O crescimento exponencial das tecnologias de Inteligência Artificial trouxe aos gigantes tecnológicos um verdadeiro desafio energético, obrigando-os a dar resposta às enormes quantidades de energia necessárias para alimentar os datacenters usados no treino dos Large language Models (LLM).
São já várias as empresas de tecnologia a defender o uso deste tipo de energia ‘limpa’, ou com projetos em curso para as usar, mas quando é a Microsoft a estar perto de concretizar a utilização do nuclear nos seus datacenters, provavelmente estaremos mesmo à beira de um novo paradigma.
O acordo celebrado hoje entre o gigante de Redmond e a operadora de centrais nucleares Constellation Energy, nos EUA, é a peça que faltava para confirmar a tendência.
Antiga central acidentada vai ser reativada
O TechCrunch avança que o acordo celebrado pela Microsoft tem a duração de 20 anos, abrangendo a compra de toda a energia gerada pela central nuclear Three Mile Island, localizada a 16 Km da cidade de Harrisburg, no estado da Pensilvânia.
A Constellation Energy compromete-se a realizar um investimento de 1.6 mil milhões de dólares para reativar o reator da Unidade 1 da central, encerrado em 2019 por falta de viabilidade económica. Depois de restaurado, o reator terá uma capacidade de 835 megawatts.
A fábrica possui um segundo reator nuclear, famoso pelas piores razões, já que no longínquo ano de 1979 sofreu um derretimento parcial do núcleo. Na altura o acidente não provocou a libertação massiva de radiação, mas levou ao fecho imediato do reator, que permanece em estado de ‘armazenamento seguro’.
Segundo a mesma fonte, os termos financeiros do negócio não foram ainda divulgados e a Microsoft recusou, para já, fazer comentários.
No entanto, em comunicado o CEO da Constellation, Joe Dominguez, defendeu a utilização do nuclear como fonte abundante de “energia isenta de carbono e fiável a cada hora de cada dia”, afirmando que as “centrais nucleares são as únicas fontes de energia que podem cumprir consistentemente esta promessa”.
A central será remomeada Crane Clean Energy Center e deverá criar cerca de 3.400 postos de trabalho, diretos e indiretos.
Concorrência também aposta no Nuclear
Além da Microsoft, vários gigantes tecnológicos têm também na mira a energia nuclear como forma de alimentar os seus datacenters que treinam modelos de IA.
Em março passado a Amazon adquiriu por 650 milhões de dólares um datacenter movido a energia nuclear na Pensilvânia centros de dados de IA. E empresas como a OpenAI e a Alphabet afirmaram terem planos para alimentar os seus datacenters exclusivamente com 'energia verde’.
Segundo o TechCrunch, citando a Bloomberg, a próxima geração de datacenters das grandes tecnológicas poderá ser responsável pelo consumo combinado de 508 terawatts-hora de eletricidade por ano - mais do que a eletricidade total produzida na Austrália num ano.