A Nothing voltou a dar sinais claros de que quer mudar a forma como usamos o telemóvel. Em vez de falar diretamente do Nothing Phone (3), a marca liderada por Carl Pei está a olhar para algo maior: um futuro em que as aplicações deixam de ser o centro da experiência e dão lugar a uma interface mais direta, personalizada e guiada por inteligência artificial.
Segundo a empresa, esse “mundo pós-aplicações” já começou a ganhar forma e não deverá demorar muito a chegar aos smartphones.
Um mundo pós-aplicações começa na interface
A visão foi partilhada por Rohit Pakalapati, antigo CBO e atualmente ligado à área de Marketing de Produtos de Software da Nothing, num artigo publicado na X com o título "Um Mundo Pós-Aplicativos é Essencial".
O ponto de partida é simples. A forma como usamos os telemóveis praticamente não mudou em anos. Abrir uma app, fazer uma tarefa, fechar e repetir.
"O padrão de "abrir aplicação, concluir tarefa, fechar aplicação" já não parece natural. Parece pesado. Lento. Quase pré-histórico. A IA tornou essa fricção visível. E uma vez que a vês, não consegues mais ignorá-la. É aqui que começa a ideia de um mundo pós-aplicações."
Para a Nothing, a inteligência artificial veio expor as limitações deste modelo. Em vez de aplicações fechadas em ícones, a proposta passa por transformar o ecrã inicial no verdadeiro centro de controlo do sistema.
Widgets deixam de ser acessórios e passam a ser ferramentas completas
Neste cenário pós-aplicações, os widgets assumem um papel central. Deixam de ser simples atalhos informativos e passam a substituir as próprias apps. Um widget de meteorologia deixa de encaminhar para uma aplicação do tempo e passa a cumprir todas as funções ali mesmo. O mesmo acontece com notas, música ou agenda.
"Num mundo pós-aplicações, tu não entras num software. Tu interages com a interface. O ecrã inicial deixa de ser uma plataforma de lançamento e se torna o próprio sistema operativo. Os recursos de que precisas estão nela. Permanecem ativos. Respondem aos teus comandos. Não ficam escondidos atrás de uma parede de ícones."
Na prática, isto significa menos passos, menos distrações e uma experiência mais fluida. Algo que faz sentido num contexto em que o telemóvel é usado constantemente para tarefas rápidas ao longo do dia.
Personalização total com ajuda da inteligência artificial
Outro pilar desta visão é a personalização extrema. A Nothing defende que uma interface igual para todos já não faz sentido num mundo impulsionado pela inteligência artificial. Cada utilizador deverá ter um layout próprio, adaptado aos seus hábitos, rotinas e forma de pensar.
"Eventualmente, cada pessoa terá sua própria interface. Seu próprio layout. Sua própria disposição de superfícies. Seu próprio fluxo de trabalho. Seu próprio modelo mental traduzido diretamente para o dispositivo. O software se torna pessoal em vez de universal. Constróis a tua própria casa, em vez de viver na de outra pessoa. Essa é a mudança mais importante de todas."
Aqui, a IA funciona como o motor invisível que aprende com o utilizador e ajusta a experiência ao longo do tempo. O impacto prático é claro. Menos tempo perdido à procura de apps e mais foco naquilo que realmente interessa.
A mudança já começou, mas ainda há um caminho a percorrer
Para Rohit Pakalapati, esta transformação não é ficção científica. É uma evolução natural da computação pessoal, onde as aplicações se transformam em superfícies e a experiência do utilizador passa a ser o verdadeiro produto.
"A inteligência artificial se torna a cola invisível que mantém tudo unido. [...] O mundo pós-aplicações está a chegar."
Ainda assim, a própria Nothing reconhece que estamos longe de uma transição completa. As aplicações continuam a ser fiáveis, potentes e altamente otimizadas. O mundo pós-aplicações pode estar no horizonte, mas a sua adoção em massa vai depender de como estas novas interfaces conseguem provar, no dia a dia, que são realmente mais rápidas, mais simples e mais úteis.
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