Novo e inovador tratamento do cancro reverte células cancerígenas

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Tempo de leitura: 2 min.

As abordagens convencionais contra o cancro focam-se na eliminação das células nocivas, muitas vezes sacrificando células e tecidos saudáveis. Contudo, investigadores do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST) descobriram uma técnica que permite reverter células cancerígenas para um estado saudável, sem necessidade de as destruir.

Num avanço que pode transformar a forma como o cancro é tratado, a investigação liderada pelo professor Kwang-Hyun Cho propõe um novo paradigma: em vez de destruir as células cancerígenas, estas são "reprogramadas" para regressarem ao seu estado funcional e saudável.

Como funciona a terapia reversível

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Células cancerígenas, células malignas sob o microscópio, ilustração 3D (Imagem: Shutterstock / Kateryna Kon)

O estudo, publicado na revista Advanced Science, foi realizado com células de cancro do cólon e utilizou chaves genéticas específicas para induzir a reversão celular, reduzindo os danos colaterais característicos dos tratamentos tradicionais. O ponto de partida foi um modelo digital que simula a rede genética responsável pelo desenvolvimento celular normal.

Através desta ferramenta, os investigadores identificaram reguladores genéticos críticos, conhecidos como "reguladores mestres", que desempenham papéis essenciais no processo de diferenciação das células intestinais.

Entre os principais reguladores identificados estão as moléculas MYB, HDAC2 e FOXA2. Os investigadores descobriram que, ao suprimir a atividade destas moléculas nas células de cancro do cólon, é possível reverter as células para um estado normal, eliminando o risco de cancro sem destruir a matéria celular.

Os resultados foram validados através de experiências digitais, testes moleculares e estudos com ratos, demonstrando que esta reversão celular é sistematicamente possível.

Expansão do método para outras áreas

Para além das células de cancro do cólon, o programa de modelação digital foi utilizado para identificar reguladores genéticos na região do hipocampo em ratos. Nesta área, foram descobertos 4 reguladores mestres: 2 associados à superexpressão celular e 1 responsável pela inibição do processo de diferenciação.

A ferramenta de modelação digital desenvolvida pela equipa do KAIST abre caminho para novas formas de compreender e tratar diferentes tumores em todo o corpo, uma vez que a descoberta tem potencial para ser aplicada na reversão do cancro cerebral e de outros tipos de cancro.

"O facto de que células cancerígenas podem ser convertidas de volta em células normais é um fenómeno surpreendente. Este estudo prova que tal reversão pode ser induzida sistematicamente", afirmou o professor Kwang-Hyun Cho, da KAIST, conforme noticiado pela página New Atlas.

Mais do que um avanço pontual, a investigação introduz o conceito de terapia reversível do cancro, uma abordagem que promete transformar o tratamento oncológico ao focar na restauração celular em vez da destruição.

Além disso, a metodologia desenvolvida pela equipa estabelece uma base tecnológica fundamental para identificar alvos genéticos capazes de reverter células cancerígenas. Esta análise detalhada das trajetórias de diferenciação celular normal oferece uma nova perspetiva para terapias mais seguras e eficazes no combate ao cancro.

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e especializou-se a produzir conteúdos e tutoriais sobre aplicações e tecnologia. Consumidora de streamings e redes sociais, adora descobrir as novidades do mundo.