No início de julho, com pompa e circunstância, a Samsung apresentou a sexta geração do seu dobrável concha. À primeira vista, o Galaxy Z Flip6 chega com poucas alterações no design, mas com várias surpresas no seu interior.
Ora uma das principais e mais aguardadas novidades são os populares recursos Galaxy IA. Na realidade, a ideia da gigante sul-coreana seria colocar todo o universo Samsung, à disposição do utilizador, num formato de bolso. Mas será que foi bem-sucedida?
Nas últimas duas semanas, o Galaxy Z Flip6 acompanhou-me na minha rotina – e no meu bolso –, agora é chegado o momento de partilhar contigo toda a experiência Galaxy Flip.
Unboxing
Acabem-se já com algumas expetativas. A experiência unboxing do Galaxy Z Flip6 é curta e objetiva, ao contrário do que acontece com alguns modelos do segmento premium.
Tudo porque na caixa só vais encontrar o terminal (claro), a ferramenta para cartões SIM e um cabo de carregamento USB-C. Sim, não inclui carregador.
Ainda que esta opção seja justificada pelas diretrizes da União Europeia, não posso deixar de referir que é uma surpresa menos agradável, tendo em conta que este smartphone tem um custo a começar nos 1.249,90 €.
Por este valor, a Samsung podia ter incluído um carregador, como algumas das suas rivais ainda o fazem nos modelos premium do seu leque de ofertas.
Não é uma falha crítica, mas é uma ausência notada e sentida, sobretudo pelo investimento que os utilizadores são levados a fazer para ter este Flip na sua mão.
Design quase sem alterações e construção robusta
Em relação ao design, o Galaxy Z Flip6 apresenta o mesmo do modelo anterior, mas com algumas diferenças subtis. O mecanismo de dobradiça parece ter sido atualizado e fornece uma boa sensação de resistência e durabilidade no tempo.
Este mesmo mecanismo também não permite que o Flip6 seja aberto apenas com uma mão. Pelo menos, eu não o consegui fazer.
Na minha opinião, esta é uma vantagem, visto que não só mostra como a dobradiça é robusta, como também está preparada para evitar quedas acidentais. Sim, porque é bastante mais fácil deixar cair o smartphone quando o usamos só com uma mão.
E ninguém quer deixar cair o Galaxy Z Flip6 com um custo superior a 1.200 €, por exemplo, num chão de mármore, certo?!
Ao fim de duas semanas de utilização, com várias aberturas e fechos, o vinco no ecrã era muito pouco percetível. Esta é uma boa notícia, mas claro que só ao fim de mais tempo de utilização é possível verificar quais as reais melhorias neste campo. Para já, parece melhor.
O Samsung Galaxy Z Flip6 consegue transmitir uma sensação premium, graças ao generoso ecrã exterior de 3,4 polegadas e à sua construção robusta. O painel traseiro em vidro é resistente, muito agradável ao toque e, no caso do modelo azul em teste, imune a dedadas que estraguem o seu estilo.
De resto, quando dobrado as duas metades ficam bem assentes uma na outra com uma pequena fenda que serve para proteger as duas metades do ecrã principal.
Destaque para este tamanho compacto muito amigo de ser transportado no bolso. Fechado as suas dimensões são 85,1x71,9x14,9 mm, tendo apenas 187 gramas de peso.
Tudo somado, o Galaxy Z Flip6 apresenta um design com melhorias funcionais que são mais bem-vindas do que as de estilo. É um smartphone charmoso, mas com uma notória aposta numa construção robusta e resistente, capaz de acompanhar os utilizadores em todas as suas aventuras e por um período mais prolongado no tempo.
Ecrãs: para o bem e para o mal
Um dos grandes atrativos dos smartphones dobráveis são os seus dois ecrãs. No ano passado, a Samsung aumentou significativamente o painel exterior do seu modelo Flip para 3,4 polegadas. Este ano, o tamanho é o mesmo e a sua utilidade torna-se inquestionável.
No painel exterior é possível desbloquear o terminal e ter acesso a algumas funcionalidades. Por defeito, meteorologia, calendário, alarmes no primeiro ecrã e no segundo, calculadora, gravador e algumas métricas de atividade física, sob a forma de anéis de atividade.
É inquestionável o jeito que este pequeno painel dá ao utilizador no seu dia a dia para ver horas, dia da semana, compromissos, fazer contas, etc, sem ser necessário abrir o telefone. Tal permite também poupar o mecanismo de dobradiça de abrir a cada cinco minutos para tarefas simples e rápidas.
O utilizador pode também personalizar o ecrã de bloqueio com várias opções interessantes fornecidas pela Samsung.
Agora vamos à parte menos positiva. Este painel continua a ser pequeno para qualquer tipo de operação. E isso fica a dever-se a uma moldura que, com um pouco mais de esforço para não importunar o módulo de câmara, podia ser reduzida.
Não me interpretem mal, as 3,4 polegadas são um tamanho bastante bom para este tipo de modelo concha, mas há ainda espaço para melhorar mais um pouco…talvez para o ano, Samsung?
Já o ecrã principal tem 6,7 polegadas e uma resolução de 2640 por 1080 pixéis. Mas o que o torna realmente bom é o facto de ser AMOLED. Graças a este tipo de painel, a visualização dos ícones é fantástica, o que facilita a navegação por todas as funcionalidades.
Este ecrã também lida bem com qualquer tipo de conteúdo, exibindo imagens de qualidade em vídeos, jogos e filmes e séries. Mas… é novamente a moldura que atrapalha a experiência de visualização.
Menos moldura deixaria este painel AMOLED brilhar em desempenho ainda que a sua resolução possa também melhorar.
Desempenho garantido por chip de topo
O Samsung Galaxy Z Flip6 está equipado com o atual processador premium da Qualcomm, Snapdragon 8 Gen 3. O modelo em teste com 12 GB de memória RAM e 512 GB de capacidade no armazenamento interno.
Nada a apontar no que diz respeito ao desempenho deste smartphone. Não há “soluços” e qualquer tarefa a que se proponha é executada rápida e eficazmente. Acrescente-se ainda que este processador está devidamente preparado para lidar com os recursos baseados em Inteligência Artificial e, nem uma única vez, desapontou nesse setor.
Para os utilizadores que dão prioridade ao desempenho, o Galaxy Z Flip6 vai entregar mais do que se espera num formato compacto amigo do bolso.
Saliente-se que neste ponto em específico, o dobrável justifica o investimento elevado do seu preço. Fornece um desempenho premium, uma navegação suave e fluida e nem uma única vez se queixa, por muito exigentes que sejamos.
O Flip6 executa Android 14 sob a interface One UI 6.1 e aqui a grande novidade são mesmo os recursos Galaxy IA, mas estes têm um capítulo reservado para si.
Outro ponto bastante positivo é que, de acordo com a política da Samsung, o pequeno dobrável tem direito a sete anos de atualizações de software e de segurança.
Esta é outra razão que pode justificar o investimento alto feito neste dobrável. O utilizador terá de desembolsar um valor bastante generoso agora, mas, em contrapartida, fica com um modelo à prova dos próximos anos.
Os recursos Galaxy IA
Vamos então a outro grande argumento de compra deste Flip6: os recursos Galaxy IA. Pesquisa Circle to Search, tradução em tempo real, assistente de desenho, de navegação, de fotografia, transcrição, etc.
Todas estas funcionalidades disponíveis num terminal compacto que cabe no bolso. Sei que estou a repetir-me com esta característica, mas geralmente, as marcas tendem a reservar alguns atributos de topo para os modelos dobráveis Fold.
A gigante sul-coreana optou (e bem) por não deixar nada de fora e colocar todo o novo universo Samsung num formato de bolso. O resultado? Fantástico!
Devido à minha rotina profissional e pessoal, recorri mais aos recursos relacionados com a aplicação Notas e fotografia. Quanto às notas, os resumos são excelentes ao incluir as informações realmente importantes. Nota máxima também para a rapidez com que estes resumos são gerados.
Quanto aos recursos IA da fotografia, concentrei-me na edição de imagem. Neste ponto, duas experiências distintas que passo a descrever.
É simplesmente fenomenal poder remover objetos e/ou pessoas de uma imagem, sem deixar qualquer vestígio para trás. O Galaxy Flip6 fê-lo com um brilhantismo surpreendente, tal como pode ser visto nos exemplos acima.
Removeu pessoas e uma quantidade considerável de barcos, mantendo a integridade da imagem e sem deixar qualquer pista (ou espaço em vazio) que indicassem a anterior presença. Parabéns, Samsung!
Depois utilizei também as várias opções disponíveis no modo “estúdio fotográfico” para alterar fotografias de mim própria. Aqui a experiência não podia ter sido mais divertida. Por alguma razão desconhecida, por várias vezes, este recurso IA transformou-me num boneco animado masculino.
Pensei que seria por estar com o cabelo apanhado, mas mesmo de cabelo solto ao vento, vi-me novamente numa versão masculina. Saliente-se que em outras opções deste modo fui reconhecida como elemento integrante do género feminino.
Mas a experiência foi em tudo divertida e com este recurso Galaxy IA a provar que consegue manipular à séria as imagens que lhe são propostas.
Contas feitas, há que felicitar a Samsung por estes recursos e reconhecer que estão repletos de razões para a sua popularidade entre os utilizadores.
Câmara melhorada e nota-se
Uma das grandes atualizações trazidas pelo Galaxy Z Flip6 é o sensor principal de 50 megapixéis com abertura f/1.8 e estabilização de imagem. Recorde-se que o modelo anterior tem um sensor primário com 12 megapixéis. A ultra grande angular mantém a mesma resolução do antecessor, ou seja, 12 megapixéis.
Todos sabemos que as câmaras dos smartphones dobráveis não são o seu melhor argumento de compra, mas a Samsung melhorou bastante a câmara do novo Flip. Deu-lhe novo hardware e ainda juntou uns pozinhos de software para melhorar os resultados.
Foi bem-sucedida, o dobrável capta boas imagens, com cores reais e detalhe suficiente, lidando bem com a luz do Sol. À noite, a paisagem urbana também foi captada em todo o seu esplendor noturno.
Já a fotografar mais de perto um objeto – no caso as flores rosa – o flash conferiu algumas tonalidades amarelas. Ainda assim, o nível de detalhe e nitidez são bastante bons.
Com a silhueta humana, a câmara portou-se bastante bem, conseguindo captar com qualidade a textura do fundo e a sombra projetada.
Destaque ainda para o modo retrato que entrega resultados com alta qualidade de nitidez e detalhe, como se pode ver na fotografia aqui apresentada com o elemento felino.
Por sua vez, a câmara frontal com 10 megapixéis de resolução, não sendo fantástica, cumpre com o que é necessário, tanto nas videochamadas, como nas selfies de amadores.
Mas para utilizadores mais profissionais neste campo das selfies, esta câmara pode não ser a opção número um, visto que os seus resultados não vão deslumbrar.
Autonomia: ainda há espaço para melhorar
A Samsung atualizou a bateria do Galaxy Z Flip6 para uma unidade de 4000 mAh, tendo mantido o carregamento rápido de 25 watts. Pela minha experiência, aqui há espaço para melhorar.
Depois de um dia mais intenso na utilização, o pequeno dobrável pedia energia rapidamente. E atenção estamos a falar de um período de tempo de 10 a 12 horas e não das 24 horas de um dia.
É certo que a bateria é agora maior, mas o consumo de energia também. O processador potente em conjunto com os recursos Galaxy IA drenam o pobre dobrável.
Quanto ao tempo de carregamento, enfim com 25 watts, já se sabe que demora. Este é outro ponto que a Samsung terá de avaliar (e melhorar), tendo em atenção que estamos perante um modelo posicionado na faixa premium.
Mais: obviamente que os utilizadores vão recorrer bastante aos recursos Galaxy IA, portanto é melhor que os restantes componentes do terminal acompanhem e respondam às exigentes necessidades destas funcionalidades.
Notas finais
O Samsung Galaxy Z Flip6 tem três argumentos muito fortes a seu favor. Em primeiro lugar, o desempenho premium proporcionado pelo processador Snapdragon 8 Gen 3. O modelo lida bem com qualquer tarefa, por muito exigente que esta seja. Tanto na produtividade como no entretenimento, o pequeno dobrável vai fornecer um desempenho de qualidade que não vai desiludir ninguém.
O segundo argumento são os recursos Galaxy IA. A Samsung fez muito bem em incluir esse mimo. Estão garantidas horas de diversão com as funcionalidades direcionadas para a imagem, assim como está garantida a eficácia para pesquisas mais rápidas, além de os resumos e traduções serem recursos muito mais úteis e utilizados do que se pensaria.
Como último grande argumento, o seu tamanho compacto transportável aliado a uma construção robusta e design premium. Por outras palavras, é resistente, charmoso e cabe no bolso.
Agora, os pontos a melhorar. Em primeiro lugar, autonomia e carregamento rápido. Sim, tem uma unidade maior, mas ainda assim não é suficiente. Isto para não falar dos 25 watts no carregamento rápido. Por favor, vamos passar para o padrão dos 45 watts, pelo menos.
Já agora, se for possível reduzir as molduras dos dois ecrãs, também era fantástico. A experiência de visualização é boa, mas sem aquelas barras pretas podia ser fantástica.
Contas feitas, para os adeptos de smartphones dobráveis compactos, o Galaxy Z Flip6 é uma boa opção pelo seu desempenho, tamanho, recursos Galaxy IA e também pelos seus sete anos de atualizações. Claro que todos estes mimos, implicam um investimento acima dos 1200 €, mas para os fãs, vale a pena.
Samsung Galaxy Z Flip6
Processador Snapdragon 8 Gen 3
Ecrã principal 6,7 polegadas, 120 Hz, 2600 nits
