Revelação surpreendente: na Terra primitiva de há 4 mil milhões de anos já chovia

Mónica Marques
Mónica Marques
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A maioria dos materiais da Terra primitiva já desapareceu há muito tempo, mas a zona conhecida por Jack Hills na Austrália Ocidental tem ainda alguns cristais que datam dessa época de há quatro mil milhões de anos.

Um novo estudo a estes cristais que são os mais antigos do mundo revelam, de forma surpreendente, que já nessa altura a Terra tinha oceanos e chuva, o que sugere um planeta mais aproximado do que conhecemos hoje.

Cristais e rochas sedimentares fornecem pistas cruciais sobre a Terra

Jack Hills, Austrália Ocidental
Jack Hills, Austrália Ocidental Crédito@SimonWilde/IFLScience

Uma equipa liderada pelo investigador Hugo Olierook, da Universidade de Curtin da Austrália Ocidental, recentemente publicou um estudo sobre os cristais e rochas sedimentares mais antigos, encontrados naquela zona do país.

Estes minerais têm a respeitável idade de 4 mil milhões de anos e estão a fornecer pistas cruciais sobre a Terra Primitiva. Os zircões encontrados na sua composição mostram vestígios de terem sido formados na água e o tipo de oxigénio que incluem especifica a natureza dessa água.

De acordo com o estudo da universidade australiana, a grande maioria dos zircões encontrados em Jack Hills foram formados dentro da Terra, sem qualquer exposição à água, chuva ou oceanos.

Mas uma pequena proporção regista valores de isótopos consistentes com a formação na água da chuva, tal como explica o site IFLScience.

Surpreendentemente, todas estas amostras datam de dois períodos de tempo: de há 3,4 mil milhões de anos e de há 4 mil milhões de anos. Recorde-se que o anterior registo geológico mais antigo que sugeria um ciclo de água datava de há 3,2 mil milhões de anos.

Terra seca e castanha e céu laranja

Em 2000, a ideia da Terra primitiva era diferente da atual. Todos os vestígios encontrados até essa altura indicavam que se tratava de um planeta seco com o solo castanho e um céu laranja.

Mas em 2001, foram encontrados vestígios da Terra primitiva que mostravam a presença de água. De acordo com Hugo Olierook, esta descoberta “foi emocionante o suficiente para mudar o paradigma”.

No entanto, o estudo atual deste investigador vai mais longe, demonstrando que na Terra primitiva havia solo que permitia a formação de lagos de água doce. Se tal não fosse possível, a água da chuva ficaria misturada na água do mar sem alterar a proporção isotópica.

O mesmo investigador esclarece que o facto de estes minerais de água doce serem tão raros de encontrar pode sugerir que na Terra primitiva existissem áreas secas bastante extensas.

Mónica Marques
Mónica Marques
Ao longo de mais de 20 anos de carreira na área da comunicação assistiu à chegada do 3G e outros eventos igualmente inovadores no mundo hi-tech. Em 2020 juntou-se à equipa do 4gnews. monicamarques@4gnews.pt