Já se sabe que o preço das operadoras costuma ser uma “dor de cabeça” muito grande para os portugueses. A questão é que a situação pode piorar, muito em breve. Tudo isto por causa da substituição dos equipamentos da Huawei nas redes 5G em Portugal.
Segundo uma estimativa da consultora EY, poderão ser gastos 339 milhões de euros pelas operadoras em Portugal, entre as quais se destacam a MEO, a NOS e a Vodafone. Este valor engloba apenas as ações de troca de equipamentos. O pior de tudo é que, ao somar outros custos “potenciais”, podemos superar aos 1000 milhões de euros, como refere a mesma fonte.
Por este motivo, sem grandes surpresas, quem também pode sofrer as consequências é o consumidor. Espera-se que, por conta desta situação, o cliente vá estar sujeito a um aumento aproximado de 7% no valor a pagar. Num total que já é bem acima da média da União Europeia (UE), é possível que, perante isto, o valor suba ainda mais.
Porque é que vão ser substituídos os equipamentos Huawei?
De acordo com o jornal ECO, sabemos que o que está por detrás desta substituição tem a ver com o “alto risco” de ter a Huawei no mercado europeu. Supostamente, as autoridades têm receio que a marca possa ser usada pelo governo da China por questões de espionagem.
Quem discorda da deliberação da Comissão de Avaliação de Segurança foi a Huawei. Como refere a própria marca, as acusações de que se vê alvo não têm qualquer tipo de fundamento.
Por isso mesmo, a Huawei, há cerca de 1 ano, avançou para tribunal, com o intuito de “repor a legalidade”. Neste momento, o processo ainda está a decorrer. No entanto, a Huawei aproveitou o estudo da EY para pôr em perspetiva o impacto que a sua saída poderá ter.
“O estudo divulgado hoje é o primeiro trabalho público que quantifica os impactos das decisões anunciadas no ano passado relativas às redes de quinta geração” - referiu a Huawei Portugal.
Sobre o assunto, a gigante tecnológica acrescentou ainda que “os dados deste trabalho desenvolvido pela EY mostram a importância que o ecossistema da Huawei tem para o país, que esperamos poder continuar a desenvolver”.
O impacto real em termos numéricos
Como referido anteriormente, o impacto financeiro em Portugal pode superar os 1000 milhões de euros. Deste montante, uma grande parte (339 milhões) só em substituição de material. Depois, também se prevê que haja um impacto de 156 milhões de euros em equipamentos inutilizados com um ciclo de vida ainda longo.
Como se isso não bastasse, há “investimentos adicionais” que podem ascender aos 193 milhões de euros, assim como 282 milhões de euros em “perdas de produtividade”. Por “perdas de produtividade”, entenda-se os custos que têm a ver com os atrasos no desenvolvimento do 5G.
Por fim, ainda resta mencionar os “custos de oportunidade”. Estes referem-se aos valores que as operadoras podiam investir noutras áreas, mas que não podem por causa da exclusão da Huawei. A EY menciona ainda “um impacto de 24 milhões de euros pelo uso de equipamentos de marcas concorrentes com menor eficiência energética” (via ECO).
Feitas as contas, espera-se que as perdas possam chegar aos 1052 milhões de euros. Resta esperar para ver o desenrolar da situação, sabendo de antemão que as consequências podem sobrar para o consumidor.