Se tiveste motivos para reclamar de alguma marca ou serviço nos primeiros três meses de 2025, fica a saber que não estiveste sozinho. O Portal da Queixa anunciou ter registado um novo recorde trimestral, com quase 58 mil reclamações (mais precisamente 57 817) a serem submetidas na plataforma entre janeiro e março.
Este número representa um crescimento significativo de 18% face ao mesmo período de 2024. Curiosamente, a plataforma salienta que este aumento acontece numa altura em que outros canais de reclamação oficiais do Estado terão registado uma diminuição. Ou seja, os portugueses veem cada vez mais o Portal da Queixa como uma boa ferramenta para expressar insatisfação e procurar soluções.
Correio, Transporte e Logística é a área com mais queixas, mas com maior taxa de solução de problemas
Olhando para os dados deste primeiro trimestre, percebe-se onde residem as maiores frustrações dos consumidores nacionais. As categorias que lideram o volume de reclamações são Correio, Transporte e Logística (responsável por 11% do total), seguida muito de perto pelas Comunicações, TV e Media (10.9%). E, a fechar o pódio, os Serviços e Administração Pública (8.9%).
Seguem-se áreas como Informática/Tecnologia (6.5%) e Banca/Pagamentos (4.9%). Um dado interessante é que, apesar de ser a área com mais queixas, a categoria de Correio, Transporte e Logística é também aquela que apresenta a maior taxa de solução de problemas dentro da plataforma (79,17%).
Consumidores entre os 25 e 44 anos são quem mais reclama
Quem são os portugueses que mais reclamam online? O perfil traçado pelo Portal da Queixa revela que mais de metade das reclamações (50%) são feitas por consumidores na faixa etária entre os 25 e os 44 anos. Em termos de género, as mulheres (51.08%) queixam-se ligeiramente mais do que os homens.
Geograficamente, a região de Lisboa domina claramente o volume de queixas (31.2%), seguida pelo Porto (17.9%) e Setúbal (10.8%). A plataforma regista também cerca de 1% de reclamações feitas por consumidores estrangeiros, com destaque para os oriundos do Brasil.
Para Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa, este crescimento contínuo demonstra como a "liberdade de expressão deixou de ser apenas um direito constitucional" para se tornar um "poder efetivo nas mãos dos consumidores".
Vê cada reclamação como um ato de "cidadania ativa" que exige uma resposta e capacidade de transformação por parte das marcas e entidades, cuja reputação está cada vez mais ligada à forma como lidam com esta "voz coletiva" que se manifesta online de forma "mais clara, mais exigente e mais influente do que nunca".