O Microsoft Teams está prestes a receber uma funcionalidade que promete gerar discussão: a plataforma vai conseguir identificar automaticamente o edifício onde cada funcionário está, usando apenas a ligação Wi-Fi do escritório.
A novidade, prevista para janeiro de 2026, pode facilitar a coordenação interna, mas também levanta preocupações sobre privacidade e sobre até que ponto as empresas poderão usar esta informação para reforçar o controlo presencial.
O que vai mudar no Microsoft Teams
Segundo a própria Microsoft, o Teams vai passar a “atualizar automaticamente o seu local de trabalho” assim que o utilizador se ligar ao Wi-Fi da empresa. A ferramenta chegará às versões de Windows e macOS e já está listada no Roadmap do Microsoft 365 sob o ID 488800.
Do ponto de vista técnico, o processo é simples: o Teams identifica a rede interna e atualiza a localização dentro da organização. Por fora, porém, a mudança pode dar aos gestores uma visão muito mais clara de quem está efetivamente no escritório. Em teoria, isto ajuda a coordenação entre equipas; na prática, pode aproximar-se de uma forma de vigilância constante.
Apesar da polémica, há um detalhe importante: esta atualização de localização vem desativada por padrão. Caberá aos administradores decidir se querem ativar o sistema e, se o fizerem, podem exigir que os trabalhadores também adiram ao recurso. Assim que um funcionário se liga ao Wi-Fi empresarial, o administrador recebe a informação do edifício correspondente.
Impacto na produtividade e no retorno ao escritório
Para alguns trabalhadores, esta camada extra de transparência pode reduzir a flexibilidade criada pelo trabalho remoto. O Teams, tal como outras aplicações de videoconferência, tornou possível trabalhar a partir de casa ou de outros espaços, o que ajudou muitas pessoas a equilibrar a vida profissional com a pessoal.
Estudos recentes mostram que os trabalhadores mais produtivos chegam a descansar cerca de duas horas e meia durante um dia de trabalho de 8 horas, algo possível justamente pela autonomia que este modelo proporciona. Há pesquisas ainda que indicam que muitos funcionários preferem aceitar cortes salariais ou até pedir demissão a regressar ao regime 100% presencial.
Outras sugerem que a produtividade é maior em casa, sobretudo quando se evita a “jornada de trabalho infinita”, um fenómeno também descrito em estudos da Microsoft, onde a carga laboral se estende para além do horário normal devido a notificações e reuniões constantes.
Monitorização em tempo real?
Apesar de o Teams já incluir uma opção para definir o local de trabalho manualmente, analistas acreditam que a Microsoft possa estar a preparar um nível superior de monitorização.
O Tom’s Guide sugere que esta atualização pode evoluir para rastreamento quase em tempo real, uma funcionalidade que certamente aumentaria ainda mais a controvérsia entre trabalhadores e empresas.
Em Portugal, como em qualquer país da União Europeia, estas funcionalidades continuam obrigadas a respeitar a Lei do Trabalho e os princípios de proteção da privacidade. Monitorização sem consentimento ou fora do âmbito legal não é permitida, e será interessante perceber como cada empresa vai interpretar a novidade.
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