A entrada da DIGI no mercado português de telecomunicações, com a sua oferta agressiva de fibra de 1Gbps a 10 €, veio claramente 'abanar' dos operadores estabelecidos. Um gráfico recente da DECO PROTeste documenta de forma visual e bastante clara a "dança" dos preços da MEO, NOS, Vodafone e das suas respetivas marcas low-cost (UZO, WOO, Amigo) para o serviço de internet fixa de 1Gbps, antes e depois da chegada da nova concorrente.
E o que se vê a partir de um certo ponto é um alinhamento de preços que levanta, no mínimo, algumas sobrancelhas. Olhando para o gráfico, que cobre o período de novembro de 2024 a maio de 2025, o cenário pré-DIGI era um. A MEO e a NOS praticavam preços pela fibra de 1Gbps que rondavam os 40-42 €, com a Vodafone a posicionar-se um pouco abaixo, perto dos 37 €.
Nas marcas ditas low-cost, a UZO e a WOO e Amigo andavam pelos 30 €. Mas acabariam por descer os valores para imediatamente antes da chegada da DIGI. A NOWO (antes de ser totalmente integrada na esfera DIGI) também estava nos 30 €.
"Big Bang" deu-se com a entrada da DIGI
Depois, no final de novembro/início de dezembro de 2024, acontece o "big bang". A DIGI entra no mercado com a sua oferta de 1Gbps simétrico por apenas 10 €. O impacto, segundo o gráfico da DECO PROTeste, foi quase imediato.
A NOS e a Vodafone foram as primeiras dos "três grandes" a reagir, com descidas acentuadas nos seus preços para a casa dos 30 €. A MEO resistiu um pouco mais, mas acabou por seguir a mesma tendência. No universo low-cost, a UZO, a WOO e a Amigo também fizeram ajustes significativos em baixa, todas na casa dos 15 €.
O mais curioso, e o que está a gerar discussão online, já que o título do post no Reddit é, aliás, "Concertação de preços?". Isto é o que acontece a partir de março de 2025. O gráfico mostra uma estabilização, mas com um alinhamento quase perfeito.
A EO, NOS e Vodafone passam a praticar preços virtualmente idênticos pela fibra de 1Gbps, todos a pairar ligeiramente acima dos 30 €. Nas suas submarcas UZO, WOO e Amigo, a história repete-se, com uma paridade total nos 15 €. Enquanto isto, a linha da DIGI mantém-se inalterada nos seus 10 €.
Esta uniformização de preços entre os operadores tradicionais e entre as suas marcas secundárias, em patamares ainda significativamente superiores aos da DIGI, 50% a 200% mais caros, respetivamente, é o que está a alimentar a especulação dos consumidores sobre uma possível coordenação de mercado.
Na melhor das hipóteses, uma reação estratégica muito bem calibrada e observada entre concorrentes. Sem fazer juízos de valor, os dados visuais apresentados pela DECO PROTeste são, no mínimo, um excelente ponto de partida para uma discussão interessante sobre a dinâmica competitiva no setor das telecomunicações em Portugal.
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