Os fãs mais acérrimos de tecnologia certamente lembrar-se-ão do programa Android One. Falo de uma iniciativa da Google para o lançamento de smartphones com uma interface limpa a atualizações mais céleres.
Esta ideia foi muito bem recebida pelo mercado e pelas fabricantes, mas após alguns anos simplesmente desapareceu do mercado. Isso levanta a questão: o que aconteceu com o Android One? Para responder a esta questão, teremos de relembrar a sua história.
Android One nasceu em 2014 e dirigia-se aos smartphones mais acessíveis
Para falarmos sobre o nascimento do Android One temos de recuar até ao ano de 2014. Nessa ocasião, a Google lançou uma iniciativa que possibilitava às fabricantes de smartphones o lançamento de equipamentos com o Android puro.
Grande parte do sucesso desta ideia deveu-se ao facto de, na altura, muitas empresas lançarem os seus smartphones com softwares pesados. Lembram-se da TouchWiz da Samsung? Esse é um bom exemplo do que falo.
Esse tipo de interfaces tornava os smartphones demasiados lentos e repleto de aplicações repetidas e desnecessárias para a maioria. Devido a esse fenómeno, muitos utilizadores preferiam o Android puro e essa foi uma das principais razões para o sucesso do Android One.
O facto de esse software ser menos exigente fez com que o Android One rapidamente se destacasse como a solução perfeita para os gama média. E foi precisamente nesse nicho de mercado que a iniciativa da Google se destacou durante alguns anos.
Entre 2014 e 2015 assistimos ao anúncio dos primeiros equipamentos suportados pelo Android One em mercados emergentes como a Índia ou Indonésia. Mas foi entre 2017 e 2018 que o mesmo cresceu exponencialmente, servindo quase como o sucessor espiritual dos Google Play Edition.
Foi precisamente em 2017 que o Xiaomi Mi A1 foi lançado como uma nova linha de equipamentos da chinesa que teria três gerações. Também a Nokia aderiu à iniciativa, tornando-se uma embaixadora do programa Android One.
A queda do Android One consumou-se a partir de 2019
Até aqui tudo parecia estar a correr bem ao Android One e às suas aderentes, mas foi em 2019 que tudo começou a mudar. Nesse ano ainda vimos o lançamento do Xiaomi Mi A3 e de outros modelos com o selo da Motorola, Nokia e Sharp.
Chegados a 2020 apenas a Nokia parecia estar comprometida com o Android One, algo que duraria até 2022. No ano seguinte apenas um modelo foi lançado e é exclusivo do mercado japonês, até que em 2024 nada foi noticiado sobre o Android One.
Várias razões podem estar na origem do desinteresse das marcas neste projeto. No entanto, uma das mais prováveis é o facto de esta ideia já não despertar o interesse de outrora.
As interfaces estão a ficar cada vez mais interessantes (exemplo disso é a One UI da Samsung) e quem ainda procura o Android puro tem na linha Pixel uma excelente opção. Com a chegada do Pixel A, esses equipamentos ficaram ainda mais acessíveis.
Com efeito, tudo indica que o desaparecimento do Android One teve simplesmente que ver com a evolução tecnológica. Os smartphones e respetivos softwares ficaram cada vez melhores e isso desviou as atenções dos consumidores e das próprias fabricantes.
Poderá o Android One regressar?
Responder a esta questão é fazer especulação, mas permitam-me que o faça um pouco. Ao olhar para o estado atual do mercado Android, diria que é improvável que o Android One regresse.
Ultrapassados estão os tempos em que um smartphone de gama média era sinónimo de uma utilização penosa em grande parte pelo seu software. Assim sendo, não parece haver espaço no mercado para aquilo que o Android One representou.
Outro aspeto a ter em consideração é que as marcas têm alargado substancialmente o período de atualizações para os seus smartphones. Mais uma razão para que o Android One seja irrelevante atualmente.
Em conclusão, resta-nos a memória de uma iniciativa bastante nobre da parte da Google que deve ser lembrada com saudosismo por todos os que a vivenciaram. Olhando para o futuro, diria que os tempos são animadores mesmo sem esta iniciativa.