OnePlus One - Os escândalos da marca,+1

Filipe Alves
Filipe Alves
Tempo de leitura: 5 min.

Toda a fama OnePlus foi criada com base no "escândalo". Inicialmente com as excelentes características a baixo custo posteriormente com o sistema de convites que que cria uma certa exclusividade na marca. Mas nem todos os escândalos são bons.

Vou nesta publicação fazer um breve apanhado dos escândalos envoltos na marca e no final dar a conhecer aquele que pode vir a ser o novo escândalo da OnePlus.

Ecrã amarelado,

Este foi um dos escândalos mais falados dos equipamentos da OnePlus. Algumas unidades apresentavam tonalidades amareladas, principalmente na zona inferior do ecrã. A marca prontamente fez um comunicado de esclarecimento aos utilizadores, que diga-se de passagem, comeram aquilo com pão.

Resumindo o comunicado acima, a empresa alega que a diferença na temperatura das cores de ecrãs é algo comum a todas as marcas, que escolheram ecrãs IPS JDI por possuírem tons mais quentes e que proporcionam uma melhor experiência junto do utilizador, que o CyanogenMod 11S está calibrado para estes tons por evita o cansaço ocular e como explicação final ainda nos ensinam como alterar manualmente a tonalidade da cor.

Por fim tentam dar a perceber que não é defeito mas sim feitio, comparando dois OnePlus, um com CyanogenMod e outro com Color OS, e ainda nos deixam uma galeria de imagens comparativas de ecrãs de outras marcas, como forma de deixar ainda mais calcada a ideia de que não é um defeito.

Muito esclarecedora esta imagem. De facto aparenta mesmo ser feitio, pois dois equipamentos iguais com software diferente apresentam tonalidades de ecrã diferentes. Para os utilizadores, este comunicado foi muitíssimo satisfatório, pois "ficou provado" que afinal não tinham comprado um equipamento com defeito mas sim que era normalissimo tendo em conta as escolhas da marca. Mas se me permitem também gostava de eu mesmo fazer as minhas comparações e tomei a liberdade de pegar numa imagem de um utilizador OPO e coloca-la no lugar do equipamento com Color OS da imagem anterior.

Fazendo uma análise rápida, penso que a OnePlus não percebeu bem do que é que os utilizadores se estavam a queixar. Pois se isto fosse uma customização de software, atrevia-me a dizer que o equipamento do lado direito só tem meio CM11S instalado, pois só metade do ecrã é que está amarelado e não a totalidade do ecrã como a OnePlus demonstrou na imagem partilhada.

Esta comparação a OnePlus não fez, continuando a afirmar que não é defeito, é feitio.

Factura e Garantia do equipamento

Este é agora, para mim, algo mais grave ainda que os ecrãs amarelos. Como disse anteriormente, possuo as duas versões do OnePlus. Uma de 16GB Chinesa (sem garantia portanto pois foi importado) e um outro que chegou na passada terça-feira (versão internacional) comprado pela página oficial da OnePlus.

Acontece que quando o equipamento chegou, lindo, esbelto, de deixar os olhos a brilhar, algo me chamou logo à atenção. A caixa não trazia manual de instruções. Não que me faça falta, pois passo bem sem ele e até é menos um papel para ir para o lixo, ma sim porque é OBRIGATÓRIO por lei todos os equipamentos virem acompanhados do respectivo manual de instruções na língua do país onde o equipamento é vendido.

Ao ligar o equipamento, reparo que o mesmo apesar de não vir acompanhado do manual de instruções, vinha acompanhado da maldita mancha amarelada no fundo do ecrã. Curioso por saber como fazer caso quisesse enviar o equipamento para garantia, fui ver a factura e para quem não conhece a factura, a mesma apresenta-se assim:

Fazendo uma análise rápida à factura, facilmente se verifica que a mesma não possui qualquer tipo de imposto associado. Sendo um equipamento comprado na Europa nele deveria constar IVA.

Mas eis quando percebo o porquê de não ter IVA. Segundo a morada presente na factura, eu comprei um equipamento a Hong Kong e não na Europa. Ele simplesmente foi reenviado de um armazém europeu, mas a compra "foi feita" em Hong Kong. Reparo ainda que na discriminação da compra, não consta o IMEI do equipamento, apenas uma referência interna da empresa.

Não querendo duvidar da marca, mas como o seguro morreu de velho, resolvi entrar em contacto com a DECO para tentar perceber se era só má interpretação minha ou se realmente a factura estava "inconforme". Em resposta informam-me de que não tinham competência para avaliar a situação e remeteram-me para o Centro Europeu do Consumidor, pois seriam a entidade mais indicada para me esclarecer e como resposta obtive o seguinte e-mail.

Não sou nenhum jurista, mas sei ler e percebo bem o português, e o ultimo paragrafo foi para mim bem esclarecedor.

A única coisa que a OnePlus possui na Europa é apenas um armazém. Nenhuma facturação ou venda está a ser controlada pelas normas europeias. É entregue ao comprador uma factura com morada em Hong Kong, como se nos tivéssemos dirigido lá para comprar o telemóvel.

A garantia de 2 Anos apresentada é apenas de boca. Acredito piamente que a empresa a vai cumprir, mas e os prazos de reparação? As trocas directas? Caso eu tenha um problema com a marca a quem vou ter que me dirigir? Ao governo Chinês? A falta de transparência por parte da marca nunca foi das melhores, dá para perceber logo pela situação dos ecrãs.

Se acontecesse este problema do ecrã com uma LG ou uma Samsung, ou um Huawei ou outro qualquer, eles assumiam o erro. E porquê? Porque em ultima instância sou detentor de uma factura com Identificação Fiscal Europeia da empresa vendedora, que condiciona as transacções comerciais destas empresas a uma serie de normas que têm que ser cumpridas. Já a da OnePlus? É apenas um documento que prova que comprei um telemóvel (que eu nao tenho como provar qual foi pela ausência de IMEI) à OnePlus Hong Kong. Enquanto isso, os compradores continuam a comprar o equipamento a pensar que estão protegidos pelas normas de garantia Europeias.

A vosso ver é preocupante? Costumam usar a garantia do equipamento quando o mesmo avaria? Ou simplesmente aproveitam a deixa para comprar outro mais recente?

Filipe Alves
Filipe Alves
Fundador do projeto 4gnews e desde cedo apaixonado pela tecnologia. A trabalhar na área desde 2009 com passagens pela MEO, Fnac e CarphoneWarehouse (UK). Foi aí que ganhou a experiência que necessitava para entender as necessidades tecnológicas dos utilizadores.