, tampouco as suas preferências. De momento podemos concluir que a empresa está a considerar todas as opções que se lhe apresentam para se precaver perante futuros percalços e para aumentar os seus lucros no final do mês mas podermos ter que esperar cerca de 6 meses até que as conclusões dos conselheiros estejam todas em cima da mesa e uma decisão final seja tomada.
Por último, a simples ideia de que o voto dos simples acionistas, e de qualquer pessoa que, futuramente, possa comprar uma ação da Samsung, tenha algum peso, alguma significado e interferência no processo de decisão e de implementação de novas estratégias da Samsung é algo completamente novo, algo inédito e que demonstra o quanto a Samsung está disposta a mudar para evitar que um novo Galaxy Note 7 lhes expluda nas mãos.
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