Os transportes públicos de Portugal têm sido alvo de cada vez mais reclamações no Portal da Queixa. De acordo com a plataforma, do 2º para o 3º trimestre deste ano, houve um aumento de 19.7% no número de reclamações registadas sobre os diferentes modelos de transportes públicos disponíveis no país.
Categoria com mais reclamações e problemas mais relatados
De acordo com o Portal da Queixa, as reclamações registadas durante os meses de julho, agosto e setembro, foram voltadas principalmente para a categoria Transportes Coletivos de Passageiros. As queixas dividiram-se da seguinte forma:
- Transportes Coletivos de Passageiros - 72,4%
- Comboio e Metropolitano - 26,4%
- Transporte Marítimo - 1,2%
Atraso ou falta do transporte público foi o problema mais denunciado pelos passageiros este ano, seguido da conduta dos profissionais que estavam a trabalhar naqueles transportes. Há denúncias, inclusive, sobre comportamentos agressivos, condução perigosa e falta de cordialidade por parte do motorista ou de outro funcionário.
Os motivos das ocorrências organizaram-se da seguinte forma:
- Atraso ou falta do transporte público - 47,8%
- Conduta do motorista ou funcionário - 14,4%
- Alteração de carreira (criação de novas linhas, mudanças nas já existentes ou alterações nos percursos e paragens) - 13,1%
- Aplicação indevida de multa - 3,5%
- Problemas com o carregamento do passe - 3,4%
Quais são as entidades que recebem mais reclamações
Há 5 entidades de transporte público no país que lideraram o número de queixas feitas ao seu serviço entre janeiro e setembro, somando 76,8% das reclamações registadas:
- UNIR - Rede de transportes da Área Metropolitana do Porto - 19,5%
- Carris Metropolitana - 19%
- CARRIS - 17,4% (esta entidade, porém, teve bons índices de Taxa de Resposta, de 94,7%, e de Solução, de 94,5%)
- CP – Comboios de Portugal - 15,4%
- Sociedade de Transportes Coletivos do Porto — STCP - 5,5%
Seguem-se no ranking, a Metro do Porto (4,3%); a Metro Lisboa (3,6%); a Fertagus (2,4%); a SMTUC (2,1%) e a TST – Transportes Sul do Tejo (1,8%).
O Porto tem outros dados preocupantes
Com duas empresas de transporte público no top 5 do ranking de queixas, o Porto te outros dados alarmantes neste setor. Entre janeiro e setembro deste ano, o número de reclamações dirigidas à STCP cresceram 29,4%, em comparação com o mesmo período de 2023.
Entre os principais motivos de queixa reportados pelos passageiros, destacaram-se dois. O primeiro deles foi atrasos/falta de transporte (64,3%).
“Venho uma vez mais reclamar da linha 905, pois estou na paragem da Freguesia de Vilar de Andorinho desde as 10h, são 11h08 e ainda não passou um único autocarro! Estamos 10 pessoas na paragem, alguns para ir trabalhar! DEZ!!!!! Vergonhosa esta situação”, relatou a passageira Maria Coelho ao Portal da Queixa.
O segundo problema que mais motivou reclamações sobre os serviços da STCP foi conduta imprópria do motorista/funcionário (24,3%).
“Estava na paragem da Pasteleira e fiz paragem ao motorista do 204, que olhou para mim e continuou. Não é a primeira vez que isto acontece”, escreveu o utente Manuel Nascimento na plataforma de reclamações.
Houve ainda reclamações sobre alteração de carreiras (4,3%), multas indevidas (2,9%) e as condições dos veículos (2,9%). Nesta última categoria, foram relatados veículos sujos, não funcionamento de ar condicionado, mau cheiro, entre outras queixas.
“É o facto de alguns autocarros andarem superlotados e o motorista continua a parar para entrar cada vez mais gente. Acho que corremos um risco grande se acontecer algum acidente. Acho inadmissível uma coisa dessas”, reclamou Maria Ferreira no Portal da Queixa.