O (in)sucesso da Sony- artigo de opinião

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 5 min.

O humilde Sony.

Rapidamente dei por mim a explorar este smartphone, a sua câmara com botão físico dedicado (uma raridade na altura), a sua interface bastante simples mas fluída e ao mesmo tempo repleta de pequenos tesouros, especialmente na aplicação Walkman. Esta última, foi desde aí, a minha aplicação nativa favorita, seja pelo interface elegante e repleto de funcionalidades, ou simplesmente porque torna algo que eu adoro, ouvir música, num prazer ainda mais irresistível.

Esta aplicação é apenas uma amostra da simplicidade e eficiência, sem descurar a elegância, que podemos encontrar num Xperia. Escusado será dizer que, desde então, não voltei a ter um dispositivo Samsung, acho que a interface TouchWiz tolda a essência do Android e torna-o num cabaret de cartoons. Criativo sim, mas em última análise, infantil, pesado e irritante.

À medida que o tempo foi passando, fui vendo cada vez maisSony.

No entanto, este ligeiro sucesso, é bastante localizado e caso raro, dado que a Sony tem registado prejuízos consecutivos. As suas previsões para este ano totalizam um prejuízo de aproximadamente 1,3 biliões de euros devido ao segmento de smartphones. Este duro "azar" tem a sua origem em vários factores e deve-se em grande parte às fracas vendas de equipamentos de gama média.

1- A Sony não tem uma almofada de fãs incondicionais

Para estancar a ferida a Sony começou no final de Julho a rever o seu segmento intermédio de equipamentos, resultando no abandono de muitos dispositivos desta gama, como o Xperia T, L, M e E. Esta parece a solução mais fácil e intuitiva, quanto temos demasiadas torneiras, e algumas delas a desperdiçar €'s, basta fecha-las e resolve-se o problema.

Certo? Não, um valente tiro no pé! Ao terminar o suporte oficial para estes equipamentos, na grande maioria plenamente capazes de usufruir do Android 4.4 KitKat, a Sony enfureceu muitos dos seus leais clientes e abalou os pilares da sua ténue comunidade de fãs.

2- Ciclo de 6 meses entre flagships

Esta estratégia de contenção de riscos pode deixar marcas profundas na confiança dos consumidores mas o maior pecado da Sony é o ciclo de 6 meses entre flagships. Se pertence ao grupo de consumidores que adquire algo e o usa até ao final das suas capacidades, então isto pouca lhe importa. Mas se, pelo contrário, gosta de estar a par dos novos equipamentos e ter em seu poder o mais recente equipamento da marca então deve estar bem chateado com a Sony.

Sim porque se, por exemplo, comprou umHTC One M8. Podem nem ser tão bons a nível de especificações, mas pelo menos mantêm a coroa de flagship durante um ano inteiro!

Manter o título de flagship ajuda os equipamentos a manter o valor de revenda. Por exemplo, osXperia, com este ciclo de 6 meses entre novos flagships, vê o seu valor drasticamente reduzido.

Se o objectivo deste ciclo de 6 meses é estarem sempre no topo da inovação e acompanhar este mercado feroz, façam o seguinte. Em Fevereiro lancem o flagship, como o Xperia Z3 compact.

3- Pouca aposta em Marketing e Publicidade

Bom, deixe-me fazer-lhe uma simples pergunta. Quantas vezes viu um anúncio, uma publicidade de um smartphone Sony, seja na televisão, rádio, revistas, jornais, ou qualquer outro meio de comunicação social? Pois...eu também não. Tenho uma leve ideia de ver algures um Sony a ser publicitado.

Reza a lenda que a Sony tem um departamento de Marketing:

Além disso, nunca vi uma Sony Lounge, nem uma cara bonita na flor da idade, a apresentar-nos o novo artigo da Sony. E sinceramente, até a Huawei faz isso. Enfim.

4-Demora entre a apresentação e chegada às lojas.

Este ponto foi especialmente grave para o Xperia Z3 já tinha sido anunciado. Simplesmente fantástico.

Imaginem a seguinte situação, alguém vos mostra algo fantástico, mesmo inovador e que nos deixa com vontade de o comprar logo que possível. Mas não....só passados 1 ou 2 meses é que podem comprar! Isto é uma boa maneira de perder clientes.

Caramba, aprendam com a Apple, esta companhia não é das maiores do mundo só por acaso. Os equipamentos são anunciados numa semana, e poucos dias depois são postos à venda, senão o efémero interesse em investir uma bela quantia evapora-se! Não tenho qualquer formação em marketing, mas isto parece me bastante...básico.

5-Vários modelos intermédios

Excluindo já o Xperia E3. Espero não me estar a esquecer de nenhum mas pretendo apenas ilustrar o vasto rol de equipamentos de gama média, que acabam por ter uma curta vida útil, em termos de actualizações e suporte oficial de software.

Caramba Sony, cinge-te a 1 equipamento de gama média, os Xperia M, um equipamento de gama baixa, Xperia E, e concentra-te nos de gama alta, aí com o fantástico Xperia Z3. Imaginem os custos de criar de raíz um novo equipamento de topo a cada 6 meses? Linhas de produção, engenharia,etc.

Concentra-te em dar a atenção necessária às actualizações e optimizações de software. Assegura pelo menos um ano de suporte oficial e updates pertinentes e sem bugs. Consegues fazer isso, Sony?

Conclusões

A Sony tem, a meu ver, uma mestria dificilmente igualável no que toca à engenharia. A robustez dos seus equipamentos, conjugada com as melhores especificações do mercado, fazem dos seus Xperias uma aposta segura para os seus euros. No entanto, tem que se esforçar muito mais, especialmente com várias marcas emergentes a morder-lhe os calcanhares.

Motorola, citando apenas alguns dos principais concorrentes e que, em última análise, ditaram o fracasso da linha intermédia da Sony, pois ofereciam mais, por menos.

hands-on do Sony Xperia Z3

hands-on do Sony Xperia Z3 Compact:

O que achas dos smartphones da Sony?Quem é que tem um?

Pessoalmente sou um utilizador Xperia, desde o Sola, seguindo-se o Xperia T, Xperia Z, Xperia Z1 e agora o Xperia Z2. Mas sinceramente não estou inclinado a fazer o suposto upgrade para o Xperia Z3, não há nada que o Z2 não tenha. Adoro os artigos mas acho que a gigante japonesa tem ainda, várias arestas a limar.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.