A maioria dos materiais da Terra primitiva já desapareceu há muito tempo, mas a zona conhecida por Jack Hills na Austrália Ocidental tem ainda alguns cristais que datam dessa época de há quatro mil milhões de anos.
Um novo estudo a estes cristais que são os mais antigos do mundo revelam, de forma surpreendente, que já nessa altura a Terra tinha oceanos e chuva, o que sugere um planeta mais aproximado do que conhecemos hoje.
Cristais e rochas sedimentares fornecem pistas cruciais sobre a Terra
Uma equipa liderada pelo investigador Hugo Olierook, da Universidade de Curtin da Austrália Ocidental, recentemente publicou um estudo sobre os cristais e rochas sedimentares mais antigos, encontrados naquela zona do país.
Estes minerais têm a respeitável idade de 4 mil milhões de anos e estão a fornecer pistas cruciais sobre a Terra Primitiva. Os zircões encontrados na sua composição mostram vestígios de terem sido formados na água e o tipo de oxigénio que incluem especifica a natureza dessa água.
De acordo com o estudo da universidade australiana, a grande maioria dos zircões encontrados em Jack Hills foram formados dentro da Terra, sem qualquer exposição à água, chuva ou oceanos.
Mas uma pequena proporção regista valores de isótopos consistentes com a formação na água da chuva, tal como explica o site IFLScience.
Surpreendentemente, todas estas amostras datam de dois períodos de tempo: de há 3,4 mil milhões de anos e de há 4 mil milhões de anos. Recorde-se que o anterior registo geológico mais antigo que sugeria um ciclo de água datava de há 3,2 mil milhões de anos.
Terra seca e castanha e céu laranja
Em 2000, a ideia da Terra primitiva era diferente da atual. Todos os vestígios encontrados até essa altura indicavam que se tratava de um planeta seco com o solo castanho e um céu laranja.
Mas em 2001, foram encontrados vestígios da Terra primitiva que mostravam a presença de água. De acordo com Hugo Olierook, esta descoberta “foi emocionante o suficiente para mudar o paradigma”.
No entanto, o estudo atual deste investigador vai mais longe, demonstrando que na Terra primitiva havia solo que permitia a formação de lagos de água doce. Se tal não fosse possível, a água da chuva ficaria misturada na água do mar sem alterar a proporção isotópica.
O mesmo investigador esclarece que o facto de estes minerais de água doce serem tão raros de encontrar pode sugerir que na Terra primitiva existissem áreas secas bastante extensas.