O primeiro teste da Microsoft a mergulhar bases de dados em alto mar foi em 2018, na Escócia, mais especificamente no Mar do Norte.
Dois anos depois, em 2020, especialistas retiraram do mar o centro de dados coberto de moluscos marinhos, para determinar como este se aguentou nas profundezas do mar Escocês.
Projeto Natick: A Odisseia da Microsoft no Mar do Norte
Com uma multiplicidade de resultados positivos, a gigante de tecnologia tomou a decisão de continuar com estes testes. Apostaram, assim, numa recolha ainda mais completa de dados para o projeto.
Quatro anos passaram e, recentemente, a empresa anunciou que encerrou todas as suas fases de experimentação com estes servidores. A Microsoft removeu todas as suas bases subaquáticas ainda em serviço, e está agora no processo de estudo e análise dos dados recolhidos.
Estes testes fazem parte do cumprimento do Projeto Natick, uma iniciativa que visa compreender os benefícios e as dificuldades da implantação de centros de dados submarinos ao longo de zonas costeiras.
Eficiência subaquática e conclusão do projeto
Enquanto os humanos necessitam de oxigénio e boas temperaturas, bases de dados têm outras exigências. Quase 40 metros submergidos, estes centros de dados mantiveram-se, alguns deles, seis anos sem qualquer fluxo de oxigénio dentro da sua cápsula, sendo substituído por nitrogénio seco.
Os resultados partilhados até agora pela empresa revelam-se muito interessantes. Um dos mais relevantes é o facto de que estes centros de dados tiveram um oitavo do rácio de falha comparado com bases terrestres.
Apesar dos resultados parecerem promissores, a Microsoft não tenciona continuar com os testes, e partilhou alguns detalhes com a Data Center Dynamics sobre o porquê deste encerramento:
"Não irei construir centros de dados submarinos em nenhum lugar do mundo - A minha equipa trabalhou (no projeto), e funcionou. Aprendemos muito sobre operações abaixo do nível do mar, vibrações e impactos no servidor. Por essa razão, iremos aplicar essas aprendizagens noutros casos" - Noelle Walsh, Vice Presidente Corporativa da equipa de inovação da Microsoft Cloud Operations+
Embora a Microsoft não possua, de momento, quaisquer centros de dados subaquáticos, esta pretende utilizar o Projeto Natick como uma plataforma de investigação. Noelle Walsh ofereceu também algumas informações sobre o futuro do experimento:
"Embora não tenhamos atualmente centros de dados dentro de água, continuaremos a utilizar o Projeto Natick como uma plataforma de investigação para explorar, testar e validar novos conceitos em torno da fiabilidade e sustentabilidade dos centros de dados, por exemplo, com imersão em líquidos."
Existe uma hipótese muito realista da Microsoft usar estas descobertas para melhorar os seus centros de dados noutros ambientes.
Uma necessidade crescente de data
Aprendizagens do Projeto Natick e outros experimentos tornar-se-ão cada vez mais importantes no futuro próximo. A procura de centros de dados à escala global é cada vez maior, e a perspetiva é de aumentar ainda mais com o tempo.
Com o crescimento da Inteligência Artificial, o problema agrava-se ainda mais. A grande maioria do processamento de dados relacionado com AI é feito em cloud, criando uma procura ainda maior por centros de dados.
Naturalmente, a IA está longe de ser o único tipo de tecnologia que aumenta esta procura. Usar serviços de Cloud, jogar videojogos online e até mesmo pesquisar na Web exige centros de dados.
Os centros de dados necessitam de energia e manutenção para funcionar. Reduzir a quantidade de energia necessária para os centros de dados pode ser um grande passo na gestão de grelhas de energia e contribuir para uma melhor distribuição de recursos para outros serviços e dispositivos