
A ideia parece saída de um filme de ficção científica, mas já tem data marcada para se tornar realidade: uma empresa chinesa anunciou que está a desenvolver o primeiro robô humanoide do mundo capaz de gerar um feto humano até ao parto, usando um útero artificial integrado.
A promessa é que o protótipo esteja pronto em 2026 e, claro, a polémica já começou.
O “robô de gestação” da Kaiwa Technology
O projeto é assinado pela Kaiwa Technology, empresa sediada em Guangzhou, que apresentou a sua visão durante a Conferência Mundial de Robótica de 2025, em Pequim, de acordo com a Interesting Engineering.
A proposta chama-se “robô de gestação” e consiste num humanoide em tamanho real com um útero artificial embutido no abdómen, onde um feto se desenvolveria durante nove meses até ao nascimento.
De acordo com o fundador da empresa, o Dr. Zhang Qifeng, o sistema utiliza um líquido amniótico artificial e um tubo responsável por fornecer nutrientes, imitando o processo de uma gestação natural.
O CEO garante que o “núcleo da tecnologia já está num estágio maduro” em ambientes laboratoriais e que o preço de venda ficará abaixo dos 100 mil yuans (aproximadamente 11.896 euros).
Questões éticas e críticas médicas
A ideia, apesar de ambiciosa, enfrenta críticas duras. Médicos e especialistas acusam a empresa de não explicar como pretende resolver os desafios mais complexos do processo, desde a fertilização e implantação do embrião até ao parto. Outro ponto levantado é a impossibilidade de replicar a ligação materna ou os efeitos hormonais de uma gravidez real.
Ainda assim, há quem veja no robô humanoide uma possível alternativa para casais inférteis ou para mulheres que desejam evitar os riscos físicos de uma gestação. A empresa já confirmou que está em conversações com autoridades da província de Guangdong para discutir as barreiras legais que precisa ultrapassar.
Do laboratório para o robô humanoide
Segundo o Dr. Zhang, o objetivo é transformar tecnologias já testadas em laboratório em algo aplicável no dia a dia. Ele recorda que úteros artificiais têm sido estudados com resultados promissores em animais.
Em 2017, por exemplo, investigadores do Hospital Infantil da Filadélfia conseguiram manter um cordeiro prematuro equivalente a 23 semanas de gestação humana dentro de uma “biobag” transparente preenchida com líquido amniótico artificial, permitindo o seu desenvolvimento durante quatro semanas, como relatou o Chosun Biz.
Contudo, os sistemas atuais funcionam mais como incubadoras neonatais do que como substitutos completos da gestação. Para que o plano da Kaiwa Technology funcione, será preciso ultrapassar barreiras científicas, éticas e legais que ainda não têm resposta.
O futuro da gestação em robôs
Entre a promessa de libertar as mulheres dos riscos da gravidez e os receios de desumanizar um dos processos mais naturais da vida, a verdade é que o “robô de gestação” coloca a China mais uma vez no centro do debate sobre ética e tecnologia.
Se a previsão da Kaiwa Technology se confirmar, em 2026 poderemos ver nascer o primeiro bebé de um robô humanoide, um marco que levanta tantas perguntas quanto possibilidades.
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