| Característica | Detalhe |
|---|---|
| Potência | 111 kW / 150 cv |
|
Aceleração 0-100 km/h |
8 segundos |
| Autonomia combinada em ciclo WLTP | 416 km |
| Bateria | 52 kWh |
| Preço (versão testada Iconiq Cinq) | Desde 35 240 € |
Se o filme "Regresso ao Futuro" fosse filmado hoje, o DeLorean teria um sério concorrente neste Renault 5 E-Tech. A marca francesa pegou num dos seus modelos mais icónicos e transformou-o num elétrico moderno que respira nostalgia por todos os poros, e que arrecadou o título de carro elétrico do ano Troféu Volante de Cristal.
Testei a versão Iconic Cinq, equipada com a bateria de 52 kWh e motor de 150 cv, pintada num vibrante Amarelo Pop que vira cabeças em cada esquina. Com um preço a começar nos 35 240€, a pergunta impõe-se: será este apenas um exercício de estilo ou um carro que vais querer usar todos os dias? Quisemos provar.
A nossa opinião
Design e construção: uma porta para o futuro com alma de clássico
Entrar no Renault 5 E-Tech é toda uma experiência desde o início. O exterior é um verdadeiro triunfo de design. Isto porque mantém a silhueta inconfundível do R5 original, mas com toques modernos como os faróis LED expressivos e o indicador do nível de bateria no capô (onde antes era a entrada de ar).
É um carro que desperta curiosidade e sorrisos na rua. "É elétrico?", "Que tal a autonomia?", "Mesmo bonito!" foram perguntas e frases de pessoas aleatórias que me foram dirigidas na rua enquanto tirava fotos ou fazia vídeos durante o ensaio. Se noutros carros tenho dúvidas da escolha deste tipo de cor, o Amarelo Pop casa na perfeição com este Renault 5.
Lá dentro, a sensação é de estar numa nave espacial "pop". Os dois ecrãs de 10 polegadas dominam o tablier, com animações fluidas que dão as boas-vindas e são um cartão de visita que impressiona qualquer primeiro viajante neste automóvel. Os estofos, nesta versão Iconic, têm um toque e padrão que mistura o clássico com o futurista, e o forro do teto segue a mesma linha.
Não estamos a falar de materiais de luxo premium, pois este é um automóvel de segmento B. Mas a construção é sólida, bem conseguida e, acima de tudo, tem imensa personalidade. Os detalhes nas cores e nos padrões são algo que os amantes de carros vão adorar e os menos entusiastas também não ficam indiferentes.
E, felizmente, a Renault não se esqueceu de quem gosta de botões. Abaixo do ecrã, encontras uma fila de controlos físicos para a climatização. É um pormenor que faz toda a diferença na segurança e facilidade de uso enquanto conduzes, pois evita ter de navegar em menus só para mudar a temperatura. E gostamos também do toque de termos uma alavanca e uma roldana no volante para controlar a reprodução de música.
Tecnologia e infotainment: Google ao volante
O sistema OpenR Link com Google integrado é um dos melhores do mercado. Ter o Google Maps nativo no painel de instrumentos e no ecrã central, com trânsito em tempo real e planeamento de carregamentos, é uma mais-valia enorme. E com a Google Play Store o acesso a aplicações é vasto, sendo até possível acedermos a plataformas de streaming. Ótimo enquanto esperamos num posto de carregamento.
Durante o nosso teste, todo o sistema revelou-se rápido, intuitivo e sempre com uma resposta precisa ao toque. Se preferires usar essa possibilidade, o Android Auto ou o Apple CarPlay sem fios funcionam sem falhas. Além disso, podes aceder aos mesmos totalmente sem fios. Assim que é feita a primeira configuração, a partir daí sempre que entrares no veículo a ligação ao teu smartphone é imediata.
Uma boa novidade é o Reno, o avatar virtual da Renault. Mais do que um boneco engraçado no ecrã, é alimentado por IA (como ChatGPT) e responde a comandos de voz naturais. Podes dizer "Hey Reno, programa o carregamento para as 8h" ou "Hey Reno, fecha os vidros", e ele obedece. Até te dá conselhos de condução, sugerindo o modo Eco se estiveres no trânsito. É um assistente que realmente acrescenta valor e dispensa que tires as mãos do volante para algumas ações.
Desempenho e experiência de condução: o rei da cidade que não teme a autoestrada
Com 150 cv (110 kW) e 245 Nm de binário instantâneo, o Renault 5 E-Tech é um caso sério de ligeireza em cidade. Acelera dos 0 aos 100 km/h em 8 segundos, o que lhe dá uma agilidade incrível no trânsito urbano. Durante os nossos testes, notámos que serpenteia pelo tráfego com facilidade e consegues estacionar em qualquer 'buraco' graças ao seu tamanho compacto e raio de viragem curto (10,3 m).
Mas não se fica pelas ruas estreitas. Em autoestrada, o R5 mostrou-se estável e confiante, com capacidade mais que suficiente para essas missões, principalmente se usarmos o modo Sport. A sua praia é ali entre os 90 e os 120 km/h, mas consegue atingir uma velocidade máxima de 150 km/h.
A insonorização é surpreendentemente boa para o segmento, e o conforto a bordo é elevado, mesmo quando apanhamos algumas estradas mais sinuosas, tipicamente portuguesas. Esse conforto a bordo é sobremaneira ajudado pelos bancos aquecidos (com regulação lombar elétrica para o condutor) e volante aquecido nesta versão, para os dias mais frios serem mais agradáveis.
Bateria, autonomia e carregamento: A realidade VS o papel
A versão de 52 kWh promete até 410 km de autonomia WLTP e se o usares no modo Eco sempre em cidade, não andarás longe desses números. No mundo real, a história é um pouco diferente, mas não desilude. Em condução puramente citadina e suburbana, consegui médias que apontam para uma autonomia real de cerca de 350 km.
Se tiveres o pé pesado ou fores para a autoestrada a 120 km/h, conta com algo mais próximo dos 280 km. Mas tudo dependerá sempre do teu tipo de condução e dos trajetos que fazes diariamente. Com a travagem regenerativa, é um automóvel cuja autonomia brilha efetivamente em cidade.
Não é um carro para atravessar o país de uma assentada, mas para a rotina diária de quem faz 20 a 40 km, é perfeito. Carregas uma vez por semana e esqueces. Quando precisas de carga rápida, ele aceita até 100 kW em corrente contínua (DC), que permite recuperar de 15% a 80% em cerca de 30 minutos.
Em casa, carrega a 11 kW se tiveres uma ligação trifásica, em cerca de 5 horas na totalidade. São números mais que suficientes para carregar durante a noite e começar o dia com a carga completa. E sim, tem carregamento bidirecional (V2L) para ligares a máquina de café se necessário num piquenique.
Como se porta na vida real: espaço e praticidade
A bagageira conta com 277 litros, mais um compartimento de 27 litros para os cabos e acessórios. Para o dia a dia de um carro citadino, é mais do que suficiente para as compras da semana ou mochilas e pequenas malas. Para viagens maiores, terás de jogar Tetris, mas nada de problemático para famílias pequenas.
Onde o Renault 5 E-Tech sofre um pouco é nos bancos traseiros. Embora quatro adultos (tem cinco lugares) viajem com conforto razoável, pessoas mais altas (acima de 1,80m) podem sentir a falta de espaço para as pernas. É o compromisso a ter em conta de um carro compacto (3,92 m de comprimento) focado no estilo e na cidade.
Para quem é (e não é) o Renault 5 E-Tech?
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É para ti se procuras um citadino elétrico com estilo bastante vincado, valorizas a tecnologia (Google, Reno e assistências à condução) e a tua rotina é maioritariamente urbana e suburbana;
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Não é para ti se precisas de transportar frequentemente adultos altos no banco de trás, fazes muitas viagens longas de autoestrada regularmente ou procuras a máxima autonomia pelo menor preço possível.
Conclusão
O Renault 5 E-Tech é um carro 100% eletrico onde a Renault conseguiu pegar na nostalgia e embalá-la num produto tecnologicamente avançado, divertido de conduzir e competente para o dia a dia. Não é o elétrico mais barato nem o que tem mais autonomia, mas é, muito provavelmente, o que tem mais personalidade.
Se procuras um carro para a cidade que não seja apenas mais um elétrico sem personalidade, mas sim uma extensão do teu estilo e com bastante praticidade a pensar no utilizador, o R5 está de volta e recomenda-se.
👉 Sabe mais sobre o Renault 5 e-tech no site oficial da Renault
