
O YouTube está no centro de uma nova polémica, apenas dias depois de nova funcionalidade chatear os utilizadores. Criadores de conteúdo agora acusam a plataforma de modificar vídeos sem consentimento, deixando-os com uma aparência semelhante a material gerado por inteligência artificial.
As críticas intensificaram-se depois de relatos de utilizadores no Reddit e no X/Twitter, que notaram mudanças visuais em vídeos do YouTube Shorts, levantando dúvidas sobre a transparência da empresa.
Vídeos com aparência artificial levantam suspeitas
Segundo a BBC, o YouTube confirmou estar a conduzir um “experimento” com alguns vídeos, mas negou o uso de IA generativa. A empresa afirma que se trata apenas de “aprendizagem automática tradicional”, destinada a melhorar a nitidez e reduzir o ruído.
Ainda assim, a ausência de comunicação prévia gerou descontentamento entre criadores. As primeiras suspeitas surgiram há dois meses, quando o utilizador Ulincsys partilhou no Reddit uma comparação de vídeos do criador Hank Green.
“Eu estava a ter um problema há vários dias, no qual os Shorts pareciam ‘borrados’, ou como se um efeito de pintura a óleo tivesse sido aplicado”, relatou.
Na comparação, o vídeo processado apresentava sombras mais fortes e contornos mais marcados, mas também uma textura artificial no cabelo do youtuber, descrita como “de plástico”.
Outros utilizadores confirmaram o mesmo efeito em vídeos diferentes, apontando para um possível uso de técnicas de upscaling baseadas em IA para aumentar a resolução.
YouTube responde, mas explicação não convence
A resposta oficial chegou através de uma publicação no X/Twitter, onde o YouTube alegou estar apenas a testar melhorias na qualidade de imagem. Rene Ritchie, chefe editorial da plataforma, reforçou a posição:
“Estamos a realizar um experimento em Shorts selecionados que usa tecnologia de aprendizagem automática tradicional para remover o desfoque, reduzir o ruído e melhorar a clareza dos vídeos durante o processamento (semelhante ao que um smartphone moderno faz quando gravas um vídeo)”.
Rene Ritchie, chefe editorial do YouTube
Apesar da explicação, especialistas contactados pela BBC lembram que a “aprendizagem automática” é um subcampo da inteligência artificial, o que reforça a perceção de que o YouTube pode estar a usar IA mas tentando dissociar o termo da polémica em torno da IA generativa.
Criadores também não se mostraram convencidos. Rhett Shull, youtuber entrevistado pela BBC, foi direto:
“Se eu quisesse essa nitidez excessiva terrível, eu próprio a teria feito. Mas o mais importante é que parece gerado por IA. Acho que isso me representa mal e pode corroer a confiança que tenho com o meu público”.
Transparência em xeque
A polémica surge num momento curioso: em julho, o YouTube atualizou as suas políticas de monetização justamente para punir conteúdos gerados em massa por IA de baixa qualidade, conhecidos como AI Slop.
Agora, a empresa enfrenta críticas por aplicar efeitos que dão aos vídeos uma aparência semelhante ao que ela própria combate. Até ao momento, não há qualquer indicação de que os criadores terão a possibilidade de desativar este “experimento” e manter os vídeos inalterados.
A falta de transparência e de opções de controlo preocupa a comunidade, que teme ver a autenticidade dos seus conteúdos comprometida por alterações automáticas da plataforma.
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