Ao que tudo indica, a Inteligência Artificial (IA) poderá começar a ter uma grande importância na conceção de medicamentos. Numa empresa farmacêutica, chamada Eli Lilly, já se usa IA generativa para pesquisar moléculas.
Espera-se que as capacidades de IA consigam fazer em 5 minutos o que os métodos tradicionais conseguem num ano. Ainda que as capacidades sejam muitas, fica uma questão sempre por responder: apesar da velocidade, será que os resultados serão satisfatórios?
É possível que haja medicamentos 100% fabricados através de IA
Numa fase inicial, esperava-se que os cientistas da Lilly recusassem a implementação da IA. No entanto, o que é facto é que estes ficaram surpreendidos com o seu potencial tecnológico. Um dos cientistas compara o uso de IA a uma espécie de “epifania”.
“Sempre falamos em treinar as máquinas, mas outra arte é onde as máquinas produzem ideias baseadas num conjunto de dados que os humanos não seriam capazes de ver. Isto estimula ainda mais a criatividade, abrindo caminhos no desenvolvimento da medicina que os humanos não teriam explorado de outra forma” - refere Diogo Rau (via CNBC).
No entender de muitos especialistas, é bem possível que, daqui a pouco tempo, haja medicamentos 100% fabricados através de IA. Há quem considere, inclusive, que essa possa ser a norma, muito em breve.
Para Kimberly Powell, vice-presidente de saúde da Nvidia, é possível estabelecer um paralelismo entre o Chat GPT e esta nova forma de pensar a indústria farmacêutica.
Como o próprio refere, os sistemas também são treinados em “cada livro, cada página da web, cada documento PDF”. Assim, é possível aglomerar numa IA todo o conhecimento existente, que pode ser útil à conceção de medicamentos.
O que agora demora anos, em breve poderá demorar meses a descobrir
A ser implementada esta nova tecnologia, poderia acontecer um natural afastamento dos métodos que conhecemos. Acredita-se que o uso de IA pode poupar muito tempo e culminar com o mais importante de tudo: resultados superiores.
Com base num estudo da Nature, Powell destaca a diferença enorme entre o tempo de descoberta para os medicamentos. Na prática, este considera que aquilo que antes demorava muitos anos, agora poderá ser obtido em poucos meses.
Outro aspeto que se destaca é a capacidade que a IA poderá ter em descobrir o que antes era inexistente. Na prática, os especialistas na área consideram que esta conseguirá encontrar novas proteínas que jamais ouvimos falar.
Nesse sentido, um estudioso e pós-doutorado da Universidade do Texas, Daniel Diaz, acredita que a IA terá dois focos principais. O primeiro é descobrir moléculas. O segundo, na sua ótica mais importante, está no desenvolvimento de novos produtos biológicos (via CNBC).
De momento, o período é de estudos e ensaios. No entanto, o potencial da IA no mundo farmacêutico depende de um grande fator: os resultados em testes com seres humanos. Por isso mesmo, ainda é preciso encontrar “provas concretas”, como refere Powell.
De qualquer forma, as expectativas dentro da comunidade científica são bastante boas.