Um futuro no qual a maioria dos carros na rua serão veículos elétricos é algo que aguarda-nos. Os países da União Europeia, inclusive, oficializaram um acordo para que os veículos movidos a combustíveis fósseis sejam retirados do mercado a partir de 2030, seguidos pelos híbridos 5 anos depois. Mas ainda há o que alguns chamam de desinformação anti-EV.
Já deves ter ouvido alguém dizer que os VEs poluem tanto quanto os carros a combustão. Mas será verdade? A página InsideEVs trouxe o assunto para discussão e já temos uma resposta concreta e uma explicação. Mas para isso, precisamos levar em conta fornecimento de combustível, emissão de poluentes, fabricação dos veículos e a sua eficiência.
Fornecimento de combustível e eficiência
Os dados que vamos trazer abaixo foram reunidos pela EPA, órgão governamental dos Estados Unidos para informações de economia de combustível. Além de publicar informações abrangentes sobre as emissões de todos os carros disponíveis para venda nos EUA, a EPA tem sua própria calculadora para verificar qualquer VE que desejar .
Para dar início à comparação entre VEs e carros a combustão, a InsideEVs escolheu um modelo de cada, com características semelhantes em termos de luxo, preço e potência. Os escolhidos foram o VE Lucid Air Touring e o Audi S6.
Impacto ambiental do Audi S6
Utilizando uma classificação da EPA que calcula 22 milhas (~35,4km) por galão de combustível, podemos concluir que o Audi S6 gasta em torno de 0,045 galões por milha. Levando em conta que um galão de gasolina emite 20 libras de CO2 quando queimado, o Audi S6 produz 0,9 libras de CO2 por milha, correto?
Mais ou menos. Sim, ele produz isso. Mas o cálculo do seu impacto ambiental não para por aí. É preciso considerar também as emissões de CO2 produzidas pelo transporte e pela entrega desse combustível.
De acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, isso acrescenta aproximadamente 25%, o que eleva a produção real e efetiva de carbono de um Audi S6 para 1,125 libras de CO2 por milha.
Impacto ambiental do Lucid Air Touring
Agora vamos ao VE. Como a quantidade de CO2 por kWh pode mudar de acordo com a quantidade de fontes de energias renováveis em cada local, a página escolheu duas cidades com valores diferentes, para efeito de comparação.
Em Nova York, que tem as menores emissões de CO2 por megawatt-hora de qualquer outra região dos EUA, são produzidas 0,2746 libras de CO2 por kWh. Já em Wisconsin, onde a geração de energia é substancialmente mais suja, um kWh produz 1,4796 libras de CO2.
Considerando que o Lucid utiliza efetivamente 0,24 kWh por milha, o carro produziria 0,066 libras de CO2 por milha levando em Nova York e 0,355 libras de CO2 por milha em Wisconsin. De acordo com a Administração de Informação de Energia dos EUA, contudo, há uma perda de 5% de CO2 na transmissão, o que eleva esses números para 0,069 libras de CO2 por milha em NY e 0,373 em Wisconsin.
Resultado
Mesmo no pior dos casos, o veículo elétrico foi capaz de emitir menos de um terço das emissões por milha do carro a combustão. Mas tem mais.
Fabricação: mas e a emissão para fabricar as baterias dos VEs?
Ainda a utilizar o Audi S6 e o Lucid Air Touring para a análise, é preciso levar em conta que apenas o Lucid tem uma bateria, cuja fabricação emite muito CO2. Segundo estimativas do CarbonBrief, são produzidas aproximadamente 220 libras de CO2 por kWh do conjunto de baterias. No caso do Lucid, que tem uma bateria de 92 kWh, 20.240 libras de CO2 foram gerados.
Sim, isso é bastante. Contudo, é preciso lembrarmos que o Lucid emite significativamente menos carbono por milha quando está a ser utilizado. A fazer os cálculos, levará cerca de 26.910 milhas conduzidas para compensar a diferença. Considerando a média de milhas conduzidas pelos residentes dos Estados Unidos, essa diferença seria alcançada em torno de apenas 2 anos.
A eficiência bem maior dos VEs também influencia no impacto ambiental
De acordo com dados da EPA, a eficiência média de um carro movido a gasolina é, na melhor das hipóteses, de 30%. Noutras palavras, a cada 10 galões de gasolina utilizados por um carro a combustão, 7 deles não fazem nada além de produzir calor, fumo e barulho. O VE médio, por outro lado, converte mais de 77% da energia elétrica da rede em potência nas rodas. E isso muda tudo.
Considerando ainda que o acesso a energias renováveis está aumentando exponencialmente, o desempenho relativo de carbono de um VE continuará a melhorar cada vez mais. No próximo ano, o estado de Nova York concluirá a linha Champlain Hudson Power Express de 339 milhas, que trará 1.200 megawatts de energia renovável do Canadá direto para a cidade de Nova York.
VEs são melhores para o meio ambiente
A conclusão já parece mais clara, não é mesmo? VEs são, de facto, melhores para o meio ambiente. Para além disso, conforme a InsideEVs destaca, investir em veículos elétricos é criar uma estrutura para o futuro.
Mudar a infraestrutura de transporte para VEs não elimina por completo a emissão de CO2, mas a reduz significativamente e concentra os esforços em melhorar uma fonte de energia, para que se torne cada vez mais limpa.