Uma das grandes novidades deste ano da Samsung foi o Galaxy Ring. Esta é a primeira incursão da marca sul-coreana num segmento de wearables que está agora em pleno desenvolvimento e crescimento.
É em tudo desejável para os utilizadores early adopters, mas será uma compra crucial para os adeptos de tecnologia? Passei as duas últimas semanas, com esta “aliança” no dedo e agora é chegado o momento de partilhar a experiência de vivência conjunta contigo. Alerta spoiler: o Galaxy Ring desperta corações tecnológicos.
Unboxing
O Samsung Galaxy Ring vem “embrulhado” numa caixa negra em tudo elegante. Quando aberta, imediatamente expõe o anel na sua caixa de carregamento transparente, numa revelação bastante sedutora, diga-se.
Mais alguma exploração na caixa leva-me a encontrar o cabo de carregamento USB-C e é isto. Já se sabe que a Samsung fez desaparecer os adaptadores de carregamento de todos os seus produtos, independentemente do seu custo.
Design e conforto na utilização
É a altura de abrir a caixa e experimentar este acessório high-tech. Para este teste, foi-nos cedida a variante em negro no tamanho 8 – existem nove tamanhos disponíveis. A primeira sensação é a ausência de peso. Estamos perante um anel que pesa singelos 2,7 gramas.
A partir daqui, durante toda a experiência de teste, foram várias as vezes em que toquei no dedo só para me certificar que o Galaxy Ring estava lá, seguro. E este peso pluma estende-se até ao tamanho maior – tamanho 13 – que é o mais pesado com 3 gramas.
Só por este facto, o Galaxy Ring é bastante mais confortável de usar que qualquer smartwatch, sobretudo na hora de dormir. Acomodado no dedo indicador, nem se dá pela presença do anel, mesmo durante as horas de descanso, seja à noite ou numa ocasional sesta.
Para esta sensação de conforto imbatível contribui também o design côncavo que se adapta na perfeição ao dedo e a estrutura em titânio que oferece uma sensação de suavidade na pele, mas dá-lhe também resistência suficiente para a rotina diária.
Sim, vamos bater algumas vezes com o Galaxy Ring em superfícies robustas e, de todas essas vezes, as consequências são sentidas no nosso coração com o susto. Mas nunca neste anel inteligente que resiste e bem a ser marcado para a vida. Já a classificação IP68 dá-lhe resistência à água, com banhos e as habituais lavagens de mãos durante o dia a fazê-lo brilhar na resistência e look.
De qualquer forma, deixo aqui um “aviso à navegação” especialmente para o público masculino. O Galaxy Ring é discreto, mas num sentido de ser uma aliança robusta. Para os utilizadores que não estão habituados a usar um anel, há um período de adaptação porque temos um “acessório estranho” entre os dedos. Mas, a bem da verdade, o seu peso pluma vai encurtar significativamente esse tempo de adaptação.
As apps e os recursos apenas disponíveis no ecossistema Samsung
Para testar o Galaxy Ring, instalei duas apps. A Galaxy Wearables e a Samsung Health. A primeira informa sobre a autonomia do anel, tem a opção para fazer as devidas atualizações e outros parâmetros relacionados com o funcionamento.
Já a Samsung Health dá-nos acesso a todos recursos de saúde e de desporto, assim como respetivas métricas registadas. Ambas as aplicações contam com interfaces muito fáceis de utilizar que recorrem à máxima sempre agradável de “o que estamos a ver é o que podemos fazer”.
Quando queremos ir para as opções de desporto, podemos fazê-lo logo na página inicial e o mesmo se passa com a parte dedicada à saúde. Nota máxima para as suas apps que, também muito rapidamente, deram pela presença do anel inteligente no meu dedo.
Testei o Galaxy Ring com um smartphone Android que não é Samsung, por essa razão algumas funcionalidades ficaram logo vedadas.
Mais especificamente, o duplo toque de dedos para controlar a câmara do smartphone ou desligar o alarme apenas compatível com modelos Samsung com One UI 6.1.1 ou superior, assim como o recurso Localizar o meu anel apenas disponível para smartphones Samsung com Android 11 ou superior.
Está aqui, aliás, um dos seus poucos desencantos. É uma deceção que alguns recursos do Galaxy Ring estejam apenas disponíveis dentro do ecossistema da Samsung. É fácil perceber a razão desta estratégia, até porque o cariz sedutor deste dispositivo pode conquistar novos utilizadores para a marca.
Mas, na minha humilde opinião, acho que o Galaxy Ring merecia ter essa independência para mostrar todo o seu poder e valor com smartphones fora do universo da gigante sul-coreana.
Recursos de desporto e a dependência do acelerómetro
O Galaxy Ring está equipado com três sensores que fazem todo o trabalho árduo. Um sensor ótico para monitorização do batimento cardíaco, um sensor de temperatura da pele para rastrear o sono e um acelerómetro para acompanhar a atividade física.
A presença destes sensores é denunciada por uma luz verde, bastante discreta, que dificilmente vai incomodar os utilizadores, mesmo durante a noite, uma vez que os LEDs estão encostados à pele e, por isso, tapados.
Agora uma breve corrida até aos recursos de desporto. São muito os modos e exercícios disponíveis para a prática de atividade física, até encontramos opções para disco voador, hula-hoop, squash, entre os modos habituais de caminhada, corrida, bicicleta.
O Galaxy Ring nunca me incomodou nas sessões de desporto e também nunca se deslocou no dedo. Já o registo de métricas foi menos preciso do que costuma ser com a tecnologia wearable que testei até hoje.
A razão para isso acontecer é simples: o Galaxy Ring está completamente dependente do acelerómetro para fazer este tipo de registo. Aqui reside o seu segundo desencanto, não tem GPS. Por essa razão, as métricas registadas no desporto são menos precisas do que o desejável.
Pontuação de energia e animal do sono
Nos recursos de saúde, a situação é diferente. As métricas registadas, no meu caso, foram bastante mais precisas, com os dados de batimento cardíaco e restantes a corresponderem aos registos captados por outra tecnologia wearable com mais sensores.
Destaque para o recurso pontuação de energia por ser um dos mais interessantes e úteis do Galaxy Ring. Na prática, o anel recorre à análise do sono, atividade física e frequência cardíaca do dia anterior para calcular a energia que o utilizador tem para enfrentar o dia que começa. Cálculo este que é feito com a ajuda de tecnologia IA, claro.
A pontuação varia entre o 0 e o 100, ou por outras palavras, entre o excelente e o que requer atenção. Comigo funcionou bastante bem, mesmo quando o coloquei à prova ao ter uma noite em que não cumpri com o horário “saudável” de descanso. No dia seguinte tinha uma pontuação de energia que “requeria atenção” e o conselho dado pela Samsung foi “é melhor descansar”. E tinha toda a razão.
Esta avaliação mental e física serve como motivação não só para começar o dia, como também para a prática de um estilo de vida mais saudável e equilibrado. Pontuação máxima para este recurso que é claramente um vencedor.
A monitorização do sono tem também uma surpresa escondida na opção treino de sono. Aqui, o anel estuda os hábitos de descanso e a qualidade do sono do utilizador, durante sete dias consecutivos. Depois é atribuído um animal, consoante o tipo de descanso que temos.
Mais uma vez, o Galaxy Ring acertou na mouche. Por acordar várias vezes durante a noite, foi-me atribuído o pinguim. Tudo porque esta ave para guardar os ovos, na altura de reprodução, vai dormitando e tem sempre uma parte do cérebro alerta. Parece que me acontece o mesmo, com a exceção da guarda dos ovos, claro.
Mas o melhor de tudo é que após esta atribuição tive direito a aceder a um treino do sono personalizado para conseguir descansar melhor e deixar de ser um pinguim.
Em resumo, no rastreamento de saúde e bem-estar do Galaxy Ring é um claro vencedor e é uma opção de compra séria para os utilizadores que gostam de monitorizar este tipo de parâmetros.
Autonomia e carregamento
De acordo com a Samsung, a autonomia do Galaxy Ring varia com o tamanho do anel. A estimativa da marca é de sete dias para os tamanhos maiores (12 e 13). No meu caso, com o tamanho 8, consegui cinco a seis dias, mediante uma utilização normal, mas permanente.
Na prática, com o Galaxy Ring a registar métricas de saúde a tempo inteiro e com algum exercício pelo meio. Confesso que não numa base diária e sem praticar modalidades demasiado exigentes para o anel e também para o corpo..
Para carregar o anel, basta colocá-lo na caixa de carregamento, mas numa posição específica. O que é fácil de conseguir, visto que só cabe lá dentro nessa posição. Carrega na totalidade em menos de uma hora, o que é bastante positivo.
O preço
Em Portugal, o Samsung Galaxy Ring está disponível por 449,90 € e este é o seu principal desencanto. O design côncavo adapta-se a todos os dedos, mas o custo não é para todas as carteiras.
Especialmente, tendo em conta que existem smartwatches no mercado e até mesmo anéis inteligentes bastante mais acessíveis. Mas aqui funciona o estatuto e know-how da Samsung, claro.
A marca está a investir num segmento em crescimento e tem de ter retorno disso, é compreensível. Mas ter este custo aliado a algumas funcionalidades estarem reservadas ao ecossistema Samsung, pode afastar alguns potenciais entusiastas deste dispositivo.
Notas finais
Para primeiro anel inteligente, a Samsung foi muito bem-sucedida. O Galaxy Ring chega com a proposta de monitorizar a saúde e bem-estar do utilizador e cumpre com a missão a 100%. Os recursos de saúde, notoriamente, foram alvo de uma atenção bastante cuidada e funcionalidades como a pontuação de energia são muito bem-vindas.
A monitorização do sono é outra das suas virtudes com treino de descanso mais personalizados e com a sempre divertida atribuição de um animal do sono.
O Galaxy Ring brilha também no conforto de utilização, pelo seu peso-pluma que nunca ultrapassa os três gramas e pelo titânio que é suave para os dedos, mas resistente para a rotina diária.
O preço elevado de 449,90 € é que pode afastar potenciais interessados, sobretudo por existirem outras opções mais acessíveis no mercado. Tem também espaço para melhorar no registo de métricas de desporto. Talvez uma próxima iteração já consiga ter GPS e tudo vai melhorar.
Mostra todo o seu poder com smartphones da Samsung que lhe permitem exibir todos os recursos que tem. Mas funciona bem com smartphones Android, fora do ecossistema sul-coreano e isso é já muito bom. A independência ia dar-lhe muito mais charme, mas ainda assim consegue seduzir muitos corações high-tech.
Este é o anel que queres ter no dedo? Eu diria sim, se a minha carteira também o aceitasse. Se o teu orçamento o permitir, tens aqui um bom companheiro para te motivar a seguir um estilo de vida mais saudável e ativo.