A Xiaomi tem na sua interface MIUI uma das personalizações mais completas do sistema operativo Android, revestindo praticamente todos os aspetos deste SO com mais funcionalidades para os utilizadores. Em todo o caso, a segurança sempre foi um dos vetores desta UI (user interface) com várias verificações e camadas de isolamento específicas.
São vários os fatores que tornam a MIUI uma das interfaces mais seguras no universo Android e, aparentemente, a app de mensagens e comunicações instantâneas Telegram não passou no teste. Com efeito, no seu país natal da China a Telegram foi sinalizada como maliciosa pela UI da Xiaomi e, desse modo, bloqueada.
Segurança adicional ou censura prévia pela MIUI da Xaomi?
Importa recordar que a Xiaomi atribuiu à MIUI a capacidade de verificar as novas aplicações instaladas no smartphone, operando uma verificação de segurança desde o início.
Ora, as aplicações que a MIUI considere inseguras ou maliciosas são rapidamente bloqueadas pela interface, garantindo assim a segurança de qualquer utilizador, por mais distraído que este seja.
Porém, este mesmo controlo prévio de segurança obedece a critérios definidos exclusivamente pela Xiaomi e, como tal, sem questionar a sua utilidade, começa a ser questionada a sua idoneidade. Estará a Xiaomi a alterar os critérios de bloqueio a pedido de terceiros?
Terá o PCC e o aparelho estatal chinês uma última palavra neste controlo no acesso a apps legítimas e fidedignas? É precisamente esta a questão que ora se levanta perante o bloqueio da app Telegram, disponível na maioria dos países, sem entraves.
Telegram sinalizada como app maliciosa na China
Uma vez que a MIUI sinalizou a Telegram como aplicação não fidedigna na China, a sua utilização nesse país está agora em risco, ou melhor, já condicionada. São já vários os relatos oriundos da China em que os utilizadores se queixam de estarem impedidos de usar a aplicação nos seus smartphones Xiaomi.
Mais concretamente, a MIUI da Xiaomi estará a negar, ou simplesmente barrar a sua instalação, além de a remover silenciosamente, sem notificar o utilizador de tal. São, naturalmente, acusações graves que roçam efetivamente a censura prévia.
A situação foi igualmente exposta pela publicação Bleepingcomputer, que evoca as críticas à Xiaomi pelas suspeitas de ação coordenada com o PCC e demais entidades estatais. Na prática, lançam-se suspeitas sobre uma vigilância das aplicações usadas e instaladas pelos utilizadores dentro das fronteiras da China.
China estará a apertar o garrote às aplicações de comunicação online
A publicação já terá confirmado esta ocorrência junto de um programador local que deu conta desta prática no seu país. Em causa estará a mais recente vaga de repressão governamental e esforços no sentido de limitar a liberdade de expressão e privacidade pessoal na China.
Mais ainda, segundo alguns relatos não verificados junto de comunidades no Telegram, as tentativas de contornar este bloqueio podem, inclusive, ser comunicadas à polícia chinesa.
Trata-se de uma manobra, caso se verifique, pouco surpreendente. O histórico da China em restringir o acesso a websites estrangeiros, a filtrar palavras-chave e aplicar uma pesada máquina de vigilância estatal são já do conhecimento comum.
Em todo o caso, esta nova medida é um claro sinal do escalar dos esforços governamentais ao classificar uma aplicação como "perigosa" e "maliciosa". A Telegram já não tem espaço na China. Resta saber qual será a próxima plataforma a sofrer o mesmo destino.
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